Como sempre, tenho escolhido um tema para reflexão da manhã, da noite, da tarde ou em qualquer momento do dia. Tem sido de grande valia reforçar-me à medida que retorno aos antigos textos da minha formação básica, donde venho me apoiando para fincar as bases de um pensamento próprio, sem a pretensão da originalidade, ao que eu possa fazer essa base autêntica, minha. Sempre, com isso, me aproximo dos grandes clássico.
Aqui, uma reflexão de Epictetus:
“[1.1] Das coisas existentes, algumas
são encargos nossos; outras não. São encargos nossos o juízo, o impulso, o
desejo, a repulsa – em suma: tudo quanto seja ação nossa. Não são encargos
nossos o corpo, as posses, a reputação, os cargos públicos – em suma: tudo
quanto não seja ação nossa.
[1.2] Por natureza, as coisas que são
encargos nossos são livres, desobstruídas, sem entraves. As que não são
encargos nossos são débeis, escravas, obstruídas, de outrem.
[1.3] Lembra então que, se pensares
livres as coisas escravas por natureza e tuas as de outrem, tu te farás
entraves, tu te afligirás, tu te inquietarás, censurarás tanto os deuses como
os homens. Mas se pensares teu unicamente o que é teu, e o que é de outrem,
como o é, de outrem, ninguém jamais te constrangerá, ninguém te fará
obstáculos, não censurarás ninguém, nem acusarás quem quer que seja, de modo
algum agirás constrangido, ninguém te causará dano, não terás inimigos, pois
não serás persuadido em relação a nada nocivo.
[1.4] Então, almejando coisas de
tamanha importância, lembra que é preciso que não te empenhes de modo comedido,
mas que abandones completamente algumas coisas e, por ora, deixes outras para
depois. Mas se quiseres aquelas coisas e também ter cargos e ser rico, talvez
não obtenhas estas duas últimas, por também buscar as primeiras, e
absolutamente não atingirás aquelas coisas por meio das quais unicamente
resultam a liberdade e a felicidade.
[1.5] Então pratica dizer prontamente
a toda representação bruta: “És representação e de modo algum o que se
afigura”. Em seguida, examina-a e testa-a com essas mesmas regras que possuis,
em primeiro lugar e principalmente se é sobre coisas que são encargos nossos ou
não. E caso esteja entre as coisas que não sejam encargos nossos, tem à mão
que: “Nada é para mim”.”
______.
EPICTETO. Encheirídion. (Edição Bilíngue).
Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão:
Universidade Federal de Sergipe, 2012. 96 p
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