"A 'natureza pura', a
'consciência pura', o materialismo, o idealismo e até mesmo o dualismo eram
ficções úteis; sob sua guarda foram e ainda serão alcançados importantes
conhecimentos. Mas uma hora ter-se-á que nadar livremente e arriscar o mergulho
em águas profundas. Não é certamente seguro apostar que o possamos fazer. Mas a
afirmação de que as 'questões últimas' ali encontradas, uma vez que não podem
esperar uma resposta demonstrável, sejam por isso sem sentido (como se ouve às
vezes), não deve ser levada a sério... Naturalmente, toda tentativa de espalhar
sal no rabo do enigma do universo acaba necessariamente por cair em descrédito,
mas há que se arriscá-la sempre novamente, e a cada nova vez como uma aventura
diferente e única, mitigada pelo consolo de que pelo menos, ao assim se fazer,
se encontra em boa companhia - na melhor de todas as companhias, inclusive:
aquela da 'philosophia perenis' "
______.
(JONAS, Hans. Materie, Geist und Schöpfung: Kosmologischer
Befund und kosmogonische Vermutung. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 1988)
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