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“Olhe, diziam os pitagóricos, para o
céu desde o amanhecer a fim de que nos rememoremos dos entes que cumprem suas
ações sempre da mesma maneira — de sua ordem, de sua pureza, de sua nudez: pois
não há véu nenhum a encobrir um astro. (MARCO AURÉLIO. Meditações.
XI : 27)”
Em meio aos afazeres, pensando na
reflexão matinal, li uma referência de Epicteto a um certo exercício, típico da escola dos pitagóricos, conforme o que Hadot
chama de “exercícios espirituais” e
já registrei aqui, de um artigo do prof. Aldo Dinucci sobre essa expressão, que
dever entendida como “O
primeiro e mais necessário tópico da filosofia [...] aplicação dos princípios
[...]" (Encheirídion. 52:1)
No caso, da escola pitagórica, os estoicos adotaram, portanto, a reflexão matinal, uma
preparação para o dia que surge e aplica-se aos dias seguintes, por toda vida.
O prokopton, ao levantar-se pela manhã deverá ter sempre essa meta.
Nunca o aspirante à sabedoria, deverá ter outras coisas em mente quando o
dia começa, e ocupar-se com os tà eph’hēmîn, ou seja, com o
encargos que sejam verdadeiramente nossos.
Durante todo dia, todos os dias, a meta
deverá ser a disciplina interior, a meta a que deve dedicar o seu tempo, os que
pretendem alcançar sabedoria.
Para começar, toda manhã, ao
despertar, pergunte-se o prokopton: o que, na verdade,
deve ser o foco para alcançar a ataraxia?
Ora:
Esse
homem se levanta pela manhã e procura alguém a quem dirigir uma saudação ao
sair de casa, alguém a quem dizer uma coisa amável, alguém a quem enviar um
presente, um modo agradar ao dançarino, um modo de, agindo mal com uma pessoa,
ganhar as boas graças de outra. Quando ele faz uma prece, é esse o objetivo de
suas preces. Quando ele oferece um sacrifício, é por isso que ele o faz. (EPICTETUS. Diatribes,
IV, 6: 31-32)
DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra,
2014.
EPICTETO. Entretiens. Livre
I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.
______. O
Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São
Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)
______. Testemunhos
e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão:
EdiUFS, 2008.
EPICTETUS. The Discourses
of Epictetus as reported by Arrian; fragments;
Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928. https://www.loebclassics.com/
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London:
Harvard University Press, 2001.
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