sexta-feira, 17 de maio de 2019

REFLEXÃO MATINAL XXXV: MANHÃ DO PROKOPTON

(IMAGEM: Pinterest")

“Olhe, diziam os pitagóricos, para o céu desde o amanhecer a fim de que nos rememoremos dos entes que cumprem suas ações sempre da mesma maneira — de sua ordem, de sua pureza, de sua nudez: pois não há véu nenhum a encobrir um astro. (MARCO AURÉLIO. Meditações.  XI : 27)”


Em meio aos afazeres, pensando na reflexão matinal, li uma referência de Epicteto a um certo exercício, típico da escola dos pitagóricos, conforme o que Hadot chama de “exercícios espirituais” e já registrei aqui, de um artigo do prof. Aldo Dinucci sobre essa expressão, que dever entendida como “O primeiro e mais necessário tópico da filosofia [...] aplicação dos princípios [...]" (Encheirídion. 52:1)

No caso, da escola pitagórica, os estoicos adotaram, portanto, a reflexão matinal, uma preparação para o dia que surge e aplica-se aos dias seguintes, por toda vida. O prokopton, ao levantar-se pela manhã deverá ter sempre essa meta.

Nunca o aspirante à sabedoria, deverá ter outras coisas em mente quando o dia começa, e ocupar-se com os tà eph’hēmîn,  ou seja, com o encargos que sejam verdadeiramente nossos.

Durante todo dia, todos os dias, a meta deverá ser a disciplina interior, a meta a que deve dedicar o seu tempo, os que pretendem alcançar sabedoria.

Para começar, toda manhã, ao despertar, pergunte-se o prokopton: o que, na verdade, deve ser o foco para alcançar a ataraxia? Ora:

Esse homem se levanta pela manhã e procura alguém a quem dirigir uma saudação ao sair de casa, alguém a quem dizer uma coisa amável, alguém a quem enviar um presente, um modo agradar ao dançarino, um modo de, agindo mal com uma pessoa, ganhar as boas graças de outra. Quando ele faz uma prece, é esse o objetivo de suas preces. Quando ele oferece um sacrifício, é por isso que ele o faz. (EPICTETUS. Diatribes, IV, 6: 31-32)

______.
DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.
EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.
______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)
______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.
EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.



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