terça-feira, 4 de junho de 2019

REFLEXÃO MATINAL XXXVIII: ATENÇÃO "DE SI PARA SI"

(IMAGEM: Pinterest)

PROSOCHÉ

Sempre atento, ressalte-se, a não cair em raciocínios vazios ou “piegas”, como dizem alguns sobre os que não são ou deixaram de ser amargos. Entre estes, os que defendem ainda que estudar, ler, refletir conduzem a uma postura existencial, de onde não veem solução para o mundo ou possibilidade de uma vida de tranquilidade e profundas reflexões e que consideram tal postura como mais comum a quem "pensa". Trata-se aqui, para mim, abandonar a ideia de que "pensar dói". A bem da verdade, não é mesmo tarefa fácil, mas não justifica nem deve fundamentar um pessimismo perante a vida. Atenção “de si para si”; um bom primeiro passo.

“The soul is like a vessel filled with water; and impressions are like a ray of light that falls upon the water. If the water is disturbed, the ray will seem to be disturbed likewise, though in reality it is not. Whenever, therefore, a man is seized with vertigo, it is not the arts and virtues that are confounded, but the spirit in which they exist; and, if this comes to rest, so will they likewise” (Epictetus)

"A alma é como uma tigela com água e nossas percepções são como os raios de luz sobre a água. Quando a água está turbulenta, parece que a própria luz também se move, mas ela não se moveu. Quando uma pessoa perde a cabeça, não são as virtudes ou as habilidades que estão turbulentas, mas o espírito no qual elas existem, e quando o espírito se acalma, tudo se acalma." (Epictetus)

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“As coisas envolvem-se, por assim dizer, em tal obscuridade que muitos filósofos, e não dos medíocres, as consideraram incompreensíveis. De resto, os próprios estoicos as julgam difíceis de conhecer. O nosso entendimento é sujeito a variações: qual é o homem que nunca mudou de ideias? E agora encara os próprios objetos: são de pouca duração, vis e estão sujeitos a cair em mãos de cortesãs, de debochados, de ladrões. — Depois considera os costumes dos teus companheiros: o mais indulgente mal pode suportá-los, para não dizer que poucos ou nenhuns se suportam a si mesmos. No meio destas trevas e sujidades, na corrente impetuosa da matéria e do tempo, do movimento e das coisas movidas, que haverá suscetível de estima ou digno de ser procurado? Não vejo coisa alguma. Pelo contrário, é preciso, consolando-nos a nós mesmos, a dissolução natural e não nos impacientarmos com a demora, descansando sobre estes dois pensamentos: primeiro, que nada nos acontecerá que não seja conforme à natureza universal; segundo, que nos é dado o poder de nada praticar contra Deus ou contra a nossa consciência: porque ninguém nos pode obrigar a desobedecer-lhes.”
(Grifos meus)
______.
MARCO AURÉLIO. Meditações. (texto proposto por Donato Ferrara, na tradução de Virgínia de Castro e Almeida). Livro V : 10.

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