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"Não queiras que os acontecimentos aconteçam
como queres, mas quere que os acontecimentos aconteçam como acontecem, e terás
vida plena" (Musônio Rufus)
Meditava, há pouco sobre se o Estoicismo não é mera "autoajuda". Percebi, interessado na temática, embora já tenha adotado um
referencial principal há muito tempo, que se analisamos as referências todas
tidas como autoajuda teremos um certo “padrão”.
Há entre essas obras as que ensinam que a todos, tudo é possível de se realizar, basta que
empreenda. E, numa outra direção: as que recomendam resignação perante os insucessos e
desditas.
No entanto, vivemos numa sociedade imediatista que defende, valoriza e divulga os que “fazem
sucesso”. Há até administradores para contas de redes sociais para mediar o
alcance dessa influência ou tornar um determinado sujeito ou instituição aceito
e popular: os "influencer".
Uma guinada, do ponto de vista pessoal, na compreensão da vida
dever ser operada, no entanto. É o que tenho estudado e escrito por aqui: “de
mim para mim”
Primeiro, um distanciamento das
propostas mercadológicas de sucesso rápido é o passo inicial. A dedicação e
atenção (prosoché - προσοχῆς) ao tempo e disposição para uma reviravolta e olharmos para dentro, para
um autoconhecimento. Já houve um tempo em que se entendia a obra dos estoicos como
autoajuda; ora, se for, temos uma autoajuda de uma qualidade imprescindível.
Exatamente por apresentar uma proposta de olhar para dentro. Diz Musônio Rufo a alguém que se sentia cansado e derrotado::
“Por que estás parado?
Pelo que esperas? Que o próprio Deus, estando ao teu lado, dirija-te a palavra?
Corta a parte morta da tua alma, e conhecerás Deus”.
A consequência desse "despertar", lido em Epicteto é aquele primeiro passo dito acima. Portanto:
Ser
estoico, afinal, o que é? Do mesmo modo
que chamamos “fidíaca” a estátua modelada segundo a arte de Fídias, mostrai-me
igualmente um ser humano enfermo e feliz, em perigo e feliz, desprestigiado e
feliz. Mostrai-me. Pelos deuses! Desejo ver um estoico.
(EPICTETO. D. 2.19.23-27).
Talvez, não ser um estoico mas revisitar as obras clássicas: desafio posto e mantido.
ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion. Edição
Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos
e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de
Sergipe, 2012.
DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.
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EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.
______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)
______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.
EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928. https://www.loebclassics.com/
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.
______. P. O que é filosofia antiga? Trad. Dion Davi Macedo. 6 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2014
MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Livro II. 1)
SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.
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