"Meu
único medo é fazer algo contrário à natureza humana ; a coisa errada, do jeito
errado, ou no momento errado." (Meditações. VII.20)
Para a típica forma de pensar e
filosofar dos estoicos, aplicado a quem se pretenda adotar um tipo de filosofia, que pretenda filosofar, ressalte-se, haveria, em nós, algo que se preserva em certa medida na
execução do pensamento lógico universal, e dessa forma estaria garantida uma
coerência e um equilíbrio que auxiliariam na tarefa de cada ser humano no exercício prático e constante de tornar-se a cada dia uma pessoa melhor; uma boa pessoa
que segundo o que diz Epictetus, e,
exatamente, por haver uma essência, esta deve ser preservada em nós como uma
centelha interior que não pode se extinguir.
As nossas ações, no entanto, devem ser pensadas e direcionadas de certa forma ao bem comum sob pena de ela, para nós, perder força e nos enfraquecer nos juízos que nos sejam pedidos acerca de decisões e sobre uma ou outra necessidade de tomar como certo ou verdadeiros atos do nosso cotidiano. Não havendo tal possibilidade de se estabelecer limites, haveria sim se os que, ultrapassando essas barreiras avançassem na ação que prejudicasse a outrem ou a si mesmos.
Enfim, Epictetus, recomenda
que não percamos essa nossa essência; que façamos o que é certo: o nosso dever. Portanto:
"Homem! Examina
primeiro de que qualidade é a coisa, depois observa a tua própria natureza para
saber se a podes suportar. [...] É preciso que sejas um homem, bom ou mal. É
preciso que cultives a tua própria faculdade diretriz ou as coisas exteriores.
É preciso que assumas ou a arte acerca das coisas interiores ou acerca das
exteriores. Isto é: que assumas ou o posto de filósofo ou de homem comum."
Prossigamos! Tudo por
fazer!
______.
DINUCCI, A.; JULIEN,
A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra:
Imprensa de Coimbra, 2014. (XXIX:39-41.
______. O Encheirídion de Epicteto. Trad.
Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)
EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as
reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather.
Harvard: Loeb, 1928. https://www.loebclassics.com/
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations
of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.
MARCO AURÉLIO. Meditações. VII : 20. (tradução de
Virgínia de Castro e Almeida)
SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbekian, 2014.
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