(IMAGEM: "Pinterest") "[XLVI.2]
... caso, [...] uma discussão sobre algum
princípio filosófico sobrevenha, silencia ao máximo, pois o perigo de vomitar
imediatamente o que não digeriste é grande. E quando alguém te falar que nada
sabes e não te morderes, sabe então que começaste a ação."[1]
Na citação, Epictetus, recomenda o que se deve fazer em meio a falatórios: pois, se a discussão for “sobre algum princípio filosófico”, a melhor atitude é “silenciar”. A recomendação serve para que se reflita, antes de qualquer intervenção. Ademais, tal reflexão dever voltar-se à busca de exercícios visando a prática e menos discursos. Bem comum notar que estes estóicos eram bem precavidos em se aventurar em definições intempestivas irrefletidas. E, abaixo, do grande Sêneca; que postei há cinco anos atrás; desde que comecei a aprofundar as leituras sobre Estoicismo, em que há uma reflexão sobre diálogo e introspecção ... No texto destaco, do autor, e reforço: (aos "...companheiros de sanatório ..."): Assim, exercitando silêncio, sigo meditando e aplicando a mim o conselho de Sêneca: "Quem és tu para me dar conselhos? Acaso já te aconselhaste a ti próprio, já corrigiste o teu carácter, para te poderes armar em director da consciência alheia? Objecção justa, a tua; eu, contudo, não sou tão descarado que, doente eu próprio, me aplique a dar remédio aos outros! É como companheiro de sanatório que eu falo contigo da nossa comum enfermidade e te dou parte dos medicamentos que uso. Escuta, portanto, as minhas palavras como se estivesses me ouvindo falar comigo mesmo; é como se eu te permitisse o acesso aos meus segredos e discutisse comigo mesmo na tua presença.[2]" “Bem-aventurado silêncio. Feliz o homem que nada
sabe e nada quer.” (Angelus Silesius 1624-1677) |
[1]
ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion. Edição Bilíngue.
Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de
Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe,
2012).
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.
______. A filosofia como maneira de viver: entrevistas de Jeannie Carlier e Arnold I. Davidson. (Trad. Lara Christina de Malimpensa). São Paulo: É Realizações, 2016.
______. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Trad. Flavio Fontenelle Loque e Loraine Oliveira. Prefácio de Davidson, Arnold. São Paulo: É Realizações, 2014.
HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
______. Silêncio: o poder da quietude em um mundo barulhento. Rio de Janeiro, RJ: Harper Collins, 2018.
[2] SÉNECA.
L. A. Cartas a Lucílio. 5. ed.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2014. (Carta XXVII. 1-2)
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