segunda-feira, 18 de setembro de 2023

IMMANUEL KANT, SHAUN GALLANGHER: THE SELF AND ITS DISORDERS

 



Pausa, relendo, estudando!

E, agora, para descansar, aproveitando o tempo, retornando aos poucos ao trabalho, numa pausa nas leituras principais; aplicando-me na releitura de uma “Introdução” à filosofia kantiana, acrescentei mais este recém lançado, 2023: Introdução o pensamento de Kant.  

E, juntei às demais que adicionei abaixo na bibliografia, esse do Prof. Shaun Gallagher

"A ground-breaking theory of the self as a pattern

Interdisciplinary, drawing on philosophy of mind, phenomenology, cognitive psychology, psychiatry, and dynamical systems analysis

Discusses the role of self-narrative in self-formation, its breakdown in various psychopathologies, and its role in therapy

Explores the phenomenology of agency and its disruption in various psychopathologies

Outlines a 4E (embodied, embedded, extended and enactive) approach to understanding the effects of different therapies for psychopathologies"

...

Shaun Gallagher offers an account of psychopathologies as disorders of the self. The Self and its Disorders develops an interdisciplinary approach to an 'integrative' perspective in psychiatry. In contrast to some integrative approaches that focus on narrow brain-based conceptions, or on symptomology, this book takes its bearings from embodied and enactive conceptions of human experience. Gallagher offers an understanding of the self as a pattern of processes that include bodily, experiential, affective, cognitive, intersubjective, narrative, ecological and normative factors. He provides a philosophical analysis of the notion of self-pattern; then, drawing on phenomenological, developmental, clinical and experimental evidence, he proposes a method to study the effects of psychopathologies on the self-pattern. The book includes specific discussions of schizophrenia, anxiety disorders, depression, borderline personality disorder, and autism, among other disorders, as well as the effects of torture and solitary confinement. It also explores a variety of issues that relate to therapeutic approaches, including deep brain stimulation, meditation-based interventions, and the use of artificial intelligence and virtual reality.”

_____.

"Shaun Gallagher oferece um relato das psicopatologias como transtornos do self. The Self and its Disorders desenvolve uma abordagem interdisciplinar para uma perspectiva 'integrativa' em psiquiatria. Em contraste com algumas abordagens integrativas que se concentram em concepções estreitas baseadas no cérebro ou na sintomatologia , este livro se baseia em concepções incorporadas e ativas da experiência humana. Gallagher oferece uma compreensão do self como um padrão de processos que inclui fatores corporais, experienciais, afetivos, cognitivos, intersubjetivos, narrativos, ecológicos e normativos. Ele fornece uma visão filosófica. análise da noção de auto-padrão; em seguida, com base em evidências fenomenológicas, de desenvolvimento, clínicas e experimentais, ele propõe um método para estudar os efeitos das psicopatologias no auto-padrão. O livro inclui discussões específicas sobre esquizofrenia, transtornos de ansiedade, depressão, transtorno de personalidade limítrofe e autismo, entre outros transtornos, bem como os efeitos da tortura e do confinamento solitário. Também explora uma variedade de questões relacionadas a abordagens terapêuticas, incluindo estimulação cerebral profunda, intervenções baseadas em meditação e o uso de inteligência artificial e realidade virtual”.”

_______.

Introduction

1. A pattern theory of self
2. The nature of patterns
3. A threefold method for studying the self-pattern
4. Dynamical relations in the self-pattern
5. Disorder, dissociation and disruption in self-narrative
6. Phenomenological anchors: Mapping experiences of agency and ownership
7. Autonomy in the self-pattern: Implications for deep brain stimulation and affordance-based therapies
8. Autonomy in the self-pattern: Implications for deep brain stimulation and affordance-based therapies
9. Mindfulness in the self-pattern
10. The cruel and unusual phenomenologies of torture and solitary confinement
Bibliography

______. 

GALLANGHER, Shaun. The self and its disorders. Oxford University Press, 2023.

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

SOBRE FILOSOFIA DA CIÊNCIA E PSEUDOCIÊNCIAS

 

Aqui, mais um livro, lançado recentemente, que estou lendo sobre o tema e, à medida que novos livros vão surgindo sobre o assunto, adiciono à bibliografia

E, tenho notado que novas perspectivas de abordagens do tema têm surgido. 

“A ciência tem importância central em nossa sociedade. Por isso, é fundamental entender exatamente o que é ciência e como ela se diferencia de outras formas de conhecimento culto – e também de pseudociências e charlatanismos. A filosofia da ciência é quem cumpre esse papel. Esta obra panorâmica e introdutória apresenta aspectos históricos e metodológicos, descrevendo como a ciência é produzida, validada, consolidada, financiada e avaliada, além de discutir as bases cognitivas que nos levam a aceitar com mais facilidade a pseudociência que os achados da ciência. Obra voltada principalmente para cursos de filosofia da ciência e de metodologia.”

Link sobre a obra no Jornal da USP: https://jornal.usp.br/cultura/livro-descomplica-a-filosofia-da-ciencia/?fbclid=IwAR1dcoZCk8gj2jIAwt2-ytUVKlElimPBZomrotZwL4umid-BRCxoCwSvUC4

"A proposta de Filosofia da Ciência, livro de Walter Ribeiro Terra, professor do Instituto de Química (IQ) da USP, e de Ricardo Ribeiro Terra, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, é ser um guia acessível para cursos e disciplinas das várias áreas do conhecimento. Escrita direta, exemplos, sugestões de leituras, glossário e questões para discussão são os instrumentos mobilizados pelos autores ao longo do volume para apresentar aos leitores a história, a metodologia, as bases cognitivas e as bases institucionais da ciência. O resultado é uma empenhada defesa da ciência em texto fluido e exposição clara, quase um exercício metalinguístico de como o fazer científico deve ser."

______.

TERRA, Ricardo R; TERRA, Walter R. Filosofia da ciência: fundamentos históricos metodológicos, cognitivos e institucionais. São Paulo: Editora Contexto, 2023.


domingo, 10 de setembro de 2023

SOBRE AS "LEIS NATURAIS": UM TEMA, VÁRIAS LEITURAS E ABORDAGENS

Enquanto ouço, mais uma vez, a grande violinista Janine Jansen interpretando "As quatro estações" do Pe. Antônio Vivaldi, sigo estudando o que é uma Lei natural no LE e, releio um livro sobre "As leis naturais e a verdadeira felicidade" (Massi, 2020).

E, mais:

Aqui, ainda mais uma outra visão, de Tricard, sobre o tema!

"On peut s’étonner qu’un concept aussi central en philosophie des sciences et aussi courant dans le langage scientifique puisse faire encore l’objet d’une question de définition. Pourtant, la signification du concept de « loi de la nature » reste encore obscure, car traversée par une ambiguïté fondamentale. Si l’existence de « lois » ratifie le fait que la nature est régulière, cela signifie-t-il dire que les lois sont de simples régularités, c’est-à-dire des rapports constants entre faits? Ne seraient-elles pas plutôt des « règles » qui gouvernent nécessairement le cours des phénomènes? Mais alors, quel est le fondement de cette nécessité que ces règlent imposent aux faits : dérivent-elles de la nature et des dispositions des choses, ou bien sont-elles octroyées de l’extérieur par une instance (divine ou transcendantale) qui légifère sur la nature « comme un roi en son royaume »?A
acheter
ce livre"

...

"Pode ser surpreendente que um conceito tão central na filosofia da ciência e tão comum na linguagem científica possa ainda ser objeto de uma questão de definição. Contudo, o significado do conceito de “lei da natureza” ainda permanece obscuro, porque é atravessado por uma ambiguidade fundamental. Se a existência de “leis” ratifica o fato de a natureza ser regular, isso significa que as leis são simples regularidades, ou seja, relações constantes entre fatos? Não seriam antes “regras” que governam necessariamente o curso dos fenómenos? Mas então, qual é a base desta necessidade que estas regras impõem aos fatos: elas derivam da natureza e das disposições das coisas, ou são concedidas de fora por uma autoridade (divina ou transcendental) que legisla sobre a natureza “como um rei em seu reino”?
compre este livro."

(Grifos e Destaques meus)

______.

BAUMGATEN, Alexander Gottlieb; KANT Immanuel. Baumgarten's elements of first practical philosophy: a critical translation with Kant's reflections on moral philosophy. Bloomsbury Academic; Reprint edição, 2021.

COELHO, Humberto Schubert. O pensamento crítico: história e método. Juiz de Fora, MG: Editora UFJF, 2022.

CUNHA, Bruno. A Gênese da Ética de Kant: o desenvolvimento moral pré-crítico em sua relação com a teodiceia. São Paulo: LiberArs, 2017.

______; FELDHAUS, Charles. Estudo IntrodutórioIn: KANT, Immanuel. Lições de Ética. São Paulo: Unesp, 2018.

______. Estudo Introdutório. In: KANT, Immanuel. Lições sobre a Doutrina Filosófica da Religião. Petrópolis: Vozes/São Fransciso, 2019.

______. Estudo Introdutório. In: KANT, Immanuel. Lições de Metafísica. Petrópolis: Vozes/São Francisco, 2021.

DESCARTES, René.  As paixões da alma. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

______. Epictetus Discourses. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

______. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

GALENO. Aforismos. São Paulo: E. Unifesp, 2010.

______. On the passions and errors of the soul. Translated by Paul W . Harkins with an introduction and interpretation by Walter Riese. Ohio State University Press, 1963.

GAZOLLA, Rachel.  O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

______. A filosofia como maneira de viver: entrevistas de Jeannie Carlier e Arnold I. Davidson. (Trad. Lara Christina de Malimpensa). São Paulo: É Realizações, 2016.

______. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Trad. Flávio Fontenelle Loque, Loraine Oliveira. São Paulo: É Realizações, Coleção Filosofia Atual, 2014.

HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

KANT, Immanuel. Gesammelte Schriften. Vol. I-XXIX. Berlim: Reimer (DeGruyter) 1910-1983.

______. Lições de Ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Feldhaus. São Paulo: Unesp, 2018.

______. Lições sobre a Doutrina Filosófica da Religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes/ São Francisco, 2019.

______.Lições de Metafísica. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes/São Francisco, 2021.

______. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? traduzido por Saulo de Freitas Araujo. In: Estudos Kantianos, Marília, v. 8, n. 2, p. 179-189, Jul./Dez., 2020.

______. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de. São Paulo: Discurso editoria: Barcarola, 2009.

______. Textos pré-críticos. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

______. Textos seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

______. Investigação sobre a clareza dos princípios da teologia e da moral. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda, 2007.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica) Trad. Guillon Ribeiro. Brasília, DF: Feb, 2013. (Q. 614-648 “Lei natural”); (Q. 907-912: "paixões"; 893-906: “virtudes . “vícios” e 920-933: "felicidade").

KIEKEGAARD, S. A. O desespero humano: doença até a morte. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

______. O desespero humano: São Paulo: Ed. UNESP, 2010.

______. Do desespero silencioso ao elogio do amor desinteressado. (Org. Alvaro Valls). Escritos, 2004.

______. As obras do amor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

______. O conceito de angústia. 3. ed. Trad. Alvaro Valls. Petrópolis, RJ, Vozes, 2015.

LESSING, Gotthold Ephraim. Educação do gênero humano. Bragança Paulista, SP: Ed. Comenius, 2019.

MAY, Rollo. O homem à procura de si mesmo. São Paulo: Ed. Círculo do livro, 1992.

______. (Org.). Psicologia existencial. Rio de Janeiro: Globo, 1980.

______. A descoberta do ser. São Paulo: Rocco, 1988.

______. O homem à procura de si mesmo. São Paulo: Ed. Círculo do livro, 1992.

______. Psicologia do dilema humano. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

MASSI, C. D. As leis naturais e a verdadeira felicidade. Curitiba: Kardec Books, 2020.

OLIVEIRA, Roni Ederson Krause de. O dever de amar segundo Kant e Kierkegaard. In: Controvérsia, São Leopoldo, v. 14, n. 2, p. 25-39, mai.-ago. 2018.

PONTE, Carlos Roger Sales da; SOUSA, Hudsson Lima de. Reflexões críticas acerca da psicologia existencial de Rollo May. Rev. abordagem gestalt.,  Goiânia ,  v. 17, n. 1, p. 47-58, jun.  2011 .   Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672011000100008&lng=pt&nrm=iso>.acessos em  17  ago.  2019. Último acesso: 26 de janeiro de 2022.

PRICE, A. W. Conflito mental. Campinas, SP: Ed. Papirus, 1998.

______. Mental conflict. London: Ed. Routledge, 1995.

RANGÉ, Bernard. Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais: Um Diálogo com a Psiquiatria. 2. ed. Porto Alegre: Grupo A - Selo: Artmed, RS, 2011.

ROBERTSON, Donald. The Philosophy of Cognitive Behavioural Therapy (CBT): stoic philosophy as rational and Cognitive Psychotherapy. Londres  :Karnac Books, 2010.

______. Pense como um imperador. Trad. Maya Guimarães. Porto Alegre: Citadel Editora, 2020.

______. How to think Like a roman emperor: the stoic philosophy of Marcus Aurelius. New York: St. Martin's Press, 2019.

SELLARS, J. The Art of Living: The Stoics on the Nature and Function of philosophy. Burlington: Ashgate, 2003.

SÊNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

______. Edificar-se para a morte: das cartas morais a Lucílio. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.

____. Sobre a clemência. Introdução, tradução e notas de Ingeborg Braren. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

TRICARD, Julien. Qu'est-se qu-une loi de la nature. Paris: Librarie Philosophique J. Vrin, 2023.

sábado, 9 de setembro de 2023

ENTRE LEIBNIZ, NEWTON E KANT: FILOSOFIA E CIÊNCIA NO SÉCULO XVIII (II)

NOVA EDIÇÃO:

Acrescentando nova edição de "Entre Leibniz, Newton e Kant: filosofia e ciência no século XVII": 

Link da obra: https://www.mpiwg-berlin.mpg.de/de/node/14444?fbclid=IwAR0rbZxtU06jnfgWzJR1nkvOJqXfDVlw154ZML321egM1m7XwHamRniMMKM

Mais uma vez, retornando ao tema que, como sempre destaco, em grande medida, seguindo firme nas reflexões sobre o período pré-crítico da obra de Immanuel Kant; não fugindo jamais das pesquisas básicas e principais terminei, há pouco, (um clinâmen) mais uma vez, a releitura de alguns capítulos das obras abaixo. Selecionei alguns capítulos para reler e seguir associando com a temática em que estou mais dedicando tempo, atualmente. Que venham os resultados o mais breve possível.

Retomei essas leituras; estes textos, especificamente, para relembrar que, para Alexandre Koyré, as “formas mais elevadas” do pensamento humano - filosofia, ciência e teologia - se entrecruzam. Não se pode separá-las “em compartimentos estanques”. Dizia ele que CopérnicoKepler, Newton, Galileu Descartes, por exemplo, não lidavam apenas com questões científicas, mas tratavam de questões metafísicas e religiosas também. 

É neste sentido que me vejo envolvido, mais uma vez com os textos, que menciono abaixo:

1. “A obra "Estudos de história do pensamento filosófico", de Alexandre Koyré, é o resultado de longos e perseverantes estudos deste competentíssimo mestre. Doutorado em França, tendo como um dos seus mentores o sempre respeitado Bergson, Alexandre Koyré logrou penetrar nos mais indecifráveis textos de alguns filósofos – impossível não nos lembrarmos de Hegel – e trazer à luz o que de melhor essas cabeças pensantes produziram de significativo para a Filosofia e o entendimento do mundo e da alma humana.   Alexandre Koyré, nascido em Tanganrog, na Rússia, aborda a ciência e a filosofia de um modo próprio, não lhes negando o fato de que a inseparabilidade entre as duas é um fator de conhecimento e aprimoramento de ambas, mormente quando se pensa no mundo moderno e suas vicissitudes latentes.    Estes Estudos, de suma importância para os cultores da Filosofia, ultrapassam os limites do conhecimento específico, ao aproximar de si aqueles leitores ávidos do saber e contumazes em expandir seus horizontes.

2. Alexandre Koyré formou-se em Filosofia, na França e, neste "Estudos de história do pensamento científico", obra densa e profunda, é o produto da perseverança do trabalho de investigação e pesquisa realizado por este insigne professor. Alexandre Koyré não se atém a conceitos estabelecidos: ele procura nos escritos consagrados o fio condutor que o leva ao conhecimento seguro, e ressalta, com justiça, as dificuldades técnicas da época em que inúmeras experiências científicas foram realizadas. Desse modo, Alexandre Koyré enaltece o esforço daqueles que projetaram essas experiências e expuseram com denodo as suas ideias e conclusões. A partir desse método, Alexandre Koyré derruba mitos e lendas, como o episódio da Torre de Pisa, cujo protagonista, Galileu, teria realizado uma experiência importante. A Torre de Pisa não caiu (provavelmente não cairá), mas a lenda que a imortalizou, essa Alexandre Koyré deitou por terra com humildade e sabedoria, privilégio daqueles que dedicaram suas vidas ao estudo e à reflexão.”

3. "No livro Do Mundo Fechado ao Universo Infinito, o autor exibe algumas de suas melhores análises dos grandes textos clássicos de Nicolau de Cusa, Bruno e Copérnico, Kepler e Galileu, Descartes, Leibniz e Newton. A escolha é fundamentalmente definida por terem eles centrado toda a sua obra na desmontagem e destruição da cosmologia antiga e medieval, substituindo-a pelo universo infinito com que se inaugura o saber moderno. Nesta obra, Koyré nos expõe a história apaixonante de uma tríplice revoluçãoteológica, filosófica e científica; e, ao fazê-lo, introduz o leitor no amplo quadro de suas análises histórico-conceituais."

4. A estes, acrescentei e sigo lendo: Between Leibniz, Newton, and Kant: Philosophy and Science in the Eighteenth Century:

“This addresses the transformations of metaphysics as a discipline, the emergence of analytical mechanics, the diverging avenues of 18th-century Newtonianism, the body-mind problem, and philosophical principles of classification in the life sciences. An appendix contains a critical edition and first translation into English of Newton's scholia from David Gregory's Estate on the Propositions IV through IX Book III of his Principia”

Ademais, aborda além das “transformações da metafísica, o surgimento da mecânica analítica, os caminhos divergentes do newtonianismo do século 18 [...], e, principalmente, além do que se refere aos meus interesses por “ciências naturais” (aprendendo sempre), apontamentos sobre “[...] o problema corpo-mente e os princípios filosóficos de classificação nas ciências da vida. E, [...] um apêndice com uma edição crítica e a primeira tradução para o inglês da scholia de Newton, do patrimônio de David Gregory, nas proposições IV a IX, do Livro III dos Principia ” ou Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica.

______.

5. Portanto, “Esta nova edição ampliada oferece uma visão multifacetada de um período da história intelectual do Ocidente em que o equilíbrio entre as teorias especulativas e a ciência experimental foi redefinido. Como é sabido, a inter-relação entre filosofia e ciência sofreu uma profunda mudança no início do período moderno, durante a qual as ciências se libertaram do quadro conceptual da metafísica tradicional. As contribuições do volume centram-se no século XVIII, fase final crítica e bastante contraditória deste processo.

O volume distingue-se por traçar este processo de transição não apenas no caso óbvio da nova mecânica - o newtonianismo e a mecânica analítica - mas também por abordar novas filosofias especulativas da natureza - o atomismo do início da modernidade ou a física imponderável - e novas controvérsias metafísicas como a do corpo. -problema mental (a matéria pode pensar?), bem como desenvolvimentos em campos científicos especiais, como cosmologia/astronomia e história natural.

O volume foi escrito por historiadores da filosofia e das ciências do início do período moderno e destina-se principalmente a especialistas e estudantes dessas áreas do conhecimento. No entanto, é certamente também interessante e útil para os historiadores culturais que trabalham neste período.”

SOBRE O AUTOR: "Wolfgang Lefèvre ensinou filosofia em conexão com história da ciência na Freie Universität Berlin. Desde 1994, pesquisador sênior e agora pesquisador emérito do Instituto Max Planck de História da Ciência, Berlim. Sua pesquisa está focada nas inter-relações do conhecimento tecnológico e científico no início do período moderno. Publicação recente: »Minerva encontra Vulcano: Literatura Científica e Tecnológica – 1450-1750 (2021)."

______.

ALVES, M. Reflexões acerca da natureza da ciência: comparações entre Kuhn, Popper e o empirismo lógico. Kínesis, v. 5, n. 10, 2013. link

ANTOGNAZZA, Maria Rosa. The Oxford Handbook of Leibniz. Oxford University Press, 2018.

BECKENKAMP, Joãosinho. Introdução à filosofia crítica de Kant. Editora UFMG,  2017.

BIRD, A. Thomas Kuhn In: ZALTA, E. Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2018. link

BUCHENAU, Stefanie (1969- ) Entre medicina e filosofia: Sulzer; Herder; Kant; Maimon. — São Paulo: Editora Clandestina, 2019. 178 p.

BUTLER, J; CLARKE, S; HUTCHESON, F; MANDEVILLE, B; SHAFTESBURY, L; WOLLASTON, W. Filosofia moral britânica: Textos do Século XVIII. Campinas, SP: Ed. Unicamp, 2014.

CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant: o desenvolvimento moral pré-crítico em sua relação com a teodiceia. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.

______. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

______. Lições de ética. São Paulo: Ed. Unesp, 2018.

FERRY, Luc. Kant: uma leitura das três "Críticas". 3. ed. Rio de Janeiro: Difel, 2009.

GOY, In; WATKINS, Eric. Kant's theory of Biology. Berlin/Boston: De Gruyter/Reprint, 2016.

GRAPOTTE, Sophie (Org.); LEQUAN, Mai; RUFFING, Margit. Kant et les sciences: un dialogue philosophique avec la pluralité des savoirs. Paris: Vrin, 2011.

______; PRUNE-BRETINNET. Tinca, (dir.). Kant et Wolff: héritages et ruptures. Paris: Vrin, 2011.

GUERRA, L. et al. Análise epistemológica da Nova Administração Pública à luz de Kuhn e Popper. Rev. Eletr. do Mestrado Prof. em Administração da Univ. Potiguar, v. 4, n. 1, p. 43-53, 2011. link

GUYER, PAUL. The Cambridge companion to Kant. Cambrridge University Press, UK, 1992.

HÖFFE, Otfriede. Immanuel Kant. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

______. Immanuel Kant. München: C. H. Beck, 2004.

______. Kant: crítica da razão pura: os fundamentos da filosofia moderna. São Paulo: Edições Loyola, 2013.

KOYRÉ, Alexandre. Estudos de história do pensamento científico. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.

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______. Do mundo fechado ao universo infinito.  Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001.

KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1994.

______. Dissertação de 1770. De mundi sensibilis atque inteligibilis forma et principio. Akademie-Ausgabe. Trad. Acerca da forma e dos princípios do mundo sensível e inteligível. Trad., apres. e notas de L. R. dos Santos. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda. FCSH da Universidade de Lisboa, 1985.

______. Prolegômenos a qualquer metafísica futura que possa apresentar-se como ciência. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Estação Liberdade, 2014)

______. Prolegômenos a toda metafísica futura. Lisboa: Edições 70, 1982

______. Histoire Générale de la Nature et Théorie du ciel. Trad. Pierre Kerszberg, Anne-Marie Roviello e Jean Seidengart. Vrin 1984.

KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2009.

LAKATOS, Imre. O falseamento e a metodologia dos programas de pesquisa científica. In: LAKATOS, I. e MUSGRAVE, A. (org.) A crítica e o desenvolvimento do conhecimento. São Paulo: Cultrix, 1979.

_____. History of science and its rational reconstructions. In: HACKING, I. (org.) Scientific revolutions. Hong-Kong: Oxford University, 1983.

______. Matemática, ciencia y epistemología. Madrid: Alianza, 1987.

______. La metodología de los programas de investigación científica. Madrid: Alianza, 1989.

LEFÈVRE, Wolfgang. (Editor) Between Leibniz, Newton, and Kant: Philosophy and Science in the Eighteenth Century. Springer; Softcover reprint of the original 1st ed. 2001 edição, 2011.

______. (Editor) Between Leibniz, Newton, and Kant: Philosophy and Science in the Eighteenth Century. Springer; Softcover reprint of the original 1st ed. 2001 2nd extended edition, 2023.

LEITE, Patrícia Kauark. Teoria quântica e filosofia transcendental: diálogos possíveis. Belo Horizonte, MG, 2022.

______. Théorie quantique et philosophie transcendantale: dialogues possibles. Hermann, 2012.

MARQUES, Ubirajara Rancan de Azevedo (Org.) Kant e a biologia. São Paulo: Editora Barcarola, 2012.

POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1972.

WATKINS, Eric. Kant and the sciences. Oxford University Press, 2001.

THORNTON, S. Karl Popper In: ZALTA, E. Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2018. link

 

 

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

FILOSOFIA, ESPIRITUALIDADE E EXISTÊNCIA

 

Desenvolvendo...

"Os verdadeiros mistérios não são aqueles nos quais mergulhamos cada vez mais por um aprofundamento dialético, mas os que se mantêm inteiros em sua efetividade pura" (Jankélévitc)

______.

Escrevi aqui, há algum tempo, que entre outros motivos, tive uma surpresa à época com o contato inicial com a obra de Vladimir Jankélévitch (sobre o tempo na música e na “morte”). 

A surpresa também foi perceber a novidade, para mim, na obra de Bergson (sobre o qual Jankélévitch escreveu). 

Seus textos, por apontarem na direção de questões e problemas que Sócrates e Platão, entre outros, mesmo antes deles, já tinham estudado e apresentado profundas reflexões, com as quais tenho aprendido muito. Alguns temas como a “realização da felicidade humana”, "o passado, o presente, o futuro", a "memória" a imortalidade, as relações mente-corpo, e agora, com essa nova obra sobre Henri Bergson:Bergson entre Filosofia e Espiritualidade, todos tendo por base discussões sobre o tempo.

E, isso, na obra de Henri Bergson que Jankélévitch estudou e apresentou em alguns temas nessa área. Daí o desejo permanente de rever o tema da “relação mente-corpo” na obra de Bergson.

Procuro ver, nesse sentido, que a filosofia apresenta-se como ferramenta para novos embates e revisão das respostas e proposição de novas ou as mesmas perguntas. Bergson fornece alguns elementos para novos enfrentamentos existenciais. Portanto, uma obra repleta de importante tarefa na discussão sobre a “ética e a existência”, além de “filosofia da biologia” que foi por onde chegamos à obra de Bergson.

Sobre esta nova obra sobre Henri Bergson:Este livro apresenta um resgate do aspecto espiritual da filosofia por meio da obra de Henri Bergson apresentando a intuição filosófica como um esforço que leva o intelecto ao seu limite e a intuição mística como um empenho que eleva um indivíduo além de si mesmo”.

Acrescentando, portanto, mais um fator importante entre os que me levam a ampliar o contínuo contato com a obra: a leitura que Jankélévitc fez da filosofia de Kant, e sua "associação" com as ideias de Bergson sobre o problema da noção de tempo. O que também se encontra nestas concepções bergsonianas é um retorno aos antigos para ali identificar o problema que foi herdado de uma tradição que pode ser contada desde de ParmênidesZenão e outros antigos. Duas das obras de Henri Bergson a serem estudadas juntamente, a partir disso serão “Matéria memória” e “Evolução criadora.”

No prefácio de “Matéria e memória” (pp. 3-4) lemos:

“Um grande progresso foi realizado em filosofia no dia em que Berkeley estabeleceu, contra os mechanical philosophers, que as qualidades secundárias da matéria tinham pelo menos tanta realidade quanto as qualidades primárias. Seu erro foi acreditar que era preciso para isso transportar a matéria para o interior do espírito e fazer dela uma pura ideia. Certamente, Descartes colocava a matéria demasiado longe de nós quando a confundia com a extensão geométrica. Mas, para reaproximá-la, não havia necessidade de fazê-la coincidir com nosso próprio espírito. Fazendo isso, Berkeley viu-se incapaz de explicar o sucesso da física e obrigado, enquanto Descartes havia feito das relações matemáticas entre os fenômenos sua própria essência, a considerar a ordem matemática do universo como um puro acidente. A crítica kantiana tornou-se então necessária para explicar a razão dessa ordem matemática e para restituir à nossa física um fundamento sólido - o que, aliás, ela só conseguiu ao limitar o alcance de nossos sentidos e de nosso entendimento. A crítica kantiana, nesse ponto ao menos, não teria sido necessária, o espírito humano, nessa direção ao menos, não teria sido levado a limitar seu próprio alcance, a metafísica não teria sido sacrificada à física, se a matéria tivesse sido deixada a meio caminho entre o ponto para onde Descartes a impelia e aquele para onde Berkeley a puxava, ou seja, enfim, lá onde o senso comum a vê. É aí que nós também procuramos vê-la. Nosso primeiro capítulo define essa maneira de olhar a matéria; nosso quarto capítulo tira as conseqüências disso.

Mas, conforme anunciávamos no início, só tratamos da questão da matéria na medida em que ela interessa ao problema abordado no segundo e terceiro capítulos deste livro, que é o próprio objeto do presente estudo: o problema da relação do espírito com o corpo”

Portanto, a partir de duas das obras de Bergson, prossigo estudando este tema “relação mente-corpo”, sem nunca me distanciar das leituras fundamentais, claro!

E, sempre "nos limites da simples razão"...

...

Sobre as obras de Bergson:

“Há tons diferentes de vida mental, e nossa vida psicológica pode se manifestar em alturas diferentes, ora mais perto, ora mais distante da ação, conforme o grau de nossa atenção à vida. Essa é uma das idéias diretrizes e ponto de partida de Matéria e memória, obra em que Henri Bergson afirma a realidade do espírito, a realidade da matéria, e procura determinar a relação entre eles sobre um exemplo preciso, o da memória.”

“Principal obra de Henri Bergson, Prêmio Nobel de Liberatura de 1927, A evolução criadora (1907) representou uma ruptura com as principais correntes filosóficas do fim do século XIX. Diante da apologia do saber científico, rigoroso, das rígidas leis do determinismo, Bergson lança a afirmação de que a totalidade tem a mesma natureza do indivíduo, de um movimento incessante, um impulso de liberdade criadora que transforma de forma irrefreável a matéria. O filósofo francês discorre sobre o problema da existência humana e assevera que a mente – energia pura, impulso vital – é responsável por toda evolução orgânica.”

(Grifos e Destaques meus)

______.

BERGSON, Henri, 1859-1941. Matéria e memória: ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. Trad. Paulo Neves. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. (Coleção tópicos)

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REFLEXÃO VESPERTINA CLVIII: ESTOICISMO

Foi essa a Reflexão Vespertina de hoje, terminada há pouco, ler ainda é possível! " O objetivo da filosofia consiste em dar forma e est...