Desenvolvendo...
"Os
verdadeiros mistérios não são aqueles nos quais mergulhamos cada vez mais por
um aprofundamento dialético, mas os que se mantêm inteiros em sua efetividade
pura" (Jankélévitc)
______.
Escrevi aqui, há algum tempo, que entre outros motivos, tive uma surpresa à época com o contato inicial com a obra de Vladimir Jankélévitch (sobre o tempo na música e na “morte”).
A surpresa também foi perceber a novidade, para mim, na obra de Bergson (sobre o qual Jankélévitch escreveu).
Seus textos, por apontarem na direção de
questões e problemas que Sócrates e Platão, entre
outros, mesmo antes deles, já tinham estudado e apresentado profundas
reflexões, com as quais tenho aprendido muito. Alguns temas como a “realização
da felicidade humana”, "o passado, o presente, o futuro",
a "memória" a imortalidade, as relações
mente-corpo, e agora, com essa nova obra sobre Henri
Bergson: “Bergson entre Filosofia e Espiritualidade”, todos tendo por base discussões sobre o tempo.
E,
isso, na obra de Henri Bergson que Jankélévitch estudou
e apresentou em alguns temas nessa área. Daí o desejo permanente de rever o
tema da “relação mente-corpo” na obra de Bergson.
Procuro
ver, nesse sentido, que a filosofia apresenta-se como ferramenta para novos
embates e revisão das respostas e proposição de novas ou as mesmas
perguntas. Bergson fornece alguns elementos para novos
enfrentamentos existenciais. Portanto, uma obra repleta de importante
tarefa na discussão sobre a “ética e a existência”, além
de “filosofia da biologia” que foi por onde chegamos à obra de Bergson.
Sobre esta nova obra
sobre Henri Bergson: “Este livro apresenta um resgate do aspecto
espiritual da filosofia por meio da obra de Henri Bergson apresentando a intuição
filosófica como um esforço que leva o intelecto ao seu limite e a intuição
mística como um empenho que eleva um indivíduo além de si mesmo”.
Acrescentando,
portanto, mais um fator importante entre os que me levam a ampliar o contínuo contato
com a obra: a leitura que Jankélévitc fez da filosofia de Kant,
e sua "associação" com as ideias de Bergson sobre o
problema da noção de tempo. O que também se encontra nestas concepções
bergsonianas é um retorno aos antigos para ali identificar o problema que foi
herdado de uma tradição que pode ser contada desde de Parmênides, Zenão e
outros antigos. Duas das obras de Henri Bergson a serem estudadas
juntamente, a partir disso serão “Matéria memória” e “Evolução
criadora.”
No
prefácio de “Matéria e memória” (pp. 3-4) lemos:
“Um
grande progresso foi realizado em filosofia no dia em que Berkeley estabeleceu,
contra os mechanical philosophers, que as qualidades secundárias da
matéria tinham pelo menos tanta realidade quanto as qualidades primárias. Seu
erro foi acreditar que era preciso para isso transportar a matéria para o
interior do espírito e fazer dela uma pura ideia. Certamente, Descartes colocava
a matéria demasiado longe de nós quando a confundia com a extensão geométrica.
Mas, para reaproximá-la, não havia necessidade de fazê-la coincidir com nosso
próprio espírito. Fazendo isso, Berkeley viu-se incapaz de
explicar o sucesso da física e obrigado, enquanto Descartes havia feito
das relações matemáticas entre os fenômenos sua própria essência, a considerar
a ordem matemática do universo como um puro acidente. A crítica kantiana
tornou-se então necessária para explicar a razão dessa ordem matemática e para
restituir à nossa física um fundamento sólido - o que, aliás, ela só conseguiu
ao limitar o alcance de nossos sentidos e de nosso entendimento. A crítica
kantiana, nesse ponto ao menos, não teria sido necessária, o espírito humano,
nessa direção ao menos, não teria sido levado a limitar seu próprio alcance,
a metafísica não teria sido sacrificada à física, se a matéria
tivesse sido deixada a meio caminho entre o ponto para onde Descartes a
impelia e aquele para onde Berkeley a puxava, ou seja, enfim,
lá onde o senso comum a vê. É aí que nós também procuramos vê-la. Nosso
primeiro capítulo define essa maneira de olhar a matéria; nosso quarto capítulo
tira as conseqüências disso.
Mas,
conforme anunciávamos no início, só tratamos da questão da matéria na medida em
que ela interessa ao problema abordado no segundo e terceiro capítulos deste
livro, que é o próprio objeto do presente estudo: o problema da
relação do espírito com o corpo”
Portanto,
a partir de duas das obras de Bergson, prossigo estudando este
tema “relação mente-corpo”, sem nunca me distanciar das leituras
fundamentais, claro!
E,
sempre "nos limites da simples razão"...
...
Sobre
as obras de Bergson:
“Há
tons diferentes de vida mental, e nossa vida psicológica pode se manifestar em
alturas diferentes, ora mais perto, ora mais distante da ação, conforme o grau
de nossa atenção à vida. Essa é uma das idéias diretrizes e ponto de partida de
Matéria e memória, obra em que Henri Bergson afirma a
realidade do espírito, a realidade da matéria, e procura determinar a relação
entre eles sobre um exemplo preciso, o da memória.”
“Principal
obra de Henri Bergson, Prêmio Nobel de Liberatura de 1927, A
evolução criadora (1907) representou uma ruptura com as principais
correntes filosóficas do fim do século XIX. Diante da apologia do saber
científico, rigoroso, das rígidas leis do determinismo, Bergson lança
a afirmação de que a totalidade tem a mesma natureza do indivíduo, de um
movimento incessante, um impulso de liberdade criadora que transforma de forma
irrefreável a matéria. O filósofo francês discorre sobre o problema da
existência humana e assevera que a mente – energia pura, impulso vital – é
responsável por toda evolução orgânica.”
Em contraponto, acrescentei essa exposição do Prof. Franklin Leopoldo e Silva:
Bergson e a Religião - https://www.youtube.com/watch?v=4tuEFJii9xs
(Grifos e Destaques meus)
______.
BERGSON,
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criadora. São Paulo: Editora Unesp, 2010.
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