Por estar "na esteira" dessas discussões, de há alguns anos pra cá, retorno sempre aos clássicos.
Aqui, sem sair das leituras tradicionais, retorno à discussão entre Leibniz e Locke.
Os
Novos ensaios sobre o entendimento humano apresentam a teoria do conhecimento
de Leibniz e sua crítica ao empirismo clássico de John Locke. Vê-se abaixo um pouco do teor do debate que se estabelece na obra de Leibniz sobre a obra de Locke:
“Ora, a reflexão não constitui outra
coisa senão uma atenção àquilo que está em nós, já que os sentidos não nos dão
aquilo que já trazemos dentro de nós. Sendo assim, poder-se-á porventura negar
que existem muitas coisas inatas no nosso espírito, visto que somos por assim
dizer, inatos a nós mesmos? Poder-se-á negar que existe dentro de nós tudo isto:
Ser, Unidade, Substância, Duração, Mudança, Ação, Percepção, Prazer e mil
outros objetos das nossas ideias intelectuais? E se tais objetos são mediatos
ao nosso entendimento e sempre presentes (ainda que não sejam sempre percebidos,
devido às nossas distrações e necessidades), por que admirar-se ante a
afirmação de que tais idéias nos são inatas, juntamente com tudo o que delas
depende?
[...]
Assim sendo, inclino-me a crer que,
no fundo, a opinião do nosso autor não difere da minha, ou melhor, da opinião
geral, na medida em que esta reconhece duas fontes dos nossos conhecimentos, a
saber, os sentidos e a reflexão
Na leitura, à medida que se avança, podemos também notar que longo da obra Leibniz discute a questão inatismo para o conhecimento da moral e da
metafísica. Uma das questões que nos fizeram retornar a essa obra é uma possível
abordagem da subjetividade humana.
Mas,
quanto ao que se refere à crítica de Leibniz ao Ensaio sobre o entendimento humano de Locke, a maneira com que dá a aquisição do conhecimento e as idéias inatas.
Locke defende que os sentidos são como janelas da alma, ou seja:
a) “Afirmar que uma noção está
impressa na mente e, ao mesmo tempo, afirmar que a mente a ignora e jamais teve
dela qualquer conhecimento, implica reduzir estas impressões a nada” (LOCKE).
O
que Leibniz analisa é o fato, segundo ele, de que Locke não teria aprofundado nos estudos
sobre o significado de idéias inatas e dos sentidos. Defende que as idéias inatas
estão na alma e que os sentidos as colocam em movimento.
b) "Ora, a reflexão não constitui outra coisa senão
uma atenção àquilo que está em nós, já que os sentidos não nos dão aquilo que
já trazemos dentro de nós” (LEIBNIZ).
Prossigo ...
______.
LEIBNIZ. G. W. Novos ensaios sobre o entendimento humano. Lisboa: Edições Colibri,
1993
LOCKE, John. Ensaio sobre o entendimento humano. São
Paulo: Martins Fontes, 2012.
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