sexta-feira, 4 de maio de 2018

REFLEXÃO PARA A MANHÃ


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DEVANEIOS DE UM CAMINHANTE SOLITÁRIO...

E, a recordar ...  


“De agora em diante, tudo que é exterior a mim me é estranho [...] não tenho mais próximo [...] Estou na terra como num planeta estranho, onde teria caído [...] somente em mim encontro a consolação [...] não devo nem quero ocupar-me senão comigo mesmo. [...] Consagro meus últimos dias a estudar-me a mim mesmo [...] Entreguemo-nos inteiramente à doçura de conversar com minha alma, já que é a única coisa que os homens não me podem tirar. Se, à força de refletir sobre minhas disposições interiores, consigo pô-las em melhor ordem e corrigir o mal que nelas pode ter ficado, minhas meditações não serão inteiramente inúteis e embora não sirva mais para nada na terra, não terei perdido completamente meus últimos dias. Os lazeres de minhas caminhadas diárias foram freqüentemente preenchidos por contemplações encantadoras das quais tenho o desgosto de ter perdido a lembrança. Fixarei pela escrita as que ainda poderei ter; cada releitura me devolverá sua alegria."
.... 
“Uma situação tão singular merece seguramente ser examinada e descrita, e é a esse exame que consagro meus últimos lazeres [...] Contentar-me-ei em manter o registro das operações sem procurar reduzi-las a um sistema. [...] eu não escrevo meus devaneios senão para mim. [...] sua leitura me lembrará a doçura que experimento ao escrevê-los [os devaneios] e, fazendo renascer assim, para mim, o tempo passado, duplicará, por assim dizer, minha existência. [...] viverei decrépito, comigo mesmo, numa outra época, como viveria com um amigo menos velho.”


______.
(ROUSSEAU, J.-J. Os Devaneios do Caminhante Solitário. Porto Alegre: L&PM, 1995, p. 26 - 27).”

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