"Stoa de Átalo - Atenas"
Dos "exercícios" aos sinais de progresso segundo Epictetus.
Cabe destacar antes que a noção de "exercícios espirituais" que aparecem em vários autores contemporâneos não coincide com a maneira de entender a prática da filosofia dos estoicos. Para aprender mais sobre esse tema recorri e recomendo uma palestra do prof. Aldo Dinucci, durante o III Colóquio sobre Epicteto, conforme o link anexado no final do texto. Aqui, já no início do texto da tradução apresentada e discutida no evento para essa compreensão do tema, lemos que:
[52.1] O primeiro e mais necessário tópico da filosofia é o da aplicação dos princípios, por exemplo: “Não sustentar falsidades”. O segundo é o das demonstrações, por exemplo: “Por que é preciso não sustentar falsidades?” O terceiro é o que é próprio para confirmar e articular os anteriores, por exemplo: “Por que isso é uma demonstração? O que é uma demonstração? O que é uma consequência? O que é uma contradição? O que é o verdadeiro? O que é o falso?” [52.2] Portanto, o terceiro tópico é necessário em razão do segundo; e o segundo, em razão do primeiro – mas o primeiro é o mais necessário e onde é preciso se demorar. Porém, fazemos o contrário: pois no terceiro despendemos nosso tempo, e todo o nosso esforço é em relação a ele, mas do primeiro descuidamos por completo. Eis aí porque, por um lado, sustentamos falsidades e, por outro, temos à mão como se demonstra que não é apropriado sustentar falsidades.
Não faz muito tempo tenho estudado mais detidamente a filosofia estoica, com objetivos exclusivamente pessoais. E, tenho lido atentamente o Encheirídion, traduzido pelo prof. Aldo Dinucci, uma espécie de “Manual de bolso” que teria sido elaborado pelo aluno de Epictetus, Flávio Arriano, a partir das Diatribes, aulas que teria assistido, portanto, e que resultaram no Encheirídion. A Filosofia estoica, como tenho anotado aqui, nesse blog, tem notória relação com as ideias de Sócrates.
Cabe destacar antes que a noção de "exercícios espirituais" que aparecem em vários autores contemporâneos não coincide com a maneira de entender a prática da filosofia dos estoicos. Para aprender mais sobre esse tema recorri e recomendo uma palestra do prof. Aldo Dinucci, durante o III Colóquio sobre Epicteto, conforme o link anexado no final do texto. Aqui, já no início do texto da tradução apresentada e discutida no evento para essa compreensão do tema, lemos que:
[52.1] O primeiro e mais necessário tópico da filosofia é o da aplicação dos princípios, por exemplo: “Não sustentar falsidades”. O segundo é o das demonstrações, por exemplo: “Por que é preciso não sustentar falsidades?” O terceiro é o que é próprio para confirmar e articular os anteriores, por exemplo: “Por que isso é uma demonstração? O que é uma demonstração? O que é uma consequência? O que é uma contradição? O que é o verdadeiro? O que é o falso?” [52.2] Portanto, o terceiro tópico é necessário em razão do segundo; e o segundo, em razão do primeiro – mas o primeiro é o mais necessário e onde é preciso se demorar. Porém, fazemos o contrário: pois no terceiro despendemos nosso tempo, e todo o nosso esforço é em relação a ele, mas do primeiro descuidamos por completo. Eis aí porque, por um lado, sustentamos falsidades e, por outro, temos à mão como se demonstra que não é apropriado sustentar falsidades.
Não faz muito tempo tenho estudado mais detidamente a filosofia estoica, com objetivos exclusivamente pessoais. E, tenho lido atentamente o Encheirídion, traduzido pelo prof. Aldo Dinucci, uma espécie de “Manual de bolso” que teria sido elaborado pelo aluno de Epictetus, Flávio Arriano, a partir das Diatribes, aulas que teria assistido, portanto, e que resultaram no Encheirídion. A Filosofia estoica, como tenho anotado aqui, nesse blog, tem notória relação com as ideias de Sócrates.
Destaco ainda que é perceptível também, na obra de Epictetus, como visto acima em 51.1 e 52.2, uma divisão da Filosofia em três partes:
a) a primeira parte: amplamente relacionada à aplicação dos princípios estoicos;
b) na
segunda a recomendação de que tais princípios sejam demonstrados;
c) e,
por último, trata detidamente das demonstrações.
Segundo Epictetus, a primeira divisão é a mais fundamental, porém, alerta para o fato de que geralmente damos mais valor à última divisão.
Temos
de agir agora, pois, se ficarmos
apenas nos projetos de vida, não progrediremos.
E,
serão sinais de progresso os que vão
anotados abaixo, extraídos do Encheirídion,
de Epictetus; tema que, aliás desenvolvi em uma palestra que fiz recentemente e estou desenvolvendo para um capítulo de livro:
“[48.b1] Sinais de quem progride: não recrimina
ninguém, não elogia ninguém, não acusa ninguém, não reclama de ninguém. Nada
diz sobre si mesmo – como quem é ou o que sabe. Quando, em relação a algo, é
entravado ou impedido, recrimina a si mesmo. Se alguém o elogia, se ri de quem
o elogia. Se alguém o recrimina, não se defende. Vive como os convalescentes,
precavendo-se de mover algum membro que esteja se restabelecendo, antes que se recupere.
[48.b2] Retira de si todo o desejo e transfere a
repulsa unicamente para as coisas que, entre as que são encargos nossos, são
contrárias à natureza. Para tudo, faz uso do impulso amenizado. Se parecer
insensato ou ignorante, não se importa. Em suma: guarda-se atentamente como um
inimigo traiçoeiro”.
Essa reflexão, como já indicado no início do texto, tem como objetivo fundamental apreender os conceitos e avançar na aplicação sem cair, erroneamente, numa espécie de "auto-ajuda" como fazem alguns leitores contemporâneos.
______.
Link:
https://www.academia.edu/36272847/Confer%C3%AAncia_de_Aldo_Dinucci_no_III_Col%C3%B3quio_Brasileiro_sobre_Epicteto_no_dia_9_de_mar%C3%A7o_de_2018_na_Unisinos_S%C3%A3o_Leopoldo_-RS_
Essa reflexão, como já indicado no início do texto, tem como objetivo fundamental apreender os conceitos e avançar na aplicação sem cair, erroneamente, numa espécie de "auto-ajuda" como fazem alguns leitores contemporâneos.
______.
Link:
https://www.academia.edu/36272847/Confer%C3%AAncia_de_Aldo_Dinucci_no_III_Col%C3%B3quio_Brasileiro_sobre_Epicteto_no_dia_9_de_mar%C3%A7o_de_2018_na_Unisinos_S%C3%A3o_Leopoldo_-RS_
IBLIOGRAFIA SEMPRE CONSULTADA
(ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012).
DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.
DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.
EPICTETO. Entretiens. Livre I. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.
______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)
______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.
EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; Fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.
LONG, Georg. Discourses of Epictetus, with Encheiridion and fragments. Londres: Georg Bell and sons, 1890.
SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.
SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.
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