quinta-feira, 18 de abril de 2019

BUSCAR O MELHOR É SÓ UM DEVER

peace

(IMAGEM: Pinterest)


Marquinhos

“Passeia sozinho, conversa contigo mesmo”
(EPICTETUS, Diatribes, III, 14, 1)


Ainda "medito andando" e decidi, há algum tempo, como tenho registrado aqui nesse blog, aprofundar lenta e sistematicamente à medida que se desenvolve, a intensa busca por "eustatheia" (tranquilidade) e "euthymia" (crença em si). 

Estabelecido, desde o início, como projeto de ‘”passar em revista” e corrigir, os velhos hábitos. Retomado, persisto e prossigo o conselho sugerido por filósofos estóicos como especificamente Sêneca, Epictetus, Musônius e Marco Aurélio. A estes acrescento, na medida da necessidade de aprendizagem constante, outros, entre os clássicos que me forem surgindo ou sugeridos.

Para isso, como sugerem os estóicos, adotei pelas manhãs a reflexão matinal e à noite, a meditação retrospectiva noturna. A essa metodologia acrescento as caminhadas, a “meditação andado”, de Thich Nhat Hahn.

No entanto, como se pode notar, o objetivo não é o de exercitar o corpo. Não!

É momento importante de, após tanto trabalho, dificuldades, insucessos, tudo parecendo obstáculos insuperáveis, faço o caminho inverso, de resistência verdadeira, construtiva, constituinte de um novo posicionamento existencial. Um retumbante “não” à amargura e à incredulidade.

Isso o que me levou, nessa trajetória, a refletir em oposição a certos hábitos antigos, posso expressar nessa frase dita pelo imperador e filósofo estóico, Marco Aurélio:

"Meu único medo é fazer algo contrário à natureza humana ;  a coisa errada, do jeito errado, ou no momento errado." (Meditações. VII . 20)

Ademais, percebi o quanto é mais saudável, ainda que as mazelas do corpo persistam e, por vezes, saírem, de certa forma, vencedoras e maceram a alma. Não! Estabeleci que é essa última que deve, de uma vez por todas assumir o controle da existência e, independentemente das agruras. Sobre tal resolução, andei pensando bastante na frase abaixo, de Sêneca, outro estóico:

“Recolhe-te a estas coisas mais tranquilas, mais seguras, melhores! [...] elevar-se às coisas sagradas e sublimes para conhecer qual é a substância de Deus, seu prazer, sua condição, sua forma, que destino guarda a tua alma, que lugar a Natureza nos destina após nos separarmos do corpo [...].” (SÊNECA. Sobre a brevidade da vida, XIX, 1).

Será fácil e recorrente o desejo de desistir; dado o não reconhecimento imediato e os resultados não estarem associados aos aplausos da multidão. Mesmo assim, estar só é o recomendável, nesse empreendimento.

______.
DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Livro II. 1)

PRITCHARD, M. “Philosophy for Children”. Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2002. Acessado em 19 de agosto de 2016;
Fonte: http://plato.stanford.edu/entries/children/ .

SÉNECA, Lúcio Aneu. Sobrea brevidade da vida. Porto Alegre, RS: L&PM, 2007.



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