Marquinhos
“Passeia sozinho,
conversa contigo mesmo”
(EPICTETUS, Diatribes, III, 14, 1)
Ainda
"medito andando" e
decidi, há algum tempo, como tenho registrado aqui nesse blog, aprofundar lenta
e sistematicamente à medida que se desenvolve, a intensa busca por "eustatheia" (tranquilidade)
e "euthymia" (crença
em si).
Estabelecido, desde o início, como projeto de ‘”passar em revista” e corrigir, os velhos hábitos. Retomado, persisto e prossigo o conselho sugerido por filósofos estóicos
como especificamente Sêneca, Epictetus, Musônius e Marco Aurélio. A estes acrescento, na medida
da necessidade de aprendizagem constante, outros, entre os clássicos que me
forem surgindo ou sugeridos.
Para isso, como sugerem
os estóicos, adotei pelas manhãs a reflexão
matinal e à noite, a meditação
retrospectiva noturna. A essa metodologia acrescento as caminhadas, a “meditação andado”, de Thich Nhat Hahn.
No entanto, como se pode notar, o objetivo não é o de exercitar o corpo. Não!
É momento importante de,
após tanto trabalho, dificuldades, insucessos, tudo parecendo obstáculos
insuperáveis, faço o caminho inverso, de resistência verdadeira, construtiva,
constituinte de um novo posicionamento existencial. Um retumbante “não” à
amargura e à incredulidade.
Isso o que me levou,
nessa trajetória, a refletir em oposição a certos hábitos antigos, posso
expressar nessa frase dita pelo imperador e filósofo estóico, Marco Aurélio:
"Meu
único medo é fazer algo contrário à natureza humana ; a coisa errada, do jeito
errado, ou no momento errado." (Meditações. VII . 20)
Ademais, percebi o quanto
é mais saudável, ainda que as mazelas do corpo persistam e, por vezes, saírem, de certa forma, vencedoras e maceram a alma. Não! Estabeleci que é essa última que deve, de uma vez por todas
assumir o controle da existência e, independentemente das agruras. Sobre tal resolução, andei pensando bastante na frase abaixo, de Sêneca, outro estóico:
“Recolhe-te
a estas coisas mais tranquilas, mais seguras, melhores! [...] elevar-se às
coisas sagradas e sublimes para conhecer qual é a substância de Deus, seu
prazer, sua condição, sua forma, que destino guarda a tua alma, que lugar a
Natureza nos destina após nos separarmos do corpo [...].”
(SÊNECA. Sobre a brevidade da vida, XIX,
1).
Será fácil e recorrente o
desejo de desistir; dado o não reconhecimento imediato e os resultados não
estarem associados aos aplausos da multidão. Mesmo assim, estar só é o
recomendável, nesse empreendimento.
______.
DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion
de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.
EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.
______. O Encheirídion de
Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS,
2012. (Edição Bilíngue)
______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.
EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928. https://www.loebclassics.com/
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.
MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Livro II. 1)
PRITCHARD, M. “Philosophy for Children”. Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2002. Acessado em 19 de agosto de 2016;
Fonte: http://plato.stanford.edu/entries/children/ .
SÉNECA, Lúcio Aneu. Sobrea brevidade da vida. Porto Alegre, RS: L&PM, 2007.
SÉNECA, Lúcio Aneu. Sobrea brevidade da vida. Porto Alegre, RS: L&PM, 2007.
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