sexta-feira, 21 de junho de 2019

TRATADO DO HOMEM: UNIÃO MENTE-CORPO


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Uma pausa nos trabalhos, na pesquisa; enquanto acompanho palestra de um grande amigo, redigi um resumo das primeiras páginas que reli dessa obra, há pouco...

O Tratado do Homem (Traité de l’Homme), de René Descartes, publicado pela primeira vez, em 1662, em latim, através de tradução feita por Florent Shuyl, que era doutor em filosofia pela universidade de Utrecht e doutor em medicina pela escola de Leyde. Dois anos mais tarde, em 1664, Claude Clerselier, que era advogado no Parlamento em Paris e filósofo cartesiano, publicou o texto francês.

O tema de Descartes é o corpo material naquilo que se refere a noções de fisiologia, funções e movimentos de órgãos físicos, que ele explica por mecanismos que ele criou por dedução, certamente a partir das dissecações de animais das quais participou.

"[..] a fim de que se note que o corpo, tomado em geral, é uma substância, razão pela qual também ele não perece de modo algum; mas que o corpo humano, na medida em que difere dos outros corpos, não é formado e composto senão de certa configuração de membros e outros acidentes semelhantes; e a alma humana, ao contrário não é assim composta de quaisquer acidentes, mas é uma pura substância (...) é, no entanto, sempre a mesma alma; ao passo que o corpo humano não mais é o mesmo pelo simples fato de se encontrar mudada a figura de alguma de suas partes. Donde se segue que o corpo humano pode facilmente perecer, mas que o espírito ou a alma do homem [...] é imortal por sua natureza (DESCARTES, 1649/1983, p. 80)"*.

...

Logo no início diz Descartes, diz:

Esses homens [descritos em seu Tratado] serão compostos, como nós, de uma alma e de um corpo. É necessário que eu vos descreva, primeiramente, o corpo à parte, depois a alma também separadamente, e, enfim, que eu vos mostre como essas duas naturezas (natures) devem estar juntas e unidas para compor os homens que nos assemelham. (DESCARTES, 2009, p. 249)

Portanto, Descartes fala, no início da obra, não da separação (distinção) do corpo e alma, mas sim, ao contrário, de sua união (relação) para comporem o ser humano.

No texto de L’Homme o filósofo escreve apenas sobre o corpo. Em outras obras Principia Philosophiae e em Passions de l’âme é que falará da alma e da necessidade “de estarem juntas e unidas”, como aparece acima.

Aqui, portanto, o que pretendo desenvolver, posteriormente, é o que pude ler em seu livro L'Hommme, a maneira com que Descartes explica; como e por que essa união pode ser pensada e em seguida "As paixões da alma" e demais obras anotadas ao final.

A novidade de Descartes é que é a explicação para os movimentos daquilo que não era visível ao anatomista, de como funcionam os órgãos e demais partes do corpo, inclusive as muito pequenas, pode ser notada no que ele diz abaixo, por exemplo:

Para aquelas que, por causa de sua pequenez, são invisíveis, eu poderei fazer com que as conheçais mais facilmente e mais claramente, falando dos movimentos que delas dependem; de modo que aqui é suficiente que eu explique sequencialmente esses movimentos, e que eu vos diga, do mesmo modo, quais são aquelas de nossas funções que eles representam. (DESCARTES, 2009, p. 253).

(em desenvovimento)


______.

BIBLIOGRAFIA


DESCARTES, R. Oeuvres. Org. C. Adam e P. Tannery. Paris: Vrin, 1996. 11v. [indicadas no texto como Ad & Tan]

 _______. Descartes: oeuvres et lettres. Org. André Bidoux. Paris: 
Gallimard, 1953. (Pléiade).

______. Discursos do MétodoMeditaçõesObjeções e Respostas; As Paixões da AlmaCartas. (Introdução de Gilles-Gaston Granger; prefácio e notas de Gerard Lebrun; Trad. de J. Guinsberg), Bento Prado J. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (Os Pensadores).

______. O mundo (ou Tratado da luz) e O Homem. Apêndices, tradução e notas: César Augusto Battisti, Marisa Carneiro de Oliveira Franco Donatelli. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2009.

DICTIONNAIRE Philosophique - édition Garnier Frères (1878). Disponível em: https://fr.wikisource.org/wiki/Wikisource:Index_des_auteurs.

GUEROULT, M. Descartes selon l’ordre des raisons. Paris: Aubier-Montaigne, 1955. 2v.

TEIXEIRA, L. Ensaio sobre a Moral de Descartes. 1955. 222p. Tese (Cátedra) – Faculdade de Filosofia Ciências e Letras. São Paulo, 1955.

VUILLEMIN, J. Mathématiques et métaphisyque chez Descartes. Paris: PUF, 1960.

WOLFF, F. Nossa humanidade: de Aristóteles às neurociências. Trad. Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Editora Unesp, 2012




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