(IMAGEM: "Pinterest")
Mantém livre o seu princípio diretor!
"Apaga a imaginação; acalma o
impulso; extingue o desejo: domina a tua alma." (MARCO AURÉLIO. Meditações. IX,7)
Prosseguindo com as
reflexões, estabelecidas já há algum tempo, como projeto na reforma da conduta pessoal para melhor compreensão do que seja desenvolver e aplicar a virtude, decidi
investir em aprimorar as emoções nesse sentido, exatamente por pressupor que
tais podem ser revertidas, ao contrário de concepções mirabolantes que dominam o "mercado", em força interior, para resistir aos assaques ou
provocações externas.
E, para uma consideração desse elemento na
constituição da imperturbável tranquilidade da alma, vale considerar,
antes, de anotar o que escolhi dos estoicos para o dia que começava, hoje, um trecho da uma obra de Descartes.
Diz Descartes, em sua
obra sobre “As paixões da alma”, ponto de partida da reflexão da manhã:
"Ora, visto que
essas emoções interiores nos tocam mais de perto e têm, por conseguinte, muito
mais poder sobre nós do que as paixões que se encontram com elas, e das quais
diferem, é certo que, contanto que a alma tenha sempre do que se contentar em
seu íntimo, todas as perturbações que vêm de outras partes não dispõem de poder
algum para prejudicá-la. Servem, antes, para lhe aumentar a alegria, pelo fato
de, vendo que não pode ser por elas ofendido, conhecer com isso a sua própria
perfeição. E, para que a nossa alma tenha assim do que estar contente, precisa
apenas seguir estritamente a virtude. Pois quem quer que haja vivido de tal
maneira que sua consciência não possa censurá-lo de alguma vez ter deixado de
fazer todas as coisas que julgou serem as melhores (que é o que chamo aqui
seguir a virtude), recebe daí uma satisfação tão poderosa para torná-lo feliz
que os mais violentos esforços da paixão nunca têm poder suficiente para
perturbar a tranqüilidade de sua alma".
Ora,
A imperturbável paz de
espírito (ataraxía - ἀταραξία):
Um dos pontos centrais da
filosofia estoica: a conquista da felicidade por meio da ataraxia, um ideal de
imperturbável tranquilidade em que seria possível viver de forma serena e com
absoluta paz de espírito. E, o estoicos, defendiam e ensinavam que o homem só
pode alcançar plena felicidade mediante aquisição de virtudes e aperfeiçoamento
dos conhecimentos.
A tranquilidade (apátheia - ἀπάθεια):
A tranquilidade (apátheia - ἀπάθεια):
Na busca pela vida
tranquila e feliz, a proposta da filosofia estoica era de que os fatores
externos que comprometessem a perfeição moral e intelectual devem ser
ignorados, superados, tratados com apátheia. Mesmo nas dificuldades, a reação
indicada ao ser humanos, era sempre agir com muita calma e tranquilidade, sem que fatores externos perturbem nossa capacidade de julgar ou reagir.
Portanto, nesta caminhada, como também já citado aqui, de Séneca (2014):
"Sempre que queiras
saber qual a atitude a evitar ou a assumir, regula-te pelo bem supremo,
pelo objetivo de toda a tua vida. Todas as nossas ações devem conformar-se com
o bem supremo: somente é capaz de determinar as ações individuais o homem
que possui a noção do objetivo supremo da vida".
____.
ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion
de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci;
Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão.
Universidade Federal de Sergipe, 2012).
DESCARTES, René. As paixões da alma. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.
EPICTETO. Entretiens. Livre I. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.
______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.
EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; Fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.
(SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian. Livro VIII - "Carta 71", 2014).
Nenhum comentário:
Postar um comentário