“Bem-aventurado
silêncio. Feliz o homem que nada sabe e nada deseja.” (Angelus
Silesius 1624-1677)
Em meio a tanto barulho e vozerio, "medito
andando" (atualmente não muito, e com muito cuidado) e decidi isso há anos, na tentativa de aprofundar-me sistematicamente numa intensa busca por "eustatheia" (tranquilidade)
e "euthymia" (crença em si).
É projeto em andamento “há
séculos”, às vezes, por descuido, interrompido. Mas, retomado sigo o
conselho sugerido pelos estoicos; mais
especificamente Sêneca, Epictetus e Marco Aurélio.
Como aqui, num lembrete
de Epictetus, por exemplo:
"Pergunte-se o seguinte no início da manhã:
O que está faltando para que eu me liberte da paixão?
E para alcançar a tranquilidade?
O
que sou eu? Um corpo, um dono de propriedades ou uma reputação?
Nenhuma
dessas coisas.
O
que, então? Um ser racional.
O
que, então, é exigido de mim?
Meditar
sobre as minhas ações.
Como
eu me afastei da serenidade?
O
que eu fiz de hostil, indiferente e não-social?
O
que eu falhei em fazer em todos esses momentos? - (Epictetus)".
Feito isso, devo aplicar-me em desenvolver o seguinte:
"Das
coisas que são encargos nossos, todas quantas seria belo desejar, nenhuma está
ao teu alcance ainda. Assim, faz uso somente do impulso e do refreamento, sem
excesso, com reserva e sem constrangimento." (Epictetus)
Pois:
"Se
você não deseja perder a cabeça, não alimente o hábito. Tente, como primeiro
passo, manter-se calmo e conte os dias que você não se irritou. Eu costumava me
irritar todos os dias, depois a cada dois dias, então a cada três ou quatro
dias… Se você chegar a 30 dias, agradeça aos deuses! Porque primeiro um hábito
é enfraquecido e depois obliterado. Quando você puder dizer: 'Eu não perdi
minha calma hoje, ou no próximo dia, ou nos próximos três ou quatro meses, mas
me mantive sereno enquanto sofria provocações', você saberá que está com a
saúde melhor." (Epictetus)
Acrescente-se ainda que,
à medida que me informam sobre o que de "pior" circula em torno a
nós:
"Sempre
que notícias perturbadoras chegarem até você, lembre-se de que notícias nunca
se referem a algo dentro de sua esfera de ação. (Epictetus)".
Pelo que me consta,
portanto, a considerar o que realmente importa ou pode e deve ser feito, tudo
ainda está por realizar.
Prossigo!
______.
SUGESTÃO DE LEITURAS
DINUCCI, A.; JULIEN,
A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra:
Imprensa de Coimbra, 2014.
DINUCCI, A. Fragmentos menores de Caio Musônio Rufo; Gaius Musonius Rufus Fragmenta Minora. In: Trans/Form/Ação. vol.35 n.3
Marília, 2012.
______. Diatribes 12 e 13 de Musônio Rufo: sobre
coisas relativas a Afrodite e casamento. In: Revista Crítica
Histórica, v. 7, p. 348, 2013.
Disponível em:
http://www.revista.ufal.br/criticahistorica/index.php?option=com_content&view=article&id=178:diatribes12e13demusoniorufo&catid=87:documentacao&Itemid=63 (26.03.2021).
______. Introdução ao Manual de Epicteto. 3 ed. São Cristóvão: EdiUFS, 2012.
DIÓGENES LAÉRCIO. Lives of Eminent Philosophers, vol. I, II. Trad. R. D. Hicks. Harvard: Loeb Classical Library, 1925.
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations
of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.
HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz
interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
______. Silêncio: o
poder da quietude em um mundo barulhento. Rio de Janeiro, RJ: Harper Collins,
2018.
MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril
Cultural, 1973. (Livro II. 1).
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