Dizia Musônio Rufo a alguém que se sentia cansado e derrotado:
“Por que estás
parado? Pelo que esperas? Que o próprio Deus, estando ao teu lado, dirija-te a
palavra? Corta a parte morta da tua alma, e conhecerás Deus”.
Manhã de chuvinha boa,
após muito trabalho e estudos para a redação dos textos, uma recordação,
enquanto relia a obra, agora mesmo... Também, revisitei outras para pensar um
pouquinho no tema “felicidade”:
“Sossegai
comigo à sombra das árvores verdes, em que não pesa mais pensamento que o
secarem-lhes as folhas quando vem o outono, ou esticarem múltiplos dedos hirtos
para o céu frio do inverno passageiro. Sossegai comigo e meditai quanto o
esforço é inútil, a vontade estranha; e a própria meditação, que fazemos, nem
mais útil que o esforço, nem mais nossa que a vontade. Meditai também que uma
vida que não quer nada não pode pesar no decurso das coisas, mas uma vida que
quer tudo também não pode pesar no decurso das coisas, porque não pode obter
tudo. E o obter menos que tudo não é digno das almas que solicitam a verdade.” (PESSOA,
Fernando. Poema Inédito. -
Orientação, coordenação e prefácio de Teresa Rita Lopes -. Lisboa: Livros
Horizonte, 1993).
"Pois
quem quer que haja vivido de tal maneira que sua consciência não possa
censurá-lo de alguma vez ter deixado de fazer todas as coisas que julgou serem
as melhores (que é o que chamo aqui seguir a virtude), recebe daí uma
satisfação tão poderosa para torná-lo feliz que os mais violentos esforços da
paixão nunca têm poder suficiente para perturbar a tranqüilidade de sua
alma". (DESCARTES, René. As paixões da alma. São Paulo: Martins Fontes, 1998).
Ocorreu-me, ainda, em época de
resoluções... de reciclagens e rupturas... uma leve esperança... ao saudar a beleza desse texto.
_____.
"Felicidade
Disfarça a pena de viver, mais nada:
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,
E nunca a pomos onde nós estamos".
(VICENTE DE CARVALHO)
______.
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