domingo, 16 de janeiro de 2022

ÉTICA, BIOÉTICA, FILOSOFIA E CUIDADOS: REFLEXÕES SOBRE "FINITUDE" (III)

(IMAGEM: "Pinterest")

 Mais uma vez, seguindo com as reflexões sobre um tema bastante filosófico!

“Quem se concentra na busca das coisas exteriores mostra que as valoriza mais que os bens interiores (que são adquiridos através de reflexão e uma prática que esteja em conformidade com essa reflexão). Sendo assim, necessariamente deixará em segundo plano a busca pelos bens interiores.”  (EPICTETO. trad. Aldo Dinucci)

Cabendo ressaltar, logo de início que apesar da abordagem muito ampla; com temas muito distantes das minhas leituras habituais; alguns trabalhos estão entre os temas, que me interessam bastante e tem, alguma vinculação com as minhas leituras e pesquisa; as que registro, geralmente, aqui, nessa página.

São temas que aparecem já na base da reflexão filosófica desde a Antiguidade; no "estoicismo", e por exemplo, em "Epicteto".Sobre a denominada "morte", quem me conhece mais de perto sabe o suficiente do meu interesse de há muitos anos. Aqui, uma oportunidade de reflexão sobre a temática em novas chaves de interpretação: mais um desafio! Aparecem no texto, em certa medida, também os temas sobre éticabioética e fundamentalmente, claro, a filosofia

Foi assim que agora pela manhã, mais uma vez reli um livro do Sêneca que teria influenciado, como se sabe, grandes pensadores, Michel de Montaigne (1533-1592), nos Ensaios reuniu uma grande quantidade de textos independentes entre si e com diversos temas.

Falando da natureza, da capacidade humana em refletir e até sobre a tristeza, a vaidade dos homens. Montaigne: um “humanista radical”?, um “precursor do Iluminismo”?.

Aqui, destaco um de seus textos dos Ensaios, no Livro I da obra do autor, em que afirma "Que filosofar é aprender a morrer", refletindo sobre a vida e a morte. Assim, enquanto lembro este texto dos Ensaios, proponho, na verdade, uma leitura de uma coletânea de Cartas de Sêneca, selecionadas pela professora Renata Cazarini de Freitas (UFF), sobre “Edificar-se para a morte”. São dois autores, Sêneca e Montaigne, que viveram em épocas distantes; nem sempre a mesma reflexão ou conclusões sobre os temas, mas a tentativa é de refletir sobre um tema que não deve ser “tabu” para alguém que pretenda "filosofar".

Segue, portanto, a sugestão da obra (uma coletânea sobre o tema nas Cartas de Sêneca) que acabei de ler, agora pela manhã: “Edificar-se para a morte: das cartas morais a Lucílio”.

À esta obra, portanto, acrescento, bibliografia que tem me ajudado a pensar sobre o assunto. Algumas conclusões dos autores não são as mesmas a que chego ou prefiro, mas o tema e as reflexões são de extrema importância por aqui... E, a ele tenho me dedicado nos intervalos da pesquisa principal.

A constante reflexão sobre este tema me levou hoje a este livro, publicado recentemente e que estou lendo. Escrito por Marcelo A. Pirateli "Diante da finitude: um estudo sobre a condição humana e a educação para a morte no pensamento de Sêneca." Conforme a descrição da obra abaixo pude perceber a relação com alguns pontos do tema em outras obras que tenho estudado e adicionei, como disse acima, na bibliografia .

“O pensamento de Sêneca se caracterizou por centrar o seu interesse na pessoa, interiorizando a vida moral e defendendo a dignidade humana. Em seus escritos também se evidencia a preocupação com a formação do homem ideal, aquele que seria capaz de viver com sabedoria. No entanto, em seu drama existencial, o homem defronta-se, inevitavelmente, com um grande mal: o medo da morte. Essa preocupação com a morte se destaca em seu pensamento filosófico, consistindo a tomada de consciência dessa realidade em um princípio de sua moral: a mortalidade enquanto condição natural. Quando incapaz de aceitar essa realidade e controlar seu medo, o homem prejudica seu projeto de caminhar rumo à sabedoria e à felicidade. Para Sêneca, cabia ao homem identificar os males a que estava sujeito, buscando constantemente sua perfeição. Outrossim, para atingir este ideal de perfeição, deveria o homem estar em conformidade com sua própria natureza e afastar-se daquilo que lhe pudesse retirar desse caminho, o que somente seria possível de se alcançar com a superação do medo da morte. Caberia ao homem refletir sobre o sentido da vida e da morte. Portanto, em Sêneca, uma verdadeira educação pressupõe uma educação para a morte, pois isso proporcionaria ao homem a tomada de consciência sobre sua condição, sobre sua fragilidade e sobre a mortalidade em si. Com isso, a morte não seria entendida como causa de angústia e sofrimento.”

(Os grifos e destaques são meus)

Voltando à pesquisa...

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