Como já escrevi aqui no
Blog, para mim o problema do mal (bem resolvida) não tem
origem no “Criador”. Mas, essa reflexão de alaguns anos para cá, também ontem e
de hoje, enquanto escrevo acabou me reconduzindo para alguns autores como Wolff,
Baumgartem; os moralistas ingleses, Hume; Berkeley,
Spinosa, Hobbes, Locke, e principalmente Immanuel Kant.
Neste sentido, agora mais
atentamente, retomei a releitura de alguns aspectos da filosofia de na obra de
Leibniz sobre o "problema do mal". E, a questão discutida aqui, por Leibniz
é exatamente:
“Como não atribuir
a Deus a responsabilidade por tudo que acontece de mal no mundo?
Segundo Leibniz,
essa é uma das questões que lançam em uma espécie de labirinto aqueles que
adotaram a fé cristã e não conseguem situar a suposta existência do
livre-arbítrio em um mundo governado por uma entidade que tudo sabe e tudo vê.
Traduzidos a partir do texto original francês, publicado pela primeira vez em
1710, os Ensaios de Teodiceia constituem um dos panoramas mais
precisos de todo o sistema leibniziano, ao buscar determinar os vários caminhos
desse labirinto e fornecer o "fio de Ariadne" para que se
encontre, enfim, sua saída. Fruto da obra de um filósofo que contava com mais
de 60 anos à época de sua elaboração, estes ensaios apresentam uma
impressionante enumeração de argumentos sobre a "doutrina da justiça
divina" - partindo da história da conformação entre fé e razão e chegando
à crítica aos tratados de Hobbes sobre a liberdade humana -, examinados
com a minúcia de um autor reconhecido por suas fundamentais contribuições para
a história da matemática e da lógica.”
O destaque aqui é a obra
de Paul Rateau. Nesse livro, “Paul Rateau traça a gênese e o
desenvolvimento do tratamento de G.W. Leibniz do problema do mal, desde
seus primeiros escritos até os Ensaios sobre a Teodicéia (1710). Ao
investigar o pensamento inicial de Leibniz sobre o que é o mal e de
onde ele vem, Rateau revela a natureza profundamente original do trabalho
posterior de Leibniz e os desafios que ele levanta. Rateau explora as maneiras
pelas quais o projeto teórico da Teodicéia, que integra inúmeras
disciplinas e várias estratégias argumentativas, informa e é influenciado por dois
objetivos mais práticos - justificar o fim das divisões
denominacionais entre católicos e protestantes e inculcar a
"verdadeira piedade" nos crentes. Ao prestar igual atenção ao
desenvolvimento intelectual e pessoal de Leibniz, Rateau oferece uma visão
holística do trabalho de filosofia mais profundo e sofisticado de Leibniz.
Rateau mostra como o jovem
Leibniz passa de sugerir que o autor do mal é o próprio Deus para
depois defender uma teoria original do necessitarismo (em A confissão de
um filósofo), que faz de Deus o primeiro elo da cadeia de seres que
constituem o mundo, mas que em última análise nega a responsabilidade de Deus
pelo pecado. Ao examinar o desenvolvimento teórico de Leibniz após 1673, ele
demonstra como Leibniz chega a uma estrutura revisada que forma a base para o
projeto da teodiceia. Depois de examinar os aspectos defensivos e doutrinários
da Teodicéia, Rateau mostra como a liberdade humana pode ser conciliada
com a liberdade divina no sistema de Leibniz. Recém-traduzido da edição
original francesa, o livro de Rateau oferece uma nova e importante nova interpretação
de Leibniz e atrairá os estudiosos de Leibniz e do pensamento moderno em geral.”
(Grifos e Destaques meus)
______.
ANTOGNAZZA, Maria
Rosa. The Oxford Handbook of Leibniz. Oxford University Press,
2018.
BUTLER, J; CLARKE, S;
HUTCHESON, F; MANDEVILLE, B; SHAFTESBURY, L; WOLLASTON, W. Filosofia
moral britânica: Textos do Século XVIII. Campinas, SP: Ed.
Unicamp, 2014.
CUNHA, Bruno. A gênese
da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.
GRAPOTTE, Sophie (Org.);
LEQUAN, Mai; RUFFING, Margit. Kant et les sciences: un
dialogue philosophique avec la pluralité des savoirs. Paris: Vrin, 2011.
______;
PRUNE-BRETINNET. Tinca, (dir.). Kant et Wolff: héritages
et ruptures. Paris: Vrin, 2011.
______. RUFFING,
Margit; TERRA, Ricardo.(dir.). Kant - la raison pratique: concepts
et héritages. Paris: Vrin, 2015.
KANT, Immanuel. Lições
de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora
Unesp, 2018.
______. Lições
sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.
______. Lições de
metafísica. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2021.
______. Réflexions
métaphysiques (1780-1789). Introduction, traduction et notes par
Sophie Grapotte, Docteur de l’Université de Bourgogne, membre du « Groupe
de travail sur la philosophie allemande du XVIIIe siècle » (CERPHI).
Paris: Vrin, 2011.
______. Fundamentação
da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de. São Paulo:
Discurso editoria: Barcarola, 2009.
______. Textos
pré-críticos. São Paulo: Editora Unesp, 2005.
______. Textos
seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
______. Investigação
sobre a clareza dos princípios da teologia e da moral. Lisboa:
Imprensa Casa da Moeda, 2007.
LEIBNIZ. G. W. Novos
ensaios sobre o entendimento humano. Lisboa: Edições Colibri, 1993.
______. Ensaios
de teodicéia. São Paulo: Estação Liberdade, 2013.
______; WOLFF, C; EULER,
L.P; BUFFON, G.-L; LAMBERT, J. H; KANT, I. Espaço e pensamento: textos
escolhidos. Organização de Márcio Suzuki (Org.). Tradução de Márcio Suzuki e
Outros. São Paulo: Editora Clandestina, 2019. 286.
LOCKE, John. Ensaio
sobre o entendimento humano. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
PHILONENKO, Alexis. L'Oeuvre
de Kant: la philosophie critique. Tome I. J. Paris: Vrin, 1996.
(col. Bibliothèque d'histoire de la philosophie)
RATEAU, Paul, author. Leibniz
on the problem of evil. New York: Oxford University Press, 2019.
SCHMUCKER. Josef. Die
Ursprünge der Ethik Kants in seinen vorkritischen Schriften und Reflektionen. Meisenheim:
A. Hain, 1961.
THEIS, Robert
(dir.). Théologie et religion. Paris: Vrin, 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário