segunda-feira, 9 de setembro de 2024

MEDITAÇÃO RETROSPECTIVA NOTURNA CLXIV: AINDA ENTRE KANT E HEGEL, A IMPORTÂNCIA DOS CLÁSSICOS E A STOA


Na Stoa - στοά :

Ainda entre A Filosofia de Immanuel Kant e Hegel, leitores de Rousseau, prosseguindo os estudos com a Filosofia clássica alemã e destacando a importância dos clássicos.

Terminava, há pouco, os trabalhos de pesquisa, fiz, como sempre, a última leitura do dia; reli alguns capítulos do "Devaneios de um caminhante solitário" e, num breve intervalo, agora, escrevi esse pequeno texto reforçando a busca de "Regularidade, continuidade e recolhimento" (LE), exatamente como proposto na "doutrina"!

DEVANEIOS DE UM CAMINHANTE SOLITÁRIO.

“De agora em diante, tudo que é exterior a mim me é estranho [...] não tenho mais próximo [...] Estou na terra como num planeta estranho, onde teria caído [...] somente em mim encontro a consolação [...] não devo nem quero ocupar-me senão comigo mesmo. [...] Consagro meus últimos dias a estudar-me a mim mesmo [...] Entreguemo-nos inteiramente à doçura de conversar com minha alma, já que é a única coisa que os homens não me podem tirar. Se, à força de refletir sobre minhas disposições interiores, consigo pô-las em melhor ordem e corrigir o mal que nelas pode ter ficado, minhas meditações não serão inteiramente inúteis e embora não sirva mais para nada na terra, não terei perdido completamente meus último dias. Os lazeres de minhas caminhadas diárias foram freqüentemente preenchidos por contemplações encantadoras das quais tenho o desgosto de ter perdido a lembrança. Fixarei pela escrita as que ainda poderei ter; cada releitura me devolverá sua alegria. (ROUSSEAU, 1995).”

“Uma situação tão singular merece seguramente ser examinada e descrita, e é a esse exame que consagro meus últimos lazeres [...] Contentar-me-ei em manter o registro das operações sem procurar reduzi-las a um sistema. [...] eu não escrevo meus devaneios senão para mim. [...] sua leitura me lembrará a doçura que experimento ao escrevê-los [os devaneios] e, fazendo renascer assim, para mim, o tempo passado, duplicará, por assim dizer, minha existência. [...] viverei decrépito, comigo mesmo, numa outra época, como viveria com um amigo menos velho. (Idem, Ibidem. p.27)”

A isso acrescento uma reflexão "estoica":

. ' .

"Seja como for, a alma deve recolher‐se em si mesma, deixando todas as coisas externas: que ela confie em si, se alegre consigo, estime o que é seu, se aparte o quanto pode do que é alheio, e se dedique a si mesma; que ela não sinta as perdas e interprete com benevolência até mesmo as coisas adversas." (SÉNECA, 1994)

______.

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. "Do ideal de Sumo Bem como um fundamento determinante do fim último da razão pura. Segunda seção". (A805, 806 - B833, 834). Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1994.

______. A metafísica dos costumes. Trad. Clélia Aparecida Martins. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

_____. Crítica da razão prática. Tradução de Valério Rohden. São Paulo, Martins Fontes, 2002. (A Dialética da razão prática pura em geral. O Sumo Bem. Supressão crítica da antinomia da razão prática). Os postulados da razão prática pura em geral.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). (O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro, ______. O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Brasília, DF: Feb, 2013. (Q. 893-919: "As virtude e os vícios”; “Paixões"; “Caracteres do homem de bem”; “Conhecimento de si mesmo”  e 920-933: "Felicidade"; Q. 614-648: "Caracteres da Lei natural"; "Origem e conhecimento da Lei natural"; "O bem e o mal"; "Divisão da Lei natural").

ROUSSEAU, J.-J. Os Devaneios do Caminhante Solitário. Porto Alegre: L&PM, 1995.

______. Os Devaneios do Caminhante Solitário. São Paulo: Ed. Unesp, 2022.

MARCO AURÉLIO. Meditações. Trad. Aldo Dinucci. São Pulo: Penguin/Companhia, 2023.

MASSI, C. D. As leis naturais e a verdadeira felicidade. Curitiba: Kardec Books, 2020.

ROBERTSON, Donald. The Philosophy of Cognitive Behavioural Therapy (CBT): stoic philosophy as rational and Cognitive Psychotherapy. Londres: Karnac Books, 2010.

______. Pense como um imperador. Trad. Maya Guimarães. Porto Alegre: Citadel Editora, 2020.

______. How to think Like a roman emperor: the stoic philosophy of Marcus Aurelius. New York: St. Martin's Press, 2019.

ROSSETI, Livio. O diálogo socrático. São Paulo: Paulus Editora, 2014.

RUSSEL, Bertrand. A conquista da felicidade. Rio de Jamneiro, RJ: Nova Fornteira, 2015.

SELLARS, J. The Art of Living: The Stoics on the Nature and Function of philosophy. Burlington: Ashgate, 2003.

SÉNECA, L. A. Sobre a tranqüilidade da alma. São Paulo: Nova Alexandria, 1994.

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