"A essência não só precede à existência como ainda sobreviverá a ela." (MARQUINHOS, 2017)
Com a releitura desta; o que procuro são elementos para uma reflexão sobre a "relação mente-corpo". É sabido que Hannah Arendt dedicou grande parte de seus escritos a estudar a “mente” atuando "no mundo" e, de certa forma aqui o interesse se mostra a partir da descoberta do "homem interior" bastante perceptível logo na leitura do Sumário da obra.
"Pensar, querer e julgar são
as três atividades básicas. Não podem ser derivadas uma das outras, e embora tenham
certas características comuns, não podem ser reduzidas a um denominador comum.
Para a pergunta 'O que significa pensar?' não há, em última
instância, outra resposta senão a que Kant chamava de 'a necessidade da
razão', o impulso interno dessa faculdade para se realizar na especulação.”
“O último
trabalho de Hannah Arendt, e considerado por muitos sua obra mais importante O
livro investiga o próprio pensamento em sua existência na vida contemplativa, e
foi pensado como uma obra em três volumes que explorariam as atividades do
espírito que Arendt considerava fundamentais. Assim, a autora faz uma análise
rica e desafiadora das atividades espirituais do pensar, do querer e do julgar,
e dedica-se, passional e racionalmente, à questão fundamental ao ser humano de
como a mente opera. A partir de uma apurada releitura dos textos mais
importantes dos pensadores que, ao longo da história da filosofia, trataram dos
três temas, a autora descobriu aspectos surpreendentes das obras dos grandes
mestres. Deste modo, o capítulo sobre o pensar recorre a
um extenso material para responder a questões sobre a posição dessa atividade
diante do mundo das aparências, sobre a sua origem (o que nos faz pensar?) e
sobre a dimensão temporal em que se move o sujeito pensante. O capítulo
dedicado ao querer revê a pré-história da noção de vontade na
filosofia antiga, examina a descoberta dessa faculdade no período cristão e a
posição central ocupada por ela na filosofia moderna, sublinhando o
questionamento dessa centralidade na filosofia contemporânea. O capítulo sobre
o julgar foi interrompido com sua morte, em 1975. Mary
McCarthy, amiga e inventariante de Arendt, decidiu suprir essa lacuna com a
inclusão de excertos de cursos da autora sobre a filosofia de Kant, na qual ela
esperava encontrar as fontes para o exame da faculdade de julgar. Com uma
linguagem viva e fluente, A vida do espírito desperta a atenção de um público
amplo, interessado nos debates intelectuais mais relevantes da
contemporaneidade. A tradução precisa, feita há mais de uma década por um grupo
de estudiosos, foi novamente revista para esta edição.
______.
ARENDT, Hannah. A vida do espírito. Rio
de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 2022.
______. Escritos judaicos. São Paulo: Editora Amarilys, 2016.
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