domingo, 19 de novembro de 2017

REFLEXÃO MATINAL (III)

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Exercícios estoicos.

"A essência da filosofia é o espírito de simplicidade. Quer encaremos o espírito filosófico nele mesmo ou em suas obras, quer comparemos a filosofia à ciência ou uma filosofia às demais filosofias, sempre verificamos que a complicação é superficial, a construção um acessório, a síntese uma aparência: filosofar é um ato simples" (BERGSON, 1911)

Tem sido bastante produtivo, em termos existenciais, refletir sobre o que é possível identificar nos textos estoicos como "sabedoria prática". Há anos sigo com essas atividades...  Aqui somei a citação de Henri Bergson que para mim, em certa medida, aproxima-se da reflexão pretendida. Ali, onde no texto Epictetus trata de temas específicos de seu tempo, basta que substituamos por atividades hodiernas "similares" e que da mesma forma, nas conversas, devem ser evitados. Conversas frívolas são sempre dispensáveis.

Ἐπικτήτου Ἐγχειρίδιον

“[33.1] Τάξον τινὰἤδη χαρακτῆρα σαυτῷκαὶτύπον, ὃν φυλάξεις ἐπίτε σεαυτοῦὢν καὶἀνθρώποις ἐντυγχάνων. [33.2] σιωπὴτὸπολὺἔστω ἢλαλείσθω τὰἀναγκαῖα καὶδι' ὀλίγων. σπανίως δέποτε καιροῦπαρακαλοῦντος ἐπὶτὸλέγειν τι ἥξομεν, ἀλλὰπερὶοὐδενὸς τῶν τυχόντων·μὴπερὶμονομαχιῶν, μὴπερὶἱπποδρομιῶν, μὴπερὶἀθλητῶν, μὴπερὶβρωμάτων ἢπομάτων, τῶν ἑκασταχοῦλεγομένων, μάλιστα δὲμὴπερὶἀνθρώπων ψέγονταἢἐπαινοῦνταἢσυγκρίνοντα. [33.3] ἂν μὲν οὖν οἷός τε ᾖς, μετάγαγε τοῦς σοῦς λόγους καὶτοὺς τῶν συνόντων ἐπὶτὸπροσῆκον. εἰδὲἐν ἀλλοφύλοις ἀποληφθεὶς τύχοις, σιώπα. [33.4] γέλως μὴπολὺς ἔστω μηδὲἐπὶπολλοῖς μηδὲἀνειμένος.”

“[33.1] Fixa, a partir de agora, um caráter e um padrão para ti próprio, que guardarás quando estiveres sozinho, ou quando te encontrares com outros. [33.2] Na maior parte do tempo, fica em silêncio, ou, com poucas palavras, fala o que é necessário. Raramente, quando a ocasião pedir, fala algo, mas não sobre coisa ordinária: nada sobre lutas de gladiadores, corridas de cavalos, nem sobre atletas, nem sobre comidas ou bebidas –assuntos falados por toda parte. Sobretudo não fales sobre os homens, recriminando-os, ou elogiando-os, ou comparando-os. [33.3] Então, se fores capaz, conduz a tua conversa e a dos que estão contigo para o que é conveniente. Porém, se te encontrares isolado em meio a estranhos, guarda silêncio. [33.4] Não rias muito, nem sobre muitas coisas, nem de modo descontrolado.”
_____.
(Ἐπικτήτου Ἐγχειρίδιον. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notasi; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012. 96p.)

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O EXISTENCIALISMO DE KIERKEGAARD

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Fazendo aqui algumas leituras e anotações sobre a obra de Kierkegaard; dadas as minhas limitações, sempre na mesma linha do que frequentemente leio e estudo. Já li outras obras dele, essas só recentemente. Trazem um desafio "existencial" em cada uma de suas linhas.
  
1. É preciso duvidar de tudo.

“Filósofo religioso e crítico do racionalismo, é considerado o fundador do existencialismo, que se assumiu como uma das mais profundas e renovadoras correntes filosóficas do século XX. Dinamarquês, nasceu em Copenhague em 1813 e morreu nesta cidade em 1855. Segundo Kierkegaard, o homem tem que renunciar a si mesmo para superar as limitações que a realidade lhe impõe e assim aceder ao transcendente, a Deus e à verdadeira individualidade. Neste sentido, realçou o existir concreto de um homem que anseia pela transcendência focando, consequentemente, os sentimentos de angústia e desespero inerentes a tal condição.”

A obra é dividida em quatro partes, com a introdução. Abra com uma citação de Espinosa no seu “Tratado sobre a reforma do intelecto” sobre a “dúvida real” e uma recomendação de que ninguém deve desperdiçar sua juventude dão a tonalidade da obra; uma tensa reflexão sobre a dúvida existencial e a história de um jovem filósofo Johannes Clímacus com suas frustrações. Aproxima essas duas imagens para apontar os equívocos da tentativa da filosofia moderna em superar a Filosofia Antiga sem mesmo entender-se a si mesmo. A dúvida como elemento moderno não se caracterizaria como existencial e por isso tende a tornar-se um “dogma”. A única saída dessa dificuldade segundo a obra é tentar pensar por si mesmo, com todas as dores daí advindas. Aventurar-se nessa perspectiva causa ansiedade. Um grande desafio.

Outra sugestão, obra do mesmo autor:

2. Ou – ou: um fragmento de vida


“Uma obra ímpar dentro da literatura e da filosofia ocidentais, a todos os níveis e vista de todos os ângulos; não fosse a circunstância de, na Europa de então, como na actual, a língua dinamarquesa ficar submersa por outros idiomas dominantes, e certamente que teria sido reconhecida universalmente como um clássico da literatura e da filosofia.” (Da Introdução).

domingo, 12 de novembro de 2017

APONTAMENTOS SOBRE PROGRESSO DO ESPÍRITO: FILOSOFIA, METAFÍSICA E HISTÓRIA EM KANT

 

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DESENVOLVENDO...

 

I. INTRODUÇÃO AO TEMA

 

"Diferentes ordens de Espíritos

 

96. São iguais os Espíritos, ou há entre eles qualquer hierarquia?

“São de diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado.”

97. As ordens ou graus de perfeição dos Espíritos são em número determinado?

“São ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente. Todavia, considerando-se os caracteres gerais dos Espíritos, elas podem reduzir-se a três principais.

“Na primeira, colocar-se-ão os que atingiram a perfeição: os Espíritos puros. Formam a segunda os que chegaram ao meio da escala: o desejo do bem é sua preocupação. Pertencem à terceira os que ainda se acham na parte inferior da escala: os Espíritos imperfeitos. A ignorância, o desejo do mal e todas as paixões más que lhes retardam o progresso, eis o que os caracteriza.”

98. Os Espíritos da segunda ordem, que desejam apenas o bem, têm o poder de praticá-lo?

“Cada um deles dispõe desse poder, de acordo com o grau de perfeição a que chegou. Assim, uns possuem a ciência, outros a sabedoria e a bondade. Todos, porém, ainda têm que sofrer provas.”

99. Os da terceira ordem são todos essencialmente maus?

“Não; uns há que não fazem nem o mal nem o bem; outros, ao contrário, se comprazem no mal e ficam satisfeitos quando se lhes depara ocasião de praticá-lo. Há também os levianos ou estouvados, mais perturbadores do que malignos, que se comprazem antes na malícia do que na malvadez, e cujo prazer consiste em mistificar e causar pequenas contrariedades, de que se riem.”

Escala espírita

100. Observações preliminares. – A classificação dos Espíritos se baseia no grau de adiantamento deles, nas qualidades que já adquiriram e nas imperfeições de que ainda terão de despojar-se. Essa classificação, aliás, nada tem de absoluta. Apenas no seu conjunto cada categoria apresenta caráter definido. De um grau a outro a transição é insensível, nos limites os matizes se apagam, como nos reinos da Natureza, como nas cores do arco-íris, ou, também, como nos diferentes períodos da vida do homem. Podem, pois, formar-se maior ou menor número de classes, conforme o ponto de vista donde se considere a questão. Dá-se aqui o que se dá com todos os sistemas de classificação científica, que podem ser mais ou menos completos, mais ou menos racionais, mais ou menos cômodos para a compreensão. Sejam, porém, quais forem, em nada alteram o fundo da ciência. Assim, é natural que inquiridos sobre este ponto, hajam os Espíritos divergido quanto ao número das categorias, sem que isso tenha nenhuma conseqüência. Entretanto, não faltou quem se agarrasse a esta contradição aparente, sem refletir que os Espíritos nenhuma importância ligam ao que é puramente convencional. Para eles, o pensamento é tudo. Deixam-nos a nós a forma, a escolha dos termos, as classificações, numa palavra, os sistemas.

Façamos ainda uma consideração que se não deve jamais perder de vista, a de que entre os Espíritos, do mesmo modo que entre os homens, há os muito ignorantes, de maneira que nunca serão demais as cautelas que se tomem contra a tendência a crer que, por serem Espíritos, todos devam saber tudo. Toda classificação exige método, análise e conhecimento aprofundado do assunto. Ora, no mundo dos Espíritos os que possuem limitados conhecimentos são, como os ignorantes deste nosso mundo, inaptos a apreender um conjunto, a formular um sistema. Só muito imperfeitamente percebem ou compreendem uma classificação qualquer. Consideram da primeira ordem todos os Espíritos que lhes são superiores, por não poderem apreciar as gradações de saber, de capacidade e de moralidade que os distinguem, como sucede entre nós a um homem inculto com relação aos civilizados. Mesmo os que sejam capazes de tal apreciação podem divergir quanto aos detalhes, conforme o ponto de vista em que se achem, sobretudo se se trata de uma divisão que nenhum cunho absoluto apresente. Lineu, Jussieu e Tournefort tiveram cada um o seu método, sem que a botânica houvesse em conseqüência experimentado modificação alguma. É que nenhum deles inventou as plantas, nem seus caracteres. Apenas observaram as analogias, segundo as quais formaram os grupos ou classes. Foi assim que também nós procedemos. Não inventamos os Espíritos, nem seus caracteres. Vimos e observamos, julgamo-los pelas suas palavras e atos, depois os classificamos pelas semelhanças, baseando-nos em dados que eles próprios nos forneceram.

Os Espíritos, em geral, admitem três categorias principais, ou três grandes divisões. Na última, a que fica na parte inferior da escala, estão os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria sobre o espírito e pela propensão para o mal. Os da segunda se caracterizam pela predominância do espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: são os Espíritos bons. A primeira, finalmente, compreende os Espíritos puros, os que atingiram o grau supremo de perfeição.

Essa divisão nos pareceu perfeitamente racional e com caracteres bem delimitados. Só nos restava pôr em relevo, mediante subdivisões em número suficiente, os principais matizes do conjunto. Foi o que fizemos, com o concurso dos Espíritos, cujas benévolas instruções jamais nos faltaram.

Com o auxílio desse quadro, fácil será determinar-se a ordem, assim como o grau de superioridade ou de inferioridade dos Espíritos com os quais podemos travar relações e, por conseguinte, o grau de confiança ou de estima que mereçam. É, de certo modo, a chave da ciência espírita, porquanto só ele pode explicar as anomalias que as comunicações apresentam, esclarecendo-nos acerca das desigualdades intelectuais e morais dos Espíritos. Faremos, todavia, notar que eles não ficam pertencendo, exclusivamente, a tal ou tal classe. Sendo sempre gradual o progresso deles e muitas vezes mais acentuado num sentido do que em outro, pode acontecer que reúnam em si os caracteres de várias categorias, o que seus atos e linguagem tornam possível apreciar-se.

Terceira ordem. – Espíritos imperfeitos
101. Características gerais. – Predominância da matéria sobre o espírito. Propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhes são conseqüentes.

Têm a intuição de Deus, mas não O compreendem.

Nem todos são essencialmente maus. Em alguns há mais leviandade, irreflexão e malícia do que verdadeira maldade. Uns não fazem o bem nem o mal; mas, pelo simples fato de não fazerem o bem, já denotam a sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal e rejubilam quando uma ocasião se lhes depara de praticá-lo.

A inteligência pode achar-se neles aliada à maldade ou à malícia; seja, porém, qual for o grau que tenham alcançado de desenvolvimento intelectual, suas idéias são pouco elevadas e mais ou menos abjetos seus sentimentos.

Restritos conhecimentos têm das coisas do mundo espírita e o pouco que sabem se confunde com as idéias e preconceitos da vida corporal. Acerca dessas coisas, não nos podem dar senão noções falsas e incompletas; entretanto, nas suas comunicações, mesmo imperfeitas, o observador atento encontra a confirmação das grandes verdades ensinadas pelos Espíritos superiores.

Na linguagem de que usam se lhes revela o caráter. Todo Espírito que, em suas comunicações, trai um mau pensamento pode ser classificado na terceira ordem. Conseguintemente, todo mau pensamento que nos é sugerido vem de um Espírito desta ordem.

Eles vêem a felicidade dos bons e esse espetáculo lhes constitui incessante tormento, porque os faz experimentar todas as angústias que a inveja e o ciúme podem causar.

Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corpórea e essa impressão é muitas vezes mais penosa do que a realidade. Sofrem, pois, verdadeiramente, pelos males de que padeceram em vida e pelos que ocasionaram aos outros. E, como sofrem por longo tempo, julgam que sofrerão para sempre. Deus, para puni-los, quer que assim julguem.

Podem ser divididos em cinco classes principais.

102. Décima classe. Espíritos impuros. – São inclinados ao mal, de que fazem o objeto de suas preocupações. Como Espíritos, dão conselhos pérfidos, sopram a discórdia e a desconfiança e se mascaram de todas as maneiras para melhor enganar. Ligam-se aos homens de caráter bastante fraco para cederem às suas sugestões, a fim de induzi-los à perdição, satisfeitos com o conseguirem retardar-lhes o adiantamento, fazendo-os sucumbir nas provas por que passam.

Nas manifestações dão-se a conhecer pela linguagem. A trivialidade e a grosseria das expressões, nos Espíritos, como nos homens, é sempre indício de inferioridade moral, senão também intelectual. Suas comunicações exprimem a baixeza de seus pendores e, se tentam iludir, falando com sensatez, não conseguem sustentar por muito tempo o papel e acabam sempre por se traírem.

Alguns povos os arvoraram em divindades maléficas; outros os designam pelos nomes de demôniosmaus gêniosEspíritos do mal.

Quando encarnados, os seres vivos que eles animam se mostram propensos a todos os vícios gerados pelas paixões vis e degradantes: a sensualidade, a crueldade, a felonia, a hipocrisia, a cupidez, a avareza sórdida. Fazem o mal por prazer, as mais das vezes sem motivo, e, por ódio ao bem, quase sempre escolhem suas vítimas entre as pessoas honestas. São flagelos para a humanidade, pouco importando a categoria social a que pertençam, e o verniz da civilização não os forra ao opróbrio e à ignomínia.

103. Nona classe. Espíritos levianos. – São ignorantes, travessos, irrefletidos e zombeteiros. Metem-se em tudo, a tudo respondem, sem se incomodarem com a verdade. Gostam de causar pequenos desgostos e ligeiras alegrias, de aborrecer, de induzir maliciosamente em erro, por meio de mistificações e de espertezas. A esta classe pertencem os Espíritos vulgarmente tratados de duendestrasgosgnomosdiabretes. Acham-se sob a dependência dos Espíritos superiores, que muitas vezes os empregam, como fazemos com os nossos servidores.

Em suas comunicações com os homens, a linguagem de que se servem é, por vezes, espirituosa e faceta, mas quase sempre sem profundidade. Exploram as falhas e o lado ridículo dos homens e da coisas, comentando-os em traços mordazes e satíricos. Se tomam nomes supostos, geralmente é mais por malícia do que por maldade.

104. Oitava classe. Espíritos pseudo-sábios. – Dispõem de conhecimentos bastante amplos, porém, crêem saber mais do que realmente sabem. Tendo realizado alguns progressos sob diversos pontos de vista, a linguagem deles aparenta um cunho de seriedade, de natureza a iludir com respeito às suas capacidades e luzes. Mas, em geral, isso não passa de reflexo dos preconceitos e idéias sistemáticas que nutriam na vida terrena. É uma mistura de algumas verdades com os erros mais absurdos, através dos quais penetram a presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de que ainda não puderam despir-se.

105. Sétima classe. Espíritos neutros. – Nem bastante bons para fazerem o bem, nem bastante maus para fazerem o mal. Pendem tanto para um como para o outro e não ultrapassam a condição comum da Humanidade, quer no que concerne ao moral, quer no que toca à inteligência. Apegam-se às coisas deste mundo, de cujas grosseiras alegrias sentem saudades.

106. Sexta classe. Espíritos batedores e perturbadores. – Estes Espíritos, propriamente falando, não formam uma classe distinta pelas suas qualidades pessoais. Podem caber em todas as classes da terceira ordem. Manifestam geralmente sua presença por efeitos sensíveis e físicos, como pancadas, movimento e deslocamento anormal de corpos sólidos, agitação do ar, etc. Afiguram-se, mais do que outros, presos à matéria. Parecem ser os agentes principais das vicissitudes dos elementos do globo, quer atuem sobre o ar, a água, o fogo, os corpos duros, quer nas entranhas da terra. Reconhece-se que esses fenômenos não derivam de uma causa fortuita ou física, quando denotam caráter intencional e inteligente. Todos os Espíritos podem produzir tais fenômenos, mas os de ordem elevada os deixam, de ordinário, como atribuições dos subalternos, mais aptos para as coisas materiais do que para as coisas da inteligência; quando julgam úteis as manifestações desse gênero, lançam mão destes últimos como seus auxiliares.

Segunda ordem. – Espíritos bons

107. Características gerais. – Predominância do espírito sobre a matéria; desejo do bem. Suas qualidades e poderes para o bem estão em relação com o grau de adiantamento que hajam alcançado; uns têm a ciência, outros a sabedoria e a bondade. Os mais adiantados reúnem o saber às qualidades morais. Não estando ainda completamente desmaterializados, conservam mais ou menos, conforme a categoria que ocupem, os traços da existência corporal, assim na forma da linguagem, como nos hábitos, entre os quais se descobrem mesmo algumas de suas manias. De outro modo, seriam Espíritos perfeitos.

Compreendem Deus e o infinito e já gozam da felicidade dos bons. São felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem. O amor que os une lhes é fonte de inefável ventura, que não tem a perturbá-la nem a inveja, nem os remorsos, nem nenhuma das más paixões que constituem o tormento dos Espíritos imperfeitos. Todos, entretanto, ainda têm que passar por provas, até que atinjam a perfeição absoluta.

Como Espíritos, suscitam bons pensamentos, desviam os homens da senda do mal, protegem na vida os que se lhes mostram dignos de proteção e neutralizam a influência dos Espíritos imperfeitos sobre aqueles a quem não é grato sofrê-la.

Quando encarnados, são bondosos e benevolentes com os seus semelhantes. Não os movem o orgulho, nem o egoísmo, ou a ambição. Não experimentam ódio, rancor, inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem.

A esta ordem pertencem os Espíritos designados, nas crenças vulgares, pelos nomes de bons gêniosgênios protetoresEspíritos do bem. Em épocas de superstições e de ignorância, eles foram elevados à categoria de divindades benfazejas.

Podem ser divididos em quatro grupos principais:

108. Quinta classe. Espíritos benévolos. – A bondade é neles a qualidade dominante. Apraz-lhes prestar serviço aos homens e protegê-los. Limitados, porém, são os seus conhecimentos. Progrediram mais no sentido moral do que no sentido intelectual.

109. Quarta classeEspíritos de ciência. – Distinguem-se especialmente pela amplitude de seus conhecimentos. Preocupam-se menos com as questões morais, do que com as de natureza científica, para as quais têm maior aptidão. Entretanto, só encaram a Ciência do ponto de vista da sua utilidade e jamais dominados por quaisquer paixões próprias dos Espíritos imperfeitos.

110. Terceira classe. Espíritos de sabedoria. – As qualidades morais da ordem mais elevada são o que os caracteriza. Sem possuírem ilimitados conhecimentos, são dotados de uma capacidade intelectual que lhes faculta juízo reto sobre os homens e as coisas.

111. Segunda classe. Espíritos superiores. – Esses em si reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade. A linguagem que empregam só respira benevolência; é invariavelmente digna, elevada e, muitas vezes, sublime. Sua superioridade os torna mais aptos do que os outros a nos darem as mais justas noções sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que é permitido ao homem saber. Comunicam-se de bom grado com os que procuram de boa-fé a verdade e cuja alma já está bastante desprendida das ligações terrenas para compreendê-la. Afastam-se, porém, daqueles a quem só a curiosidade impele, ou que são desviados da prática do bem por influência da matéria. 

Quando, por exceção, encarnam na Terra, é para cumprir missão de progresso e então nos oferecem o tipo da perfeição a que a Humanidade pode aspirar neste mundo.

Primeira ordem. – Espíritos puros

112. Características gerais. – Nenhuma influência da matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta, com relação aos Espíritos das outras ordens.

113. Primeira classe. Classe única. – Os Espíritos que a compõem percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Tendo alcançado a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, não têm mais que sofrer provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus.

Gozam de inalterável felicidade, porque não se acham submetidos às necessidades, nem às vicissitudes da vida material. Essa felicidade, porém, não é a de ociosidade monótonaa transcorrer em perpétua contemplação. Eles são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção da harmonia universal. Comandam a todos os Espíritos que lhes são inferiores, auxiliam-nos na obra de seu aperfeiçoamento e lhes designam as suas missões. Assistir os homens nas suas aflições, concitá-los ao bem ou à expiação das faltas que os conservam distanciados da suprema felicidade, constitui para eles ocupação gratíssima. São designados às vezes pelos nomes de anjosarcanjos ou serafins.

Podem os homens pôr-se em comunicação com eles, mas extremamente presunçoso seria aquele que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens."

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II. IMMANUEL KANT

Quase sempre me convenço, sem novidades nem originalidade nisso, de que certas obras são melhor apreendidas quando estudadas detidamente, e por muito tempo. Um bom motivo para publicar estes, lidos há muito tempo, sempre retomados, dado que estudo o autor e agora com muito maior empenho e com desafios ampliados.

 

Os que adiciono reúnem artigos de Immanuel Kant.  Precisei retornar à leitura de alguns e decidi postar aqui, nesse blog, que criei com esse objetivo: esboçar textos a serem melhor desenvolvidos à medida que a pesquisa for avançando.

 

Inicialmente, precisei relê-los, a partir de desafios que me foram impostos recentemente, no original inclusive; dessa vez pensando já em compreender melhor o idioma do autor e avançar estudando dessa perspectiva. Bastante surpreso com a releitura de alguns, por exemplo: “Que significa orientar-se no pensamento”?“Começo conjectural da história humana”“O fim de todas as coisas”. 

 

Os dois últimos, principalmente, com detalhes que só percebi nessa última releitura. Ou seja, como se diz: “Alea jacta est”.

 

Acrescento ainda "Começo conjectural da história humana": Kant, nesse artigo de 1786 faz um exame sobre a passagem do ser humano de sua natureza puramente animal "estado de rudeza animal" para o "estado de ser racional e social" estabelecendo "[...] que a ruptura entre o instinto e a razão marca o começo da história humana.".

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"[...] Sinceridade mascarada...

 

"Saber enganar delicadamente passou a compor certa 'science du temps', uma adequada 'sabedoria' à la mode, cujo agente principal se especializa em ser prudente (Nequitia disciplina) e dono de uma malícia instruída e disciplinada; em outras palavras, o hipócrita:

'Eles [os hipócritas] agem como veneno quando entorpecem os sentimentos pelas doçuras, enquanto sua maldade vai secretamente às entranhas e busca as partes mais nobres. Eles nos fazem mal com suas palavras; eles nos servem cicuta numa taça de rubis e esmeraldas; eles nos sufocam sob rosas e pedras preciosas; eles nos matam com espadas douradas; 'sic inventum est aliquando quomodo aurum non ametur'. Eis como o desregramento dos nossos costumes corrompe o uso de todas as coisas'

Conclusão: Desconfiemos, portanto, do exterior."

 

______.
KANT, Immanuel. Começo conjectural da história humana. São Paulo: Unesp, 2010. (p.80-81).
______. Ideia de uma história de um ponto de vista cosmopolita. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

______. Dissertação de 1770. De mundi sensibilis ataque inteligibilis forma et princípio. Akademie-Ausgabe. Acerca da forma e dos princípios do mundo sensível e inteligível. Trad. apres. e notas de Leonel Ribeiro dos Santos. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda. FCSH da Universidade de Lisboa, 1985.

______. Prolegômenos a qualquer metafísica futura que possa apresentar-se como ciência. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Estação Liberdade, 2014)

______. Prolegômenos a toda metafísica futura. Lisboa: Edições 70, 1982.

______. Crítica da razão pura. "Do ideal de Sumo Bem como um fundamento determinante do fim último da razão puraSegunda seção". (A805, 806 - B833, 834). Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1994.
______. Crítica da razão pura. Tradução Valerio Rohden e Udo Moosburguer. Coleção Os Pensadores. São Paulo,Abril Cultural, 1983.
______. Crítica da razão pura. 3. ed. Trad. Fernando Costa Matos. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2013.

______. Sobre a Pedagogia. Tradução de Francisco Cock Fontenella. Piracicaba, SP: Editora Unimep, 1996.

______. Sobre a Pedagogia. Petrópolis, RJ, Editora Vozes, 2021.

______. Antropologia de um ponto de vista pragmático. Tradução Clélia Aparecida Martins. São Paulo: Iluminuras, 2006.

______. Cursos de Antropologia: a faculdade de conhecer (Excertos). Seleção, tradução e notas de Márcio Suzuki. São Paulo: Editora Clandestina, 2017.

______. Resposta à pergunta: o que é “esclarecimento”?. In: Immanuel Kant textos seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985.

______. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. A religião nos limites da simples razão. Edições 70, Lisboa, 1992.

______. A religião nos limites da simples razão. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2024.

______.Vorlesung über die philosophische EncyclopädieInKant gesalmmelte Schriften, XXIX, Berlin, Akademie, 1980, pp. 8 e 12).

______. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Tradução e estudo de Vinicius de Figueiredo. São Paulo: Editora Clandestina, 2018.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. (Trad. Vinícius Figueiredo). Campinas, SP: Ed. Papirus, 1993.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Lisboa: Edições 70, 2012.

______. Die Religion innerhalb der Grenzen der bloßen Vernunft. W. de Gruyter, 1968.

______. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de. São Paulo: Discurso editoria: Barcarola, 2009.

______. A metafísica dos costumes. Trad. Clélia Aparecida Martins. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

______. Textos pré-críticos. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

______. Sobre um suposto direito de mentir por amor à humanidade. In: Textos seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

______. Investigação sobre a clareza dos princípios da teologia e da moral. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda, 2007.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). ______. O livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro, 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Brasília, DF: Feb, 2013. (Q. 893-919: "As virtudes e os vícios”; “Paixões"; “Caracteres do homem de bem”; “Conhecimento de si mesmo” e 920-933: "Felicidade"; Q. 614-648: "Caracteres da Lei natural"; "Origem e conhecimento da Lei natural"; "O bem e o mal"; "Divisão da Lei natural").


terça-feira, 7 de novembro de 2017

UMA DISCUSSÃO SOBRE VALORES



(neste caso, devido ao interesse e relevância dos temas éticos)... E, para pensar em outros domínios, sem abandonar minha limitação filosófica...
"Sobre questões que levantam implicações éticas". Com excelente prefácio/posfácio.
"[...] um guia de fácil leitura e aplicação, em que o autor Joseph Telushkin aborda temas amplos para a vida cotidiana com base nos princípios judaicos de piedade, bondade e bom relacionamento com o próximo.[...]".

sábado, 4 de novembro de 2017

ESPERANÇA E RESPONSABILIDADE: HANS JONAS


    


“É apenas em função da pressão de hábitos reais da ação – e geralmente do fato de que sempre a ação já aconteceu, sem que isto tenha sido ordenado antes de tudo – que a ética, enquanto regulação desse agir tendo em vista o critério do bem ou do permitido, entra em cena. Tal pressão emana dos novos poderes tecnológicos do homem, cujo exercício é dado com sua existência. Se eles real­mente são tão novos como aqui defendido, e se pelos tipos de suas consequências potenciais eles realmente aboliram a neutralidade moral que o comércio técnico com a matéria até agora possuía – então sua pressão exige que se procure por novas prescrições éticas que sejam competentes para assumir sua orientação mas que, antes de tudo, possam sustentar-se teoricamente [...]” (JONAS, 2017, p. 49)

Inicio aqui apontamentos para uma reflexão a ser revista e corrigida, mantido seu fio condutor sobre o que configura o progresso tecnológico em suas implicações éticas presente ou futuras. Considerados os pensadores de minhas leituras mais frequentes, tomo aqui por base o livro de Hans Jonas, traduzido recentemente.
Mesmo reconhecendo que desde Francis Bacon, que pensava a partir de uma luta entre o homem e a natureza, que o levou a fazer sua reflexão sobre o domínio da natureza que a ciência proporcionaria; é mesmo desde o século XIX, que o otimismo em relação à técnica, ganha seu status e seu auge se dará no século XX.
O célere avanço da civilização Ocidental produziu essa crença generalizada nos poderes que o homem ganha, mas que para alguns, acentuará um progressismo e cientificismo de proporções catastróficas. Desde a minha leitura do médico e filósofo alemão Hans Jonas, do seu livro: "O princípio responsabilidade" escrito em 1979, (que li e reli atentamente em 2006, um ano tão bom para mim) venho acompanhando seus escritos e o que se tem discutido a partir de suas ideias que aparecem como uma denúncia contra qualquer utopia exagerada progressista, independentemente do viés político-ideológico que esteja por trás de seus enunciados.
Da obra partimos para destaque de argumentos de Jonas que antecedendo qualquer ideia de progresso está a ideia assumida e defendida por ele com veemência de que o Ser existe, a própria VIDA “um não enfático ao não-ser”.
Essa maneira de pensar leva Jonas a trabalhar num sentido filosófico interessante e o filósofo Leibniz é lembrado no sentido que sua grande questão sobre “Por que existe alguma coisa ao invés do nada?”, que segundo ele pode ser retomado no Gênesis ou no Timeu de Platão onde se afirma o “existir em preferência ao “não-existir”. Ainda que se reconheça em Jonas sua visão, em certa medida religiosa, o seu grande argumento é a ética da responsabilidade, que tem como um de seus pilares a releitura do imperativo categórico de Kant, que Jonas dirá ser perceptível em Kant e em outras teorias éticas desde os filósofos da Antiguidade, o enfoque apenas nos atos de um indivíduo. Assim propõe o seguinte enunciado dentro de sua ética da responsabilidade:

“Age de maneira que tuas ações não comprometam a existência de uma autêntica vida humana sobre a Terra”.

Está, com isso considerando as ações humanas numa nova civilização tecnológica, Tais ações passariam a ser pensadas como possíveis de comprometer o futuro da humanidade, mesmo dos que ainda nem nasceram. O que extraímos das leituras da obra até aqui e que ainda seguiremos é uma questão existencial, ora, sem a esperança num futuro o princípio de responsabilidade de Jonas estaria inviabilizados.
Portanto, tendo iniciado a leitura de Jonas com aquele livro indicado acima, avançamos depois para “Técnica, medicina e ética: sobre a prática do princípio de responsabilidade.” E, recentemente, iniciei a leitura do livro “Ensaio filosóficos: da crença antiga ao homem tecnológico”[1] que acrescentarei aqui após atenta leitura.
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Vídeo 1, sobre a obra: 
https://www.youtube.com/watch?v=SOgtozcgwzQ

Vídeo 2, ...................: 


[1] JONAS, Hans.  Ensaio filosóficos: da crença antiga ao homem tecnológico”. (trad. Wendell Evangelista Soares Lopes. São Paulo: ed. Paulus, 2017.

______.  Ensaio filosóficosda crença antiga ao homem tecnológico”. (trad. Marijane Lisboa, Luiz Barros Montez. São Paulo: Ed. Contraponto/Ed. PUC-Rio, 2006.




“KANT ON PERSONS AND AGENCY"

Era leitura programada para 2018; iniciei em 2019 e encerrei agora... Mais um inserido nas pesquisas!

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“Kant on Persons and Agency”
Editor: Eric WatkinsUniversity of California, San Diego -View all contributors - Publication planned for: February 2018

"Today we consider ourselves to be free and equal persons, capable of acting rationally and autonomously in both practical (moral) and theoretical (scientific) contexts. The essays in this volume show how this conception was first articulated in a fully systematic fashion by Immanuel Kant in the eighteenth century. Twelve leading scholars shed new light on Kant's philosophy, with each devoting particular attention to at least one of three aspects of this conception: autonomy, freedom, and personhood. Some focus on clarifying the philosophical content of Kant's position, while others consider how his views on these issues cohere with his other distinctive doctrines, and yet others focus on the historical impact that these doctrines had on his immediate successors and on our present thought. Their essays offer important new perspectives on some of the most fundamental issues that we continue to confront in modern society.

Explores Kant's views on autonomy, freedom, and personhood both as questions in their own right and in the context of his wider system of thought
Essays written by twelve leading international Kant scholars present fresh and up-to-date insights into his philosophy
Addresses the lasting influence of Kantian thinking in this area and the continuing importance of the issue of agency for our lives today"

Para saber mais: 
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Table of Contents
Introduction
By Eric Watkins

Part I. Autonomy:

1. The unconditioned goodness of the good will Eric Watkins
2. Universal law Allen Wood
3. Understanding autonomy: form and content of practical knowledge Stephen Engstrom
4. The principle of autonomy in Kant's moral theory: its rise and fall Pauline Kleingeld

Part II. Freedom:

5. Evil and practical reason Lucy Allais
6. Freedom as a postulate Marcus Willaschek
7. Kant's struggle for freedom: freedom of will in Kant and Reinhold Paul Guyer
8. The practice of self-consciousness: Kant on nature, freedom, and morality Dieter Sturma

Part III. Persons:

9. Kant's multiple concepts of person Béatrice Longuenesse
10. We are not alone: a place for animals in Kant's ethics Barbara Herman
11. The dynamism of reason in Kant and Hegel Robert Pippin

Part IV. Conclusion:

12. Once again: the end of all things Karl Ameriks.





I CICLO DE CONFERÊNCIAS: O LUGAR DE DEUS NA FILOSOFIA ALEMÃ

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