segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

REVISITANDO, MAIS UMA VEZ, A OBRA DE LEIBNIZ: "INATISMO", CONHECIMENTO, MORAL, METAFÍSICA.







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Por estar "na esteira" dessas discussões, de há alguns anos pra cá, retorno sempre aos clássicos. 

Aqui, sem sair das leituras tradicionais, retorno à discussão entre Leibniz e Locke.

Os Novos ensaios sobre o entendimento humano apresentam a teoria do conhecimento de Leibniz e sua crítica ao empirismo clássico de John Locke. Vê-se abaixo um pouco do teor do debate que se estabelece na obra de Leibniz sobre a obra de Locke:


“Ora, a reflexão não constitui outra coisa senão uma atenção àquilo que está em nós, já que os sentidos não nos dão aquilo que já trazemos dentro de nós. Sendo assim, poder-se-á porventura negar que existem muitas coisas inatas no nosso espírito, visto que somos por assim dizer, inatos a nós mesmos? Poder-se-á negar que existe dentro de nós tudo isto: Ser, Unidade, Substância, Duração, Mudança, Ação, Percepção, Prazer e mil outros objetos das nossas ideias intelectuais? E se tais objetos são mediatos ao nosso entendimento e sempre presentes (ainda que não sejam sempre percebidos, devido às nossas distrações e necessidades), por que admirar-se ante a afirmação de que tais idéias nos são inatas, juntamente com tudo o que delas depende?

[...]

Assim sendo, inclino-me a crer que, no fundo, a opinião do nosso autor não difere da minha, ou melhor, da opinião geral, na medida em que esta reconhece duas fontes dos nossos conhecimentos, a saber, os sentidos e a reflexão


Na leitura, à medida que se avança, podemos também notar que  longo da obra Leibniz discute a questão inatismo para o conhecimento da moral e da metafísica. Uma das questões que nos fizeram retornar a essa obra é uma possível abordagem   da subjetividade humana.

Mas, quanto ao que se refere à crítica de Leibniz ao Ensaio sobre o entendimento humano de Locke, a maneira com que dá a aquisição do conhecimento e as idéias inatas. Locke defende que os sentidos são como janelas da alma, ou seja:

a) “Afirmar que uma noção está impressa na mente e, ao mesmo tempo, afirmar que a mente a ignora e jamais teve dela qualquer conhecimento, implica reduzir estas impressões a nada” (LOCKE).

O que Leibniz analisa é o fato, segundo ele, de que Locke não teria aprofundado nos estudos sobre o significado de idéias inatas e dos sentidos. Defende que as idéias inatas estão na alma e que os sentidos as colocam em movimento.

b) "Ora, a reflexão não constitui outra coisa senão uma atenção àquilo que está em nós, já que os sentidos não nos dão aquilo que já trazemos dentro de nós” (LEIBNIZ).

Prossigo ...
______.

LEIBNIZ. G. W. Novos ensaios sobre o entendimento humano. Lisboa: Edições Colibri, 1993

LOCKE, John. Ensaio sobre o entendimento humano. São Paulo: Martins Fontes, 2012. 

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

BUBER E O "ECLIPSE DE DEUS"



"Considerações sobre a relação entre religião e filosofia" 

"Para Buber, o eclipse de Deus provocado pelo pensamento moderno impede o acesso do ser humano ao verdadeiro Deus, que se abre para um relacionamento pessoal com o homem. Algo se interpôs entre o divino e o humano. As reflexões do pensador judeu-austríaco podem ajudar a fazer com que o sol se manifeste novamente."

Entre os livros que li durante as férias, destaco esse, mais um entre os que reli. Desde sua aquisição, num momento especial (bem acompanhado) até aqui, um livro que me surpreendeu e muito cresci com ele. Sempre aproveitamos as férias para lermos além do que estamos estudando por exigências acadêmicas e profissionais. Uma bela reflexão em associação com a Filosofia, a História da religião e a psicologia em que também faz uma bela discussão com Carl Gustav Jung.

Em "Eclipse De Deus", o filósofo de origem judaica Martin Buber procura discutir o tema da relação com o Absoluto a partir da filosofia e da história da religião.

Traça um percurso desde os filósofos pré-socráticos e chega ao século XX. 

"Buber expõe sua interpretação do pensamento e das crenças ocidentais, com ênfase nas relações da religião com a filosofia, com a ética e com a psicologia junguiana. Vivemos atualmente, diz Buber, o tempo do eclipse de Deus. Como no eclipse do sol, parece que ele não existe mais, se não se sabe que de fato está encoberto. No entanto, o eclipsar da luz de Deus não é um apagar-se. Amanhã, o que se interpôs sobre ele já poderá ter ido embora. Num dos capítulos centrais deste livro, Buber faz uma crítica à maneira como Carl G. Jung trata o fenômeno religioso, o que motivou uma réplica de Jung e, posteriormente, uma tréplica de Buber. Esse rico diálogo sobre as relações entre religião e psicologia pode ser inteiramente lido em Eclipse de Deus."

(os grifos e destaques são meus) 

 

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

A UNIÃO ENTRE CIÊNCIA E ARTE E A FILOSOFIA SOCRÁTICA


Há pouco tempo atrás, não me lembro bem em que mês mas o ano, estou certo: 2015, visitando uma livraria; quando podia fazer isso mais frequência, encontrei o livro que adiciono. Aqui, tem sido um espaço de não muitas pretensões, a não ser a possibilidade de registrar algumas leituras em consonância com as leituras obrigatórias - às quais me obrigo, eu diria. Trata-se de um livro soberbamente escrito por Émile Boutroux, a meu ver. Li a tradução, não cotejei com o original mas valeu a leitura.


"Uma união entre ciência e arte é o gérmen mesmo da filosofia socrática. Sócrates não inicia por cultivar separadamente a ciência e a arte, para em seguida fazer que uma sirva a outra. Ele considera que as duas dispersam quando pretendem caminhar sozinhas. É em seu concurso íntimo, e em sua mútua penetração, que reside a condição de sua existência e de seu êxito." 


Em "Sócrates, Fundador da Ciência Moral" (1883), Émile Boutroux demonstra como Sócrates foi o primeiro pensador do Ocidente a buscar uma base sólida para discernir entre o certo e o errado. Observando o que físicos e sofistas faziam, Sócrates vislumbrou as possibilidades de aproveitar aspectos de suas especulações e de aplicá-las à pesquisa de um novo e surpreendente objeto: a moral. Pela primeira vez desde sua publicação, o leitor brasileiro tem em mãos esta obra simples e didática por que mergulhar no pensamento do grande filósofo, um dos homens mais sábios da história da humanidade." 

(FONTE: https://www.amazon.com.br) - (grifos meus)


O SUPOSTO "CONFLITO CIÊNCIA X RELIGIÃO" (II)

Recentemente, acrescentei, uma obra de  Alvin Plantinga  que até recentemente não conhecia: “ Ciência, religião e naturalismo:  onde está o ...