(IMAGEM: "Revista Usina")
Acrescento mais um pequeno texto aqui,
seguindo em bom tom "estóico",
com mais essa reflexão matinal. Como
tem ocorrido após afastar-me de certas temáticas que não levaram a lugar nenhum
desde que com elas havia me ocupado. Não tenho dúvidas, foi um desvio oportuno. Ter reconfigurado as reflexões em outro
patamar tem sido “existencialmente”
fundamental e altamente benéfico..
A vida,
como em certa medida, tenho praticado, um pouco contemplativa, deve conduzir-se sob alguns pilares previamente
pensados e, em silêncio reflexivo.
São momentos em que a luta por aperfeiçoamento
ganha contornos de avaliação, de exame constante da condição humana, que só
pode ser buscada na temporalidade do pensamento próprio. O inefável, apontado
por Sêneca e outros estoicos, a vida examinada como na recomendação de Sócrates; seus fundamentos, podem ser alcançados
e apreendidos em partes, nos limites de cada um e de forma sempre fragmentada;
no entanto, estes pequenos encontros dão-nos oportunidade à busca do si mesmo,
do reencontro com seu lugar, seu “local of
control”, tarefa de cada um no universo. Portanto, segue-se, uma reflexão sobre a "aplicação dos princípios", como "primeiro e mais necessário tópico em Filosofia"
“[52.1] Ὁ πρῶτος καὶ ἀναγκαιότατος τόπος ἐστὶν
ἐν φιλοσοφίᾳ ὁ τῆς χρήσεως τῶν δογμάτων, οἷον τὸ μὴ ψεύδεσθαι· ὁ δεύτερος ὁ τῶν
ἀποδείξεων, οἷον πόθεν ὅτι οὐ δεῖ ψεύδεσθαι· τρίτος ὁ αὐτῶν τούτων βεβαιωτικὸς
καὶ διαρθρωτικός, οἷον πόθεν ὅτι τοῦτο ἀπόδειξις; τί γάρ ἐστιν ἀπόδειξις, τί ἀκολουθία,
τί μάχη, τί ἀληθές, τί ψεῦδος; [52.2] οὐκοῦν ὁ μὲν τρίτος τόπος ἀναγκαῖος διὰ τὸν
δεύτερον, ὁ δὲ δεύτερος διὰ τὸν πρῶτον· ὁ δὲ ἀναγκαιότατος καὶ ὅπου ἀναπαύεσθαι
δεῖ, ὁ πρῶτος. ἡμεῖς δὲ ἔμπαλιν ποιοῦμεν· ἐν γὰρ τῷ τρίτῳ τόπῳ διατρίβομεν καὶ
περὶ ἐκεῖνόν ἐστιν ἡμῖν ἡ πᾶσα σπουδή· τοῦ δὲ πρώτου παντελῶς ἀμελοῦμεν.
τοιγαροῦν ψευδόμεθα μέν, πῶς δὲ ἀποδείκνυται ὅτι οὐ δεῖ ψεύδεσθαι, πρόχειρον ἔχομεν.”
Tradução:
“[52.1] O primeiro e mais necessário tópico
da filosofia é o da aplicação dos princípios, por exemplo: “Não sustentar
falsidades”. O segundo é o das demonstrações, por exemplo: “Por que é preciso
não sustentar falsidades?” O terceiro é o que é próprio para confirmar e
articular os anteriores, por exemplo: “Por que isso é uma demonstração? O que é
uma demonstração? O que é uma consequência? O que é uma contradição? O que é o
verdadeiro? O que é o falso?” [52.2] Portanto, o terceiro tópico é necessário
em razão do segundo; e o segundo, em razão do primeiro – mas o primeiro é o
mais necessário e onde é preciso se demorar. Porém, fazemos o contrário: pois
no terceiro despendemos nosso tempo, e todo o nosso esforço é em relação a ele,
mas do primeiro descuidamos por completo. Eis aí porque, por um lado,
sustentamos falsidades e, por outro, temos à mão como se demonstra que não é apropriado
sustentar falsidades.”
São os caminhos na luta pela aquisição das virtudes, para os quais o caminho
escolhido aqui, pelo autor dessa página, é o da Filosofia.
______.
BIBLIOGRAFIA SEMPRE CONSULTADA
ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012).
EPICTETO. Entretiens. Livre I. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.
______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue).
______. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928. https://www.loebclassics.com/
GAZOLLA, Rachel. O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.
HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
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