Basicamente, resumindo as doze Regras temos o seguinte:
- O objetivo dos nossos estudos deve ser a direção da nossa mente para que ela possa formar julgamentos sólidos e verdadeiros sobre quaisquer assuntos que surjam.
- Devemos nos ocupar apenas com aqueles objetos que nossos poderes intelectuais parecem competentes para conhecer de forma segura e indubitável.
- No que diz respeito a qualquer assunto que nos propomos investigar, devemos investigar não o que outras pessoas pensaram, ou o que nós mesmos conjecturamos, mas o que podemos perceber clara e manifestamente por intuição ou deduzir com certeza. Pois não há outra maneira de adquirir conhecimento.
- É necessário um método para descobrir a verdade.
- O método consiste inteiramente na ordem e disposição dos objetos para os quais nossa visão mental deve ser dirigida se quisermos descobrir alguma verdade. Cumpriremos isso exatamente se reduzirmos passo a passo as proposições complicadas e obscuras àquelas que são mais simples e, então, começando pela apreensão intuitiva de todas aquelas que são absolutamente simples, tentarmos ascender ao conhecimento de todas as outras por passos precisamente semelhantes.
- Para separar o que é bastante simples do que é complexo, e para organizar estas questões metodicamente, devemos, no caso de cada série em que deduzimos certos factos uns dos outros, notar qual dos factos é simples, e para marcar o intervalo, maior, menor ou igual, que separa todos os outros deste.
- Se quisermos que a nossa ciência seja completa, todas as questões que promovem o fim que temos em vista devem ser examinadas por um movimento de pensamento que seja contínuo e em nenhum lugar interrompido; devem também ser incluídos numa enumeração que seja ao mesmo tempo adequada e metódica.
- Se, nas questões a serem examinadas, chegarmos a um passo na série cuja compreensão não é suficientemente capaz de ter uma cognição intuitiva, devemos parar brevemente aí. Não devemos fazer nenhuma tentativa de examinar o que se segue; Assim nos pouparemos de trabalho supérfluo.
- everíamos dar toda a nossa atenção aos fatos mais insignificantes e mais facilmente dominados, e permanecer muito tempo contemplando-os até que estejamos acostumados a contemplar a verdade clara e distintamente.
- Para que possa adquirir sagacidade, a mente deve ser exercitada em prosseguir apenas aquelas questões cuja solução já foi encontrada por outros; e deveria percorrer de maneira sistemática até mesmo as invenções humanas mais insignificantes, embora devam ser preferidas aquelas em que a ordem é explicada ou implícita.
- Se, depois de termos reconhecido intuitivamente uma série de verdades simples, desejarmos extrair delas alguma inferência, será útil examiná-las num ato de pensamento contínuo e ininterrupto, para refletir sobre suas relações mútuas e compreender reunir distintamente um número dessas proposições, tanto quanto possível, ao mesmo tempo. Pois esta é uma forma de tornar o nosso conhecimento muito mais certo e de aumentar enormemente o poder da mente.
- Finalmente, devemos empregar todos os recursos da compreensão, da imaginação, dos sentidos e da memória, primeiro com o propósito de ter uma intuição distinta de proposições simples; em parte também para comparar as proposições.
DESCARTES, René. Regras para orientação do espírito. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
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