quinta-feira, 25 de abril de 2019

SCHLEIERMACHER: INTRODUÇÃO A PLATÃO



"EXEGESE" ...

Eis que, um dia desses, “de volta pra casa”, para a terrinha; tentando retomar as atividades; reencontro um pequeno texto para estudo. Lido recentemente, e que releio agora, para apontamentos na pesquisa mais ampla - (Livro de bolso):

“Esse livro contém a tradução da célebre 'Introdução' aos Diálogos de Platão, traduzidos por Schleiermacher em princípios do século XIX. Esse texto apresentou um novo modelo exegético na história da recepção da obra de Platão e, atualmente, continua a suscitar calorosos debates entre os mais importantes especialistas da filosofia grega.”

(Grifos meus)
______.

SCHLEIERMACHER, F. D. E. Introdução aos Diálogos de Platão. Belo Horizonte, MG: Ed. UFMG, 2018 

...
Link para saber mais sobre a obra:


MEDITAÇÃO RETROSPECTIVA NOTURNA VII: ÀS RENOVADAS ESPERANÇAS

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, céu e atividades ao ar livre
(IMAGEM: "Self Made Man" - Bobbie Carlyle)


A mim, esculpir-me... desbastar as arestas... 

Esses dois textos, já os citei por aqui, outras vezes. Somam-se em projeto de cunho existencial, em andamento, há anos! 
Aqui, mantido o foco, reflito (não escrevo ainda), sobre o que disseram Marco Aurélio e Plotino no que convém dar prioridade: "beleza interna", "belo e completo em si mesmo" e; evitar a "gloríola".
Persistência na busca de si, por si! Boas escolhas pelo caminho e, otimizar as buscas!

.'.

"Tudo o que é belo, de qualquer maneira que o seja, é belo por si e completa-se a si mesmo, porque os louvores não fazem parte de sua constituição. Um objeto não se torna, pois, melhor ou pior pelo fato de ser elogiado. E isto refere-se até às concepções vulgares da beleza — por exemplo, os objetos materiais, as obras de arte. Que necessidade de louvores tem uma coisa realmente bela? Nenhuma. Tanta como a lei, a verdade, a bondade ou o pudor. Qual destas coisas é boa pelo fato de ser elogiada, qual deixa de existir por ser censurada? Perde a esmeralda o seu valor se a não encarecem? E o ouro? E o marfim? E a púrpura? E a lira? E a espada? E a flor? E a árvore?"
______.
(MARCO AURÉLIO. Meditações, IV : 20 - Tradução de Virgínia de Castro e Almeida).


Portanto:
...

"Volta o teu olhar para ti mesmo e olha. Se ainda não tiveres a beleza em ti, faz como o escultor de uma estátua que tem de ser tornada bela. Ele talha aqui, lixa ali, lustra acolá, torna um traço mais fino, outro mais definido, até dar à sua estátua uma bela face. Como ele, tira o excesso, remodela o que é o oblíquo, clareia o que é sombrio e não pára de trabalhar a tua própria estátua até que o esplendor divino da virtude se manifeste em ti, até que vejas a disciplina moral estabelecida num trono santo". 
______.
(PLOTINO. In: Tratado das Enéadas.

(Grifos meus)
...
E é interessante que, de tempos em tempos aparecem mais e mais entusiasmos... O mais recente, aqui, tem sido uma surpresa! 



terça-feira, 23 de abril de 2019

FOUR CARDINAL VIRTUES STOIC

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“Pois a filosofia será proveitosa para alguém somente assim: se ele, ao ensinamento sensato, acrescentar uma conduta que com este esteja em harmonia. [EPICTETO. Diatribes, I]”. 

domingo, 21 de abril de 2019

REFLEXÃO MATINAL XXXIV: "LOCAL OF CONTROL"


Belezas da vida
(fonte da IMAGEM: Pinterest)
(texto em construção)

Ainda na esteira das reflexões “de si para si”, que é o que realmente importa, faço mais um registro entre os que se somam e serão reunidos, oportunamente. Para uso futuro. Afastarmo-nos da Lei, dando crédito a falsos juízos, isso é o que nos faz infelizes.

O filósofo estoico Epicteto propõe, como tenho percebido nas meditações por aqui, como um primeiro passo o afastamento dos falsos juízos. A proposta de Epicteto está bem próxima da que tinha sido apresentada por Sócrates. Uma "vida examinada" e orientada por filosofia, como para Sócrates, também para Epicteto faria com que compreendêssemos essa Lei e nos tiraria da ignorância, além disso, nos colocaria na esteira de dois princípios estoicos fundamentais que devem já formar a base sólida para enfrentar-se. 
A saber:

  • a tranquilidade (apatheia),
  • a imperturbável paz de espírito (ataraxia).

Destaco, como tenho feito aqui, em outros escritos, nesse blog, algumas dicas de Epicteto. Antes, porém, faço breve menção a um texto de Agostinho de Hipona, bem próximo da reflexão que inicio e, em seguida acrescento ainda, outras citações para reflexão matinal, num esforço meramente pessoal de, na tentativa de afastar-me dos falsos juízos, tomando tal embate como exercícios na aplicação dos Theoremata (Encheridion, 51).

Lemos em Agostinho que:

"Os homens saem para fazer passeios, a fim de admirar o alto dos montes, o ruído incessante dos mares, o belo e ininterrupto curso dos rios, os majestosos movimentos dos astros. E, no entanto, passam ao largo de si mesmos. Não se arriscam na aventura de um passeio interior”. 


Enquanto Marco Aurélio, nos dizia, nas suas Meditações “de si para si”:

3. Os homens procuram retiros, campos, praias, montanhas; também tu te habituaste a desejar com ardor tais asilos. Mas é coisa insensata — porque, a qualquer hora, podes retirar-te em ti mesmo. Com efeito, retiro algum é tão repousante para o homem como o que encontra na própria alma, sobretudo se nela encerra essas verdades que, apenas aprofundadas, nos conferem quietação absoluta; e, dizendo “quietação”, entendo equilíbrio perfeito da alma. Oferece, pois, a ti mesmo constantemente esse retiro e renova-te aí. Nele deves encontrar as máximas breves e fundamentais que, apenas achadas, bastarão para afugentar da tua alma todas as lutas e para te devolver, isento de amargura, à vida onde de novo vais entrar. Porque, afinal, o que provocou a tua amargura? A maldade humana? Medita estas verdades: os seres racionais nasceram uns para os outros; suportarmo-nos mutuamente é uma parte da justiça; os erros são involuntários e todos os que outrora brigaram, desconfiaram uns dos outros, se odiaram, se disputaram, foram vencidos pela morte, que os reduziu a cinzas. Deixa, pois, de sofrer por tais motivos.
Será contra o teu destino, marcado pela natureza universal, que tens amargura? Repete a ti mesmo este dilema: ou uma Providência ou átomos apenas, e tantas provas de que o mundo é semelhante a uma cidade. As sensações corpóreas têm ainda influência sobre ti? Lembra-te de que o pensamento não participa dos movimentos suaves ou rudes da respiração desde que tomou posse de si mesmo e reconheceu a própria essência; e lembra-te igualmente de todos os ensinamentos que ouviste e aceitaste relativos à dor e ao prazer. — É a gloríola que te agita? Considera o esquecimento rápido de tudo, o abismo de tempo que se estende para trás e para diante de ti, a vaidade desse ruído em volta do teu nome, a inconstância e a incompetência dos que parecem elogiar-te e a exiguidade do espaço em que a tua fama se encerra: porque a Terra inteira é um ponto apenas — e que parcela ínfima o pequeno canto que habitamos e, aí, quantos homens (e que homens) te hão de louvar!
Resta-te, pois, o retiro que te oferece a tua alma. E, sobretudo, não te oponhas: mas sê livre e encara as coisas como criatura viril, humana, como um cidadão e um mortal. E, entre os teus pensamentos habituais, coloca estas duas verdades: primeiro, que as coisas não tocam na alma, mas ficam imóveis e fora dela, e que as perturbações da alma nascem apenas da opinião interior que nela se forma sobre as coisas; — segundo, que todos os objetos que vês serão em breve transformados e deixarão de existir; pensa constantemente nas inúmeras transformações a que já assististe: o mundo é uma contínua mudança e a vida, apenas opinião.

Portanto, o que nos fará realmente Bem é buscarmos o retiro que ofereça tranquilidade (apatheia) e imperturbável paz de espírito (ataraxia).

Para isso:

“12. É preciso que estejas prevenido sempre para estas duas coisas: primeiro, fazer unicamente o que te inspirar a tua faculdade soberana e legisladora para o bem comum; segundo, mudar de procedimento se alguém te corrigir de um erro e te fizer renunciar a uma opinião, sendo porém necessário que essa mudança proceda sempre de um motivo decisivo — por exemplo, de justiça ou de interesse geral e outras coisas análogas, e nunca da esperança em prazeres ou glórias.

13. Possues a razão? — Sim. — Então por que não te serves dela? Se é o que deve ser, que mais queres?

Bem próximo do que também disse Musônio Rufus:

"Devemos viver como médicos, tratando a nós mesmos com a razão, contra os males de não usá-la.”

Encerro com uma última citação de Marco Aurélio:

17. Não vivas como se devesses viver milhares de anos. Pende sobre ti o inevitável: enquanto vives, enquanto podes, torna-te homem de bem.”

______.

AGOSTINHO de HIPONA (354 - 430). "Confissões". Livro X...
DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.
EPICTETO. Entretiens. Livre I. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.
______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)
______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.
EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.
King, C. Musonius Rufus: Lectures and Sayings. CreateSpace Independent Publishing Platform, 2011.
LONG, Georg. Discourses of Epictetus, with Encheiridion and fragments. Londres: Georg Bell and sons, 1890.
LONG, A. A. How to be free. Princeton, New Jersey:  Princeton University Press, 2018.
______. Epictetus: a stoic and socratic guide to life. New York: Oxford University Press. 2007.
Lutz, C. Musonius Rufus: the Roman Socrates. Yale Classical Studies 10 3-147, 1947.
Pritchard, M. “Philosophy for Children”. Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2002. Acessado em 19 de agosto de 2016; fonte: http://plato.stanford.edu/entries/children/ .
MARCO AURÉLIO. Meditações, IV : 3, 12, 13 e 17. (tradução de Virgínia de Castro e Almeida)
SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

 


sábado, 20 de abril de 2019

KANT AND THE THEOLOGY


1.  2. 

1. Fundamental para os trabalhos atuais...: “O objetivo desta obra é buscar a construção de uma ponte do retrospecto histórico-filosófico sobre Kant rumo a questionamentos teológico-sistemáticos centrais, de tal modo que seja explicitada a atualidade de sua filosofia.” 

“The importance of Kant to what we call 'modernity,' where human reason was claimed to be sovereign, and metaphysics was banished from Western thought, with the recognition of a single valid method for knowledge of truth, the method of "exact" ", can not be ignored. The organizers organized in this volume a panel of experts to answer, in short, the question: 'Would Kant's philosophy represent only one more step in the intractable path to nihilism or modern atheism?' The organizers sign the preface: 'drawing boundaries between believing and knowing - introductory considerations on Kant.' Saskia Wendel opens the debate: 'Not naturalizable: the concept of freedom in Kant'. Klaus Von Stosch pursues: 'Transcendental Criticism and the Question of Truth'; which prepares the way for the article by Cristoph Hübental: 'Autonomy as a principle - the new foundation of morality in Kant'; and Klaus Müller, 'Critique of God's Evidence and Faith in Practical Reason - Evidence of a Subtext of Kant's Theologies.' Magnus Striet addresses the 'Knowledge of all duties as divine commandments - lasting relevance and limits of Kant's philosophy of religion.' Georg Essen continues with 'Farewell to the metaphysics of the soul: a theological survey of Kant's new approach to the subject's philosophy'. Kurt Wenzel studies 'The doctrine of original sin according to Kant'. Michael Murrmann - Kahl discusses 'Immanuel Kant's Doctrine on the Kingdom of God - Between Historical Faith in Revelation and Faith in Practical Reason.' Jean - Pierre Wils deals with the "Autonomy of art and transcendence - aesthetic - theological reflections according to Kant". He closes Michael Böhke's article: 'From the controversy of the faculties to the conflict of interpretations: university theolo“gy according to Kant' ".

(grifos meus)

______.
In: The Prussian of Königsberg and company...

sexta-feira, 19 de abril de 2019

KANT AND NEO-KANTIANISM

Chamada para publicação de artigos:


"Kant Research Group at Western


Kant Yearbook Call for Submissions on the topic: “Kant and Neo-Kantianism” (Deadline August 31, 2019)


All papers discussing “Kant and Neo-Kantianism” from a historical, systematic and/or contemporary perspective are welcome. The KANT YEARBOOK practices double-blind review, i.e. the reviewers are not aware of the identity of a manuscript’s author, and the author is not aware of the reviewers’ identity. Submitted manuscripts must be anonymous; that is the authors’ names and references to their work capable of identifying them are not to appear in the manuscript.

Detailed instructions and author guidelines are available at http://kantyearbook.uni.lu/ (http://philosophie.uni.lu). For further information contact the editor or the publisher Walter de Gruyter, Berlin/New York (www.degruyter.com). Paper submissions should go to dietmar.heidemann@uni.lu



quinta-feira, 18 de abril de 2019

FILOSOFIA KANTIANA: "NATUREZA, ARTE E LIBERDADE"

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BUSCAR O MELHOR É SÓ UM DEVER

peace

(IMAGEM: Pinterest)


Marquinhos

“Passeia sozinho, conversa contigo mesmo”
(EPICTETUS, Diatribes, III, 14, 1)


Ainda "medito andando" e decidi, há algum tempo, como tenho registrado aqui nesse blog, aprofundar lenta e sistematicamente à medida que se desenvolve, a intensa busca por "eustatheia" (tranquilidade) e "euthymia" (crença em si). 

Estabelecido, desde o início, como projeto de ‘”passar em revista” e corrigir, os velhos hábitos. Retomado, persisto e prossigo o conselho sugerido por filósofos estóicos como especificamente Sêneca, Epictetus, Musônius e Marco Aurélio. A estes acrescento, na medida da necessidade de aprendizagem constante, outros, entre os clássicos que me forem surgindo ou sugeridos.

Para isso, como sugerem os estóicos, adotei pelas manhãs a reflexão matinal e à noite, a meditação retrospectiva noturna. A essa metodologia acrescento as caminhadas, a “meditação andado”, de Thich Nhat Hahn.

No entanto, como se pode notar, o objetivo não é o de exercitar o corpo. Não!

É momento importante de, após tanto trabalho, dificuldades, insucessos, tudo parecendo obstáculos insuperáveis, faço o caminho inverso, de resistência verdadeira, construtiva, constituinte de um novo posicionamento existencial. Um retumbante “não” à amargura e à incredulidade.

Isso o que me levou, nessa trajetória, a refletir em oposição a certos hábitos antigos, posso expressar nessa frase dita pelo imperador e filósofo estóico, Marco Aurélio:

"Meu único medo é fazer algo contrário à natureza humana ;  a coisa errada, do jeito errado, ou no momento errado." (Meditações. VII . 20)

Ademais, percebi o quanto é mais saudável, ainda que as mazelas do corpo persistam e, por vezes, saírem, de certa forma, vencedoras e maceram a alma. Não! Estabeleci que é essa última que deve, de uma vez por todas assumir o controle da existência e, independentemente das agruras. Sobre tal resolução, andei pensando bastante na frase abaixo, de Sêneca, outro estóico:

“Recolhe-te a estas coisas mais tranquilas, mais seguras, melhores! [...] elevar-se às coisas sagradas e sublimes para conhecer qual é a substância de Deus, seu prazer, sua condição, sua forma, que destino guarda a tua alma, que lugar a Natureza nos destina após nos separarmos do corpo [...].” (SÊNECA. Sobre a brevidade da vida, XIX, 1).

Será fácil e recorrente o desejo de desistir; dado o não reconhecimento imediato e os resultados não estarem associados aos aplausos da multidão. Mesmo assim, estar só é o recomendável, nesse empreendimento.

______.
DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Livro II. 1)

PRITCHARD, M. “Philosophy for Children”. Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2002. Acessado em 19 de agosto de 2016;
Fonte: http://plato.stanford.edu/entries/children/ .

SÉNECA, Lúcio Aneu. Sobrea brevidade da vida. Porto Alegre, RS: L&PM, 2007.



quarta-feira, 17 de abril de 2019

REFLEXÃO MATINAL XXXIII: SE QUERES PROGREDIR

renamonkalou: “The Crossing | Rob Blair ”
(Imagem: Pinterest)


“...se queres progredir, conforma-te em parecer insensato e tolo quanto às coisas exteriores. Não pretendas saber coisa alguma.” (EPICTETO. Encheiridion. XIII).

Seguindo a leitura da obra dos estóicos, firmou-se há algum tempo por aqui como busca: a serenidade. Esforço e prática constantes na intenção de cada vez mais internalizar a convicção que a nossa real felicidade depende de uma escolha nossa, jamais de coisas externas. Nos acontecimentos externos, algo há que não está sob nosso controle, foge a esse. Portanto, nas adversidades, por termos nos afastado da lei natural adotamos julgamentos bastante equivocados sobre os eventos à nossa volta. Treino e esforço na retomada da direção, de retorno à Lei, nos darão bases mais sólidas para reformulação do nosso comportamento e, como consequência, qualificaremos nossos hábitos (ethos).

No entanto,

“Nem toda dificuldade e perigo é adequada para o treino, mas apenas aquela que é conducente ao sucesso em atingir o objeto de nosso esforço. E qual é o objeto de nosso esforço? Agir sem impedimento na escolha e na aversão. E o que isso significa? Nem falhar em conseguir o que desejamos, nem cair naquilo que queremos evitar” (EPICTETO. Diatribes. III.XII.3-4).

O que, tanto Epicteto quanto os estóicos, em geral, propõem, é que sejamos gratos por qualquer pequena coisa que tenhamos e lembrarmos que há situações em que poderíamos estar piores do que a que estamos hoje. Sempre estejamos ocupados em transformar cada dia que tenhamos, numa oportunidade de trabalho pessoal na busca por virtudes. O único dano real que, poderá nos acontecer é de que teremos de enfrentar as consequências das escolhas que fizermos, para o Bem ou para o mal, ou seja, quando a nossa opção for por algo distante das nossas possibilidades, que nos afaste da Lei e, acima de tudo, perdemos tempo com coisas que fujam ao nosso controle. A estratégia, portanto, segue sendo a de procurar compreensão sobre o que realmente são as coisas externas, fora da nossa alçada e focarmos na construção nosso caráter, modificando nossos velhos hábitos.

Este, como propuseram os estóicos, e tenho refletido aqui e anotado para escritos e práticas em andamento, é o único caminho verdadeiro; todo o resto são apenas apetrechos e decorações; grandes ilusões que não podem, definitivamente, enganar o mais importante juiz: nós mesmos. E, cada dia, entendido como oportunidade de progresso cobra de nós pequenas atitudes.

Se realmente quisermos progredir...

 “Ao amanhecer, diga a si mesmo: hoje me depararei com um indiscreto, um ingrato, um insolente, um desleal, um invejoso, um antissocial. Tudo isso lhes sucede por sua ignorância do bem e do mal. Mas eu, que vi a natureza do bem, que é o certo, e a do mal, que é o errado, e a da pessoa que comete a falta, que é afim à minha, partícipe não do mesmo sangue ou semente, mas da mesma mente e da mesma partícula divina, não posso sofrer danos de nenhum deles porque nenhum me infectará com seu erro. Nem posso indispor-me com um semelhante ou odiá-lo, porque nascemos para uma tarefa comum, como os pés, como as mãos, como as pálpebras, como os maxilares superior e inferior. De modo que agir uns contra os outros vai contra a natureza: e oposição são a ira e a rejeição.  (MARCO AURÉLIO. Meditações, II, 1)”


É, portanto, tarefa pessoal e intransferível.

______.
DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Livro II. 1)

PRITCHARD, M. “Philosophy for Children”. Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2002. Acessado em 19 de agosto de 2016;
Fonte: http://plato.stanford.edu/entries/children/ .

SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

KANT COMO PRECURSOR DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS



Revisitando estudos sobre o tema:

"Reunindo textos de estudiosos ao redor do mundo, o livro 'Kant e a Biologia' busca retomar a centralidade da figura de Kant para os paradigmas das ciências da vida. Com textos que visam tematizar as noções de biologia e de organismo, além de levantar questões acerca da atualidade de Kant para a biologia contemporânea, o livro procura refazer um trajeto que envolve a relação das ciências biológicas com a reflexão filosófica. Até Kant as ciências da natureza se confundiam com a história natural e a teologia; somente a partir dos fundamentos filosóficos é que se pode pensar a vida enquanto fenômeno natural desvinculado de teorias finalistas e divinatórias. O livro deve mapear os fundamentos e desdobramentos do pensamento biológico de Kant."

______.
O livro:
MARQUES, Ubirajara Rancan de Azevedo (Org.) Kant e a biologia. São Paulo: Editora Barcarola, 2012.

...

sábado, 13 de abril de 2019

PROBLEMA MENTE-CORPO: CÉREBRO, MENTE, ESPIRITO OU ALMA?

Resultado de imagem para PROBLEMA MENTE-CORPO
(Ilustração de René Descartes. In:  "O Homem", 2009, p. 451)

Estive, agora pela manhã, numa pausa nas leituras da pesquisa mais direta, revisitando o tema "mente-cérebro" assisti novamente, essas conferências que assisti in loco, no "Simpósio Internacional Mente-cérebro: cérebro, mente, espirito ou alma?", em 30 de abril de 2016, no Centro de Convenções Rebouças - São Paulo - SP - Brasil, e também acrescentei uma entrevista do professor Osvaldo Pessoa Jr. sobre o tema.
______.

Videos:

1. Conferência:  "Mente como produto da atividade cerebral" - Prof. Osvaldo Pessoa Jr.
2. Conferência: "Problema mente-cérebro: dualismo e fisicalismo" - Prof. Saulo Araujo

a) Principais soluções para o problema mente-cérebro, seus pontos fortes e fracos
b) Fisicalismo: mente é um produto da atividade cerebral.

c) Dualismo: a mente é algo diferente da atividade cerebral

3. Entrevista: "Problema mente-cérebro"
Prof. Osvaldo Pessoa Jr.
Para saber mais:

O Prof. Saulo de Freitas Araujo é psicólogo com doutorado em filosofia (Unicamp/ Univ Leipzig) e pós-doutorado pela Universitat Autònoma de Barcelona. Atualmente, é professor associado do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Diretor do NUHFIP (Núcleo de História e Filosofia da Psicologia Wilhelm Wundt) da UFJF. Em 2013, recebeu o Early Career Award da Divisão 26 (História da Psicologia) da American Psychological Association. Sua área de pesquisa envolve a história e a filosofia da psicologia, incluindo o problema mente-cérebro.

O Prof. Osvaldo Pessoa Jr é livre-docente de filosofia da ciência no Departamento de Filosofia, FFLCH, Universidade de São Paulo (USP). Graduação em Física (1982) e Filosofia (1984) pela USP, mestrado em física experimental na Unicamp, em 1985, e doutorado no Depto. de História & Filosofia da Ciência na Indiana University, EUA, com tese sobre o problema da medição na física quântica (1990). Além de trabalhar com filosofia da física, desenvolve pesquisa em “modelos causais em história da ciência” e em filosofia da mente. www.fflch.usp.br/df/opessoa/

______.
ARAUJO, S. F.. Searle's New Mistery, Or, How Not to Solve the Problem of Consciousness. Rivista Internazionale di Filosofia e Psicologia, 4:1-12, 2013. http://www.rifp.it/ojs/index.php/rifp...

]ARAUJO, SAULO DE FREITAS. O eterno retorno do materialismo: padrões recorrentes de explicações materialistas dos fenômenos mentais. Revista de Psiquiatria Clínica, 40: 114-9, 2013. http://www.scielo.br/scielo.php?scrip...

MOREIRA-ALMEIDA, ALEXANDER ; ARAUJO, SAULO DE FREITAS . Does the brain produce the mind? A survey of psychiatrists? opinions. Archives of Clinical Psychiatry, 42:74-5, 2015. http://www.scielo.br/scielo.php?scrip...

DESCARTES, René. O Mundo (ou tratado da luz) e O Homem. Campinas, SP, Editora da Unicamp, 2009.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

HANS JONAS E A FILOSOFIA DA MENTE

Resultado de imagem para hans jonas filosofia da mente

Dando prosseguimento aos meus "primeiros apontamentos" sobre o tema "relação mente-corpo" acrescento aqui, mais um livro que acabei de ler e que fará parte das minhas reflexões.

Fundamental para as minhas reflexões e futura redação dessas ideias, desde o início, têm sido os estudos das "Meditações metafísicas" e "As paixões da alma" e "O Homem" de René Descartes.

E, como sempre faço à cada livro que leio ou releio, que me leva a aprendizagem e sempre renovado interesse pelo tema, registro aqui. Isso para que fiquem armazenados os conteúdos aos quais sempre retorno e que sempre me convidam aos estudos mais detalhados. 

Neste caso, livro de fundamental importância por contemplar uma ampla variedade de temas, a mim particularmente interessantes e que me auxiliam na compreensão aprofundada em vários ângulos de abordagens. O tema tem sido debatido amplamente e acompanho as discussões e publicações a que consigo ter acesso. 

Tomando como ponto de partida a Filosofia, avanço por esse campo bastante diversificado da ciência.     

“A filosofia da mente tem se unido à física, à biologia, à neurofisiologia, às ciências cognitivas e à psicologia para desvendar, basicamente, dois "mistérios": 

1) Qual a natureza desse fenômeno chamado consciência? Ela pode ser reduzida a elementos físico-químicos ou constitui uma entidade ontológica diversa do físico?

2) O que significa dizer que somos seres livres que agem consciente e responsavelmente, e não determinados por fatores internos ou externos? O autor enfrenta essas questões trazendo ao debate o pensamento de Hans Jonas e, assim, nos abre um quadro teórico diferente e crítico para a consideração dessa problemática. 

Além de discutir a filosofia de Jonas no contexto da filosofia analítica, o livro procura dar duas contribuições específicas: de um lado, deseja ser uma introdução aos problemas da filosofia da mente, que sem dúvida lançará o leitor na querela atual acerca das relações entre mente e cérebro; de outro lado, o livro pretende expandir os estudos sobre a filosofia de Hans Jonas, um autor em descoberta e com matizes ainda não apreciados."

(os grifos são meus)


______.
VIANA, Wellistony C. Hans Jonas e a filosofia da mente. São Paulo: Paulus, 2016.

Link de “degustação” oferecida pela editora:
https://www.paulus.com.br/loja/appendix/4313.pdf

quarta-feira, 10 de abril de 2019

APONTAMENTOS JUNGUIANOS II

1.  2.  

Atualizando em 31.07.2021.

Deslocando levemente o eixo das reflexões básicas por aqui; sempre mantendo o foco inicial e os referenciais de sempre. 

Claro aqui, revisitando esta discussão sobre o "inconsciente", na obra de Jung, mas tenho acompanhado em outros autores. 

Recentemente (2020/2021), revisitando o tema, encontrei bibliografia para pensar desde a origem do conceito. Alguns autores apontando para uma origem anterior a Freud; com dados que vão desde Schelling a Freud.

"Um estudo interdisciplinar encontra novos caminhos ao investigar o surgimento do inconsciente por meio da obra do filósofo Friedrich Schelling, examinando sua associação com psicólogos românticos e teóricos da natureza" (ffytche, 2014) 

O tema me interessa, à medida que se relaciona com as leituras que tenho feito, prosseguindo com as possíveis reflexões delas extraídas sobre relação mente-corpo.

Aqui, portanto, acabei de ler esse livro: "Psicologia do inconsciente" (Vol. 7/1):

“Livro básico para um primeiro contato com a psicologia de C.G. Jung. Estabelece as diferenças entre Freud, Adler e Jung através de um caso clínico. Apresenta também sua hipótese do inconsciente pessoal e coletivo. As informações contidas neste livro não pretendem abranger a totalidade da Psicologia Analítica. Muitos pontos são apenas esboçados e outros nem são mencionados. O autor recomendava o estudo das principais obras sobre psicologia média e psicopatologia, além de uma revisão cuidadosa dos compêndios de psicologia existentes.”

Logo em seguida, um amigo, após recente conversa sobre as pesquisas de Sonu Shamdasani; assim que obteve aprovação para um doutorado, estudioso e com prática clínica na área, indicou-me: "O eu e o inconsciente" (7/2):


"O livro trata do difícil, perigoso, porém necessário relacionamento entre o eu e o inconsciente. Aborda as maneiras do eu diferenciar-se do psiquismo coletivo no processo de individuação."

PS: Agora, 31 de julho 2021, continuo na mesma trajetória, sem descuidar da pesquisa principal, relendo os textos, atento ao que se refere a apreender a teoria proposta por Jung.

Prossigamos...

______.

FREUD, Sigmund. Interpretação do sonhos. In: Obras completas. vol 4. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

JUNG, Carl Gustav. Estudos psiquiátricos. 6. ed. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras completas, Vol. 1)

______. Psicologia do inconsciente. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras completas, Vol. 7/1).

______. O eu e o inconsciente. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras completas, Vol. 7/2.)

______. Estudos experimentais. 6. ed. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras completas, Vol. 2)

______. Psicogênese das doenças mentais. 6.ed. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras completas, Vol. 3)

______. Freud e a psicanálise. 6. ed. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras completas, Vol. 4)

______. Presente e futuro. 6. ed. Petrópolis/RJ: Editora Vozes,2011. (Obras completas, Vol. 10/1)

SHAMDASANI, Sonu. Jung e a construção da psicologia moderna: o sonho de uma ciência. Aparecida, SP: Editora Idéias & Letras, 2011.

______. Borch-Jacobsen, Mikkel. The Freud files: an inquiry into the history of psychoanalysis. Cambridge University Press, 2012.

terça-feira, 9 de abril de 2019

1O "CAMINHOS" PARA UM CAMINHO


(IMAGEM: Pinterest Br)
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"1. Pare de se comparar com os outros;
2. Foque não apenas nisso, no que falta;
3. Seja agradecido;
4. Seja misericordioso - sobretudo consigo mesmo;
5. Reserve um tempo regularmente para você;
6. Aprecie mais as experiências do que as coisas;
7. Permaneça curioso;
8. Não pare de trabalhar em si;
9. Ria mais frequentemente;
10. Ame mais frequentemente."

O SUPOSTO "CONFLITO CIÊNCIA X RELIGIÃO" (II)

Recentemente, acrescentei, uma obra de  Alvin Plantinga  que até recentemente não conhecia: “ Ciência, religião e naturalismo:  onde está o ...