(IMAGEM: Pinterest)
“Das
coisas existentes, algumas são encargos nossos; outras não. São encargos nossos
o juízo, o impulso, o desejo, a repulsa – em suma: tudo quanto seja ação nossa.
Não são encargos nossos o corpo, as posses, a reputação, os cargos públicos –
em suma: tudo quanto não seja ação nossa. (EPICTETUS. Encheiridion. 1.1)
Mais uma manhã. A depender do ponto
de vista: menos um dia! Considerar o que seja importante: tarefa do dia!
“Então,
almejando coisas de tamanha importância, lembra que é preciso que não te
empenhes de modo comedido, mas que abandones completamente algumas coisas e,
por ora, deixes outras para depois. Mas se quiseres aquelas coisas e também ter
cargos e ser rico, talvez não obtenhas estas duas últimas, por também buscar as
primeiras, e absolutamente não atingirás aquelas coisas por meio das quais
unicamente resultam a liberdade e a felicidade (EPICTETUS. Encheiridion. 1.4).”
Prossegue-se aqui, com a leitura das
poucas obras escolhidas para orientar-me os passos na caminhada. A obra
dos estoicos, tenho dito, firmou-se há algum tempo nesse conjunto com um
único objetivo: alcançar a imperturbável paz de espírito (ataraxia). Por serenidade se esforça por aqui!
Esforço e prática constantes na condução
dos estudos para, cada vez mais internalizar a convicção que a nossa real
felicidade depende de uma escolha
nossa, jamais de coisas externas. Dos acontecimentos externos, quase nada está sob
nosso controle, portanto, nas adversidades, devido à não disciplina em termos
de prosoché. Afastamo-nos da lei natural e adotamos julgamentos
bastante equivocados sobre os eventos à nossa volta.
Treino e esforço, doravante, é
necessário, na retomada da direção, de retorno à Lei. Só assim volveremos às bases mais sólidas para reformulação do
nosso comportamento e, como
consequência, qualificaremos nossos hábitos.
Sempre atentos e vigilantes, o Prokopton
sabe o que quer fazer a cada instante e, compreende o que está sob seu controle
e o que não está. Viverá, assim, sua vida: tranquilamente. Neste caminho,
tenhamos em mãos, palavras como as de Marco Aurélio:
“Os médicos têm
sempre à mão os instrumentos e ferros para os casos imprevistos; assim tenhas
tu perto os preceitos com que possas conhecer as coisas divinas e humanas e
proceder em tudo, mesmo nos mínimos atos, como quem não esquece os liames
mútuos destas ou daquelas” (Marco Aurélio, Meditações,
III, 13)
Dado, portanto, que o prokopton, veja na filosofia, a dos
estoicos neste caso aqui, uma arte de
viver bem, para afastar-se dos "males", da desordem, da influência das
paixões, dos desejos desequilibrados, e dos medos exagerados e
injustificáveis.
A quem se pretenda dedicar a esse roteiro, fácil será perceber desde que se decida, que o homem é infeliz à
medida que se empenha tresloucadamente na conquista de bens exteriores, que não
pode alcançar e por fugir cegamente de “males” que são naturalmente inevitáveis.
Aqui, segundo os estoicos e que
refletimos essa manhã, é necessário uma mudança no modo de olhar o mundo e nas
ações, uma conversão: metanoia. O
caminho é reeducar-se cada ser humano na busca do Bem que está ao seu alcance
para que, daí descubra que o que lhe sucede não é necessariamente um mal a
paralisá-lo. Haverá o que lhe foge ao controle e por isso, o esforço no que
está sob seu controle, o interior, é seu trabalho imediato.
______.
DINUCCI, A.; JULIEN,
A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra:
Imprensa de Coimbra, 2014.
EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV.
Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Book I.
Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.
______. O
Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo
Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)
______. Testemunhos e Fragmentos. Trad.
Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.
EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as
reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather.
Harvard: Loeb, 1928. https://www.loebclassics.com/
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations
of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.
MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo:
Abril Cultural, 1973. (Livro II. 1)
PRITCHARD, M. “Philosophy for Children”.
Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2002. Acessado em 19 de agosto de 2016; Fonte: http://plato.stanford.edu/entries/children/ .
SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.
SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.
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