sábado, 24 de agosto de 2019

MEDITAÇÃO RETROSPECTIVA NOTURNA XV: QUE PRINCÍPIOS, PROKOPTON?


A verdadeira paz neste mundo germina no silêncio de cada um...  No simples fechar dos olhos sem que ninguém esteja vendo, abre-se uma alegria indizível...  É o despertar da alma!:
(IMAGEM: "Pinterest") 

"Devemos viver como médicos, tratando a nós mesmos com a razão, contra os males de não usá-la". (Musónio Rufo[1])



Ainda tomando notas das leitura a que me disponho sobre estoicismo.

E, o que foi a reflexão de hoje, escrevo aqui meramente para possível releituras futuras, sempre no firme propósito de um "προκόπτον – prokopton”. De quem aspira a tão distante de mim, Sabedoria.

Das frequentes leituras sobre estoicismo, aprendo um dos mais notórios princípios para prática dessa filosofia: o conjunto de “exercícios práticos”

Dado, portanto, que objetivos estoicos estão sempre ajustados de forma a dar mais valor à ação do que às palavras; difícil empreendimento, ainda.

Agir, para o indivíduo que pretenda ser um prokopton, ou disso se aproximar, é prioridade, devido ao fato de que, verdadeiramente, é a ação que mostra como uma pessoa realmente é. Daí a incessante busca, o difícil empreendimento, dito acima, por realizar tais exercícios práticos no cotidiano para alcançar a eustatheia (tranquilidade) e euthymia (crença em si) como já anotei aqui nessa página, tempos atrás. 

Enfim, só vou dando continuidade às repetidas tentativas de que, escrevendo, evite falar, cada vez mais:

“Eis aqui uma reflexão que te desprenderá ainda mais da gloríola: é que não podes refazer agora a tua vida, nem conseguir que desde a mocidade ela se apresente como a de um filósofo: pelo contrário, para muita gente e para ti mesmo, tornou-se bem patente quando estavas longe da filosofia. E assim ficaste perplexo ao considerar que já não te é fácil adquirir a reputação de filósofo: o próprio fundamento desta pretensão a combate. Porém, se viste claramente o ponto em que as coisas estão, não te importes com a reputação que possas ter e contenta-te vivendo o resto da tua vida conforme a natureza quer. Atende bem ao que ela quer, e que mais nada te distraia: porque bem reconheceste — depois de quantos erros! — que não encontraste a felicidade em parte alguma: sofismas, riqueza, glória, deleites, nada disso ta proporcionou. Onde está ela, pois? — Na prática do que a natureza do homem reclama. — Como o praticarás? — Tendo princípios de onde derivem as tuas tendências e as tuas ações. — Que princípios? — Os que se relacionam com o bem e o mal: o conhecimento de que o bem, para o homem, reside naquilo que o torne justo, sensato, corajoso, livre; e o mal, no que produza os vícios contrários a estas virtudes[2].”

Talvez, interessante seja até uma reflexão sobre o que os estoicos chamavam de "indiferentes preferíveis"...




[1] (CAIO MUSÓNIO RUFO - Filósofo estóico do primeiro século da “era cristã”. Nascido em Volsínios, na Etrúria. Viveu entre 25 d.C. - 95 d.C.).

[2] MARCO AURÉLIO. Meditações. VIII. 1. Texto de referência, na tradução de Virgínia de Castro e Almeida. (By Donato Ferrara).


______.
Para saber mais sobre o tema:

ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012).

EPICTETO. Entretiens. Livre I. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue).

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

______. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

GAZOLLA, Rachel.  O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.


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