“A mente moderna vê-se forçada na
direção do futuro pela sensação da fadiga - não isenta de terror - com que
contempla o passado. Ela é propelida para o futuro. Para usar uma expressão
popular, é arremessada para meados da semana que vem. E a espora que a impulsiona
avidamente não é uma afeição genuína pela futuridade, pois a futuridade não
existe, pois que ainda é futura. É antes um medo do passado: um medo não só do
mal que há no passado, senão também do bem que há nele. O cérebro entra em
colapso ante a insuportável virtude da humanidade. Houve tantas fés flamejantes
que não podemos suportar; houve heroísmos tão severos que não somos capazes de
imitar; empregaram-se esforços tão grandes na construção de edifícios
monumentais ou na busca da glória militar que nos parecem a um tempo sublimes e
patéticos. O futuro é um refúgio onde nos escondemos da competição feroz de
nossos antepassados. São as gerações passadas, não as futuras, que vêm bater à
nossa porta.”
______.
CHESTERTON, G. K. O que Há de Errado com o Mundo. Campinas,
SP: Ecclesiae, 2013.
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