Releitura encerrada.
Li em 2000. Valeu a nova releitura (para mim), tanto tempo depois...
Nessa obra, Rollo May “Debruça-se sobre o que seja o dilema humano, suas polaridades e paradoxos em meio às exigências do mundo contemporâneo. Trata das fontes e história da ansiedade; da psicoterapia questionada pela abordagem existencial; da ampliação da liberdade responsável na terapia como essencial no confronto com os dilemas humanos. Destina-se a filósofos e psicólogos e a todos os que querem compreender o porquê do ser humano.”
Li em 2000. Valeu a nova releitura (para mim), tanto tempo depois...
Nessa obra, Rollo May “Debruça-se sobre o que seja o dilema humano, suas polaridades e paradoxos em meio às exigências do mundo contemporâneo. Trata das fontes e história da ansiedade; da psicoterapia questionada pela abordagem existencial; da ampliação da liberdade responsável na terapia como essencial no confronto com os dilemas humanos. Destina-se a filósofos e psicólogos e a todos os que querem compreender o porquê do ser humano.”
E, como se pode ler no artigo em que me apoio aqui (PONTE; SOUSA, 2011):
“Enquanto trabalhava no seu Doutorado (cujo resultado foi o seu 3º
livro, O Significado da Ansiedade, publicado em 1950), que May
contraiu tuberculose, passando 1 ano e meio internado em um hospital, posto que
naquela época o desenvolvimento de antibióticos no combate à tuberculose ainda
estavam em seus estágios iniciais e a cura (ou não) do paciente dependia
somente de constantes cuidados médicos.
Ele nos conta que, enquanto se deparava com a possibilidade de morrer,
tendo "um vasto tempo para ponderar sobre o significado da
ansiedade - além de inúmeros dados em primeira mão colhidos de mim mesmo e de
meus ansiosos companheiros pacientes" (May, 1988, p. 15), ocupava
seu tempo com a leitura de dois livros: O Problema da Ansiedade de
Freud (este livro, na verdade, é uma tradução norte-americana do texto Inibição,
Sintoma e Angústia e O Conceito de Angústia de
Kierkegaard. Embora percebesse as claras divergências entre as concepções de
Freud e de Kierkegaard, (o primeiro, a partir de uma descrição mais
técnica dos mecanismos psíquicos os quais manifestam a angústia; o
segundo, o significado, o sentido existencial e ontológico da
angústia como um conflito entre ser e não-ser, entre o finito e o eterno, sem
jamais encontrar uma síntese ou paz), May não desprezou nem um nem outro.
De todo modo, pode-se imaginar os sentimentos de pavor que acometiam May ao ver
outros pacientes ocasionalmente morrerem ao seu lado com relativa frequência.
Isso deve tê-lo deixado mais sensível a esta "disposição fundamental" que
é a angústia (May, 1980).
Os inícios da Psicologia Existencial de Rollo May,
relacionam-se não só com a angústia enquanto problema
conceitual, psicológico, mas como vivência e ciência
irmanadas. Incluam-se aí leituras cada vez mais originais e ousadas da
psicanálise freudiana. Como ele mesmo atesta,
(...) o enfoque existencial não tem o objetivo de rejeitar as
descobertas técnicas de Freud ou daqueles de qualquer outro ramo da psicologia.
Procura, no entanto, situar estas descobertas sobre novas bases, dando uma nova
compreensão, redescobrindo a natureza e a imagem do ser humano (May, 1988, p.
17).
Mesmo com as ... diferenças entre estes autores (Freud e Kiekegaard),
May, como se disse, não fez escolha entre eles. E diferente de outros psicólogos
humanistas que tendiam a desprezar os achados psicanalíticos, May agrega os
dois pontos de vista como necessários."
Interessante que a vivência torna Rollo May cada vez mais dedicado a uma
concepção de psicologia existencial, e, ao longo da carreira
aprofunda-se nesta perspectiva filosófica. Desse seu intereesse resultou um
livro que publicou com Ernst Angel e Henri Ellenberger, em 1958: Existence:
a new dimension in psychatry and psychology¹, obra em que desenvolveu
suas ideias e pesquisas na direção da psicologia e psicopatologia
de características existenciais e fenomenológicas.”
Nesse sentido, dedicou-se a temáticas como:
- o humano como constituidor
de valores e como essa característica afeta a existência.
- as relações amorosas e a
questão da vontade.
- a dinâmica da criatividade e
da arte.
- a discussão entre destino e
liberdade.
- sobre a arte e a
beleza.
Rollo May, também lecionou. Tendo trabalhado em Universidades como as de
New York, de Harvard, de Yale e de Princeton.
Enfim, o que me trouxe de volta a essa obra é que tive contato com a obra de Rollo May, ainda muito jovem e à época não pude compreender o alcance da sua Psicologia Existencial. Hoje, tendo retomado as leituras de seus textos, cotejando com outras referências, percebo que à medida que mantenho esses estudos, compreendo a grandeza da sua proposta entre as psicologias de cunho “existenciais-humanistas”. Bastante interessante em seu caráter filosófico, de aspecto paradoxo até, será um dos materiais a que dedicarei um pouco de tempo nas releituras para maior compreensão, doravante.
(no artigo (PONTE; SOUZA, 2011), grifos meus)
______.
______.
KIEKEGAARD, S. A. O
desespero humano: doença até a morte. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
______. O desespero
humano: São Paulo: Ed. UNESP, 2010.
______. Do desespero
silencioso ao elogio do amor desinteressado.(Org. Alvaro Valls). Escritos,
2004.
______. O conceito
de angústia. 3. ed. Trad. Alvaro Valls. Petrópolis, RJ, Vozes, 2015.
MAY. Rollo. May, R.,
Angel, E., & Ellenberger, H. (Orgs.). Existencia: nueva dimension em
psiquiatría y psicología. Madrid, Editorial Gredos, 1977.
May, R. (Org.). Psicologia existencial.
Rio de Janeiro: Globo, 1980.
______. A descoberta
do ser. São Paulo: Rocco, 1988.
______. O homem à
procura de si mesmo. São Paulo: Ed. Círculo do livro, 1992.
______. Psicologia
do dilema humano. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
PONTE, Carlos Roger Sales
da; SOUSA, Hudsson Lima de. Reflexões críticas acerca da psicologia
existencial de Rollo May. Rev. abordagem gestalt., Goiânia ,
v. 17, n. 1, p. 47-58, jun. 2011 . Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672011000100008&lng=pt&nrm=iso>.acessos em 17 ago. 2019.
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