domingo, 4 de agosto de 2019

SEM PAUSAS NA OFICINA: AS ORIGENS DA ÉTICA KANTIANA

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Dado o percurso que iniciei recentemente, essas obras passaram a fazer parte das minhas leituras. De grande utilidade para a minha pesquisa, em andamento; são leituras que tem trazido uma série de apontamentos fundamentais além de importante bibliografia, algumas já acrescentadas às minhas leituras e outras a serem lidas o mais breve possível.

O primeiro:

“Em 1924, por ocasião do ducentésimo aniversário de nascimento do pensador de Königsberg, foram trazidas à luz as Lições de Ética, de Immanuel Kant.
E o que, de fato, são essas Lições? Qual a sua natureza e a sua origem? Muito embora Kant tenha dado em algum momento o aval para a divulgação de suas aulas, parece bastante claro que as Lições, de modo geral, não são textos que foram redigidos com o propósito de publicação. Trata-se das notas que foram tomadas pelos alunos a partir dos ensinamentos do professor em sala de aula. 
Apesar desse atraso na edição e na publicação das Lições de Ética, é perceptível que houve um reconhecimento progressivo da importância desses manuscritos no século XX, o que é atestado, sobretudo, nos estudos e comentários que foram desenvolvidos, a partir de então, utilizando esse material como um suplemento para a reconstrução e a compreensão do desenvolvimento do pensamento moral de Kant.” 

O segundo:

“Bruno Cunha começa a examinar a articulação entre moralidade e o problema do mal desde o de sua aparição primeira na obra de Kant, quando, ainda na década de 1750, ele se deparou com a teodiceia leibniziana. A originalidade de sua reconstrução reside na hipótese de que a cogitação de Kant sobre esse problema foi determinante na orientação de sua inteira filosofia prática. A ruptura com a tradição leibniziano-wolffiana, entre os anos 50 e 60, a aproximação de Kant em relação aos britânicos e especialmente, a Rousseau, são rediscutidos através desse problema, em uma investigação que combina a análise dos textos publicados com a interpretação das Reflexionen e das anotações ao compêndio de filosofia prática de Baumgarten. Ao fim e ao cabo, o leitor se dá conta que a articulação entre a fundamentação da obrigação, de um lado, e a aferição de um sentido para a ação moral, de outro, foi sendo gestada logo que a solução de matiz intelectualista e teológica oferecida pelo wolffianismo se revelou insustentável. A análise aqui efetuada das Reflexionen kantianas da segunda metade dos anos 60 é decisiva para reaver todo interessante e alcance das respostas ulteriores. Bruno Cunha é especialmente feliz em assinalar a lenta conversão de uma teodiceia objetiva – ponto de vista de Leibniz e Wolff – para o que será, com a consolidação do criticismo, uma filosofia da história. É impossível não recordar aqui um célebre artigo de G. Lebrun, no qual ele chamava a atenção para o fato de que a filosofia da história opera no kantismo como uma escatologia para o homem moral."  (Vinícius de Figueiredo).

A esses acrescentei o terceiro, encerrando a leitura atenta: Lições sobre a doutrina filosófica da religião, outra obra fundamental para o trabalho em andamento. 

______.
CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.

KANT, Immanuel. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.






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