Desde que li alguns de seus livros, como por exemplo: "The Conscious Mind", de David Chalmers em que defende a ideia de que estamos mais convencidos da existência da nossa experiência consciente e pouco sabemos ainda além disso, no entanto, o que sabemos não nos autoriza uma adoção de abordagens reducionistas da consciência como conclusivas. David Chalmers em seus livros tem discutido e tende a rejeitar o materialismo (apesar do seu "argumento dos zumbis"). Ao fazê-lo, segue defendendo a tese de que a consciência, mesmo entendida como experiência consciente, tem elementos de uma propriedade "não-física" do mundo. O que resulta de seus livros em que discute tais questões é o que ele chama de “dualismo naturalista”. Tendo há algum tempo adentrado por esse caminho, estou acompanhando o percurso teórico de seus argumentos para melhor compreensão. A partir da ideia, que me agrada desde muito tempo, estou fazendo uma leitura no sentido de uma “reconstrução” do percurso que ele desenhou. Chalmers tem sido criticado por autores adeptos do “reducionismo” e materialistas. Com a leitura das obras pretendo compreender esses argumentos e pensar uma alternativa às propostas materialistas. Tenho inicialmente a tendência em não aceitar as teses materialistas. A ideia é estudar e aprofundar argumentos que demonstrem que o argumento do materialismo é falso. A estas acrescento releituras de obras clássicas, como sempre meu ponto de partida e de chegada.
Depois li, também de
David Chalmers: Philosophy of mind: classical
and contemporary readings. Oxford: OUP, 2002.
Uma "[...] Antologia de artigos na filosofia da mente, Filosofia da
mente: Leituras clássicas e contemporâneas foi publicada pela Oxford University
Press em 2002. Esta é uma coleção abrangente que pode ser usada em cursos
universitários em todos os níveis (introdutório, graduação avançada,
pós-graduação). O volume concentra-se em questões fundamentais sobre a
metafísica da mente, consciência e conteúdo mental." (680 p.)
E, mais recentemente, estou lendo,
nas minhas “pausas na oficina”: “Mind and Cosmos: Why the Materialist
Neo-Darwinian Conception of Nature Is Almost Certainly False” de Thomas Nagel
(2016).
Em meio a tudo isso, fundamental tem
sido buscar uma compreensão nessas leituras, a partir de uma concepção pessoal
que preservo de uma certa visão do que significa para mim: “espírito” (Mind, para a
maioria; ou “ânimo” em alguns).
Visto que Nagel trabalha
com a perspectiva de que “A moderna abordagem
materialista da vida falhou conspicuamente em explicar características
centrais do mundo relacionadas à mente,
como consciência, intencionalidade, significado e valor. Esse
fracasso em explicar algo tão essencial à natureza como a mente, argumenta o
filósofo Thomas Nagel, é um grande problema, ameaçando desvendar toda a imagem
naturalista do mundo, estendendo-se à biologia, à teoria da evolução e à
cosmologia.
Como as mentes são
características dos sistemas biológicos que se desenvolveram através da
evolução, a versão materialista padrão da biologia evolutiva é fundamentalmente
incompleta. E a história cosmológica que levou à origem da vida e à existência
das condições para a evolução também não pode ser uma história meramente
materialista. Uma concepção adequada da natureza teria que explicar a aparência
no universo de mentes conscientes materialmente irredutíveis, como tal.
O ceticismo de Nagel não se baseia na crença religiosa ou na crença
em qualquer alternativa definida.
Em Mind
e Cosmos, ele sugere que, se o relato materialista estiver errado,
então princípios de um tipo diferente também poderão estar em ação na história
da natureza, princípios do crescimento da ordem que, em sua forma lógica, são
mais teleológicos do que mecanicistas.
Apesar das grandes
conquistas das ciências físicas, o materialismo
redutivo é uma visão de mundo propícia ao deslocamento. Nagel mostra que reconhecer seus limites é o primeiro passo
na busca de alternativas, ou pelo menos em estar aberto à sua possibilidade.”
Enfim, são leituras em andamento e
percebo que crescem as discussões em torno das questões. Sigo com as leituras,
portanto!
...
Sobre os autores:
David Chalmers is
a professor of philosophy at the University of California, Santa Cruz. His
article "The Puzzle of Conscious Experience" appeared in the December
1995 issue of Scientific American.
Thomas Nagel is University Professor in the Department of Philosophy
and the School of Law at New York University. His books include The
Possibility of Altruism, The View from Nowhere, and What
Does It All Mean?: A Very Short Introduction to Philosophy. He is a Fellow
of the American Academy of Arts and Sciences and a Corresponding Fellow of the
British Academy. In 2008, he was awarded the Rolf Schock Prize in Logic and
Philosophy and the Balzan Prize in Moral Philosophy.
______.
CHALMERS, David. Philosophy of mind: classical and contemporary readings.
Oxford: OUP, 2002.
CHALMERS, The
councious mind: the Conscious Mind in Search of a Fundamental Theory.
Oxford: OUP, 1997. (432p.)
NAGEL, Thomas. Mind
and Cosmos: Why the materialist neo-darwinian conception of nature is
almost certainly false. Oxford University Press, OUP, 2016.
...
Alguns itens da Bibliografia sempre consultada sobre o tema:
ARISTÓTELES. Obras Completas. - Centro de
Filosofia da Universidade de Lisboa. Lisboa: INCM - Imprensa Nacional-Casa da
Moeda. Lisboa: 2005.
DESCARTES, René. Discursos do Método; Meditações; Objeções e Respostas; As Paixões da Alma; Cartas. (Introdução
de Gilles-Gaston Granger; prefácio e notas de Gerard Lebrun; Trad. de J.
Guinsberg, Bento Prado J. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (Os
Pensadores).
FREUD, Sigmund
[1856-1939] Luto e melancolia. (tradução,
introdução e notas: Marilene Carone). São Paulo: Cosac Naify, 2013.
HADOT, Pierre. A filosofia como maneira de viver: entrevistas
de Jeannie Carlier e Arnold I. Davidson. (Trad. Lara Christina de
Malimpensa). São Paulo: É Realizações, 2016.
______. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Trad.
Flavio Fontenelle Loque e Loraine Oliveira. Prefácio de Davidson, Arnold. São
Paulo: É Realizações, 2014.
______. The inner citadel. (translated
by Michael Chase). Cambridge, Massachusetts, EUA, 2001.
JUNG, C.G. Fundamentos de Psicologia Analítica. Petrópolis:
Vozes, 2001, volume XVIII/1).
KIEKEGAARD, S. A. O desespero humano: doença até a morte. São Paulo: Abril
Cultural, 1979.
______. O
desespero humano. São Paulo: Ed. UNESP, 2010.
______. Do
desespero silencioso ao elogio do amor desinteressado. (Org. Alvaro Valls).
Escritos, 2004.
______. O
conceito de angústia. 3. ed. Trad. Alvaro Valls. Petrópolis, RJ,
Vozes, 2015.
______. As obras do amor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.
MAY. Rollo. May, R., Angel, E., &
Ellenberger, H. (Orgs.). Existencia:
nueva dimension em psiquiatría y psicología. Madrid, Editorial Gredos,
1977.
______. (Org.). Psicologia existencial. Rio de Janeiro: Globo, 1980.
______. A
descoberta do ser. São Paulo: Rocco, 1988.
______. O
homem à procura de si mesmo. São Paulo: Ed. Círculo do livro, 1992.
______. Psicologia
do dilema humano. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
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