Foi essa a "meditação matinal" de hoje... sempre um tempinho, enquanto "medito andando"
Só
uma reflexão, apesar da velocidade estonteante do "mundo da
técnica"...
Há tempos, mantido o foco, alterei as referências existenciais, na forma de
encarar a Vida. Por isso, os bons objetivos seguem, mantidos, mas
redirecionados numa visão mais otimista: aproveitar as manhãs, as tardes e
noites de reflexões para cuidado da "inner citadel". Aqui, um
autor que, outrora, não tinha estudado muito e que, o amigo prof. Humberto (Ufjf) me indicou e passei a estudar com apreço desde que tive um primeiro
contato, sigo lendo e relendo, uma referência muito boa, uma excelente obra
para aprendizados!
"Em
Manalive, um dos romances de Chesterton, há uma personagem chamada Innocent
Smith que, ao ir para a aula de filosofia na faculdade se depara com um
professor muito pessimista e cético. O professor, durante a aula, diz que a
vida é composta inteiramente de tragédias e tristeza e que não vale a pena ser
vivida, de modo que esse seria um dos argumentos contra Deus: ou de que ele não
existe, ou, se existe, não é completamente bom; a título de exemplo ele diz que
nós, quando temos um bichinho que está sofrendo e moribundo, num ato de
bondade, sacrificamos o coitado para que ele não sofra mais, ao passo que Deus,
ao nos ver sofrer, não faz nada. Em suma, ou ele não faz nada por não existir
ou não faz nada por não ser bom – poderoso, etc.
Innocent
Smith não fala nada. Mas ao término da aula, como era de costume, o professor
espera mais alguns minutos por conta de algum aluno vir a ter com ele. É nessa
que depois de todos os alunos terem saído da sala que Innocent Smith entra,
tranca a porta, tira uma arma do bolso e a aponta para o professor. Sem saber o
que aquilo significava, o professor fica atônito e pergunta o que ele iria
fazer, ao que Innocent responde: “Eu vim fazer o que Deus ainda não fez: eu vim
lhe matar”.
Innocent
começa a correr atrás do professor até que este tenta pular pela janela e fica
pendurado no parapeito do prédio implorando pela vida. Com a arma apontada para
a cabeça do professor, Innocent Smith impõe-lhe uma condição: ele não o
mataria, mas desde que o professor louvasse o canto dos pássaros, as árvores
que os cercam e que cantasse uma canção feliz. Depois de tudo isto feito,
Innocent o traz de volta para dentro.
Quando
me perguntam o porquê de Chesterton não ser estudado nas universidades e outros
lugares ditos intelectuais, a narrativa de Manalive me vem à cabeça, pois ler
Chesterton é pedir para que ele aponte uma arma para a nossa cabeça, mas não
para nos matar, mas pra nos trazer de volta à vida. Por isso que ele é tão
ignorado. É muito mais fácil ser covarde e se esconder em alguma heresia do que
realmente viver.”
______.
CHESTERTON,
G. K. Manalive. Londres: Simon and Brown, 2012.
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