sexta-feira, 13 de setembro de 2019

MEDITAÇÃO RETROSPECTIVA NOTURNA XVII: AINDA SOBRE FUNDAMENTOS


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(IMAGEM: "Pinterest")



Põe-te a pensar...:


"Homens, a escola de um filósofo é um hospital - você não deveria sair sentindo prazer, mas dor, porque não estão bem quando entram." (Epictetus)



O ser humano é dotado de força suficiente para manter uma vida com coesão e serenidade, em qualquer situação com que se depare na vida. Se, é certo, souber perseverar no exercício da atenção [prosokhe] e, acima de tudo, dedicar-se às próprias aptidões. O desafio maior: empenhar-se em jamais desviar-se para atividades que estejam fora de seu alcance, ou seja, estar atento à essas aptidões, focar nelas.

“Nem gemerás, nem censurarás, nem adularás a ninguém” (EPICTETO, D. I, 1).

Para os estóicos, o instante, espaço do sempre tempo, sem tempo, é a ocasião, o ensejo oportuno para acolhimento do Ser, e alguém que esteja aprendendo filosofia estóica, estará exercitando-se na arte de conciliar dois dos nossos mais terríveis adversários.

Por um lado, os caprichos pessoais; por outro a vida como é; isso resultaria em ausência de perturbações (ataraxia). Ora, o equilíbrio decorreria de uma harmonia com a natureza. E, tal harmonia é alcançada por alguém que atinja a compreensão de que tudo o que nos ocorre que não seja da nossa alçada, é da alçada de uma "vontade maior". 

Portanto, é tarefa do prokopton, como temos estudado aqui: colocar-se em harmonia com as leis naturais

Epicteto encontra no coração humano aquilo que, mais tarde, Pierre Hadot chama de “cidadela interior”. Inatingível, num estágio avançado, por forças externas, o coração humano não pode ser determinado do exterior para o interior, pelo contrário, está no interior a fonte da determinação da serenidade.
______.

CÍCERO. Sobre o Destino. São Paulo: Editora Nova Alexandria, 2001.
DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.
EPICTETO. Enquiridión. Barcelona: Editora Anthropos, 1991. (Edição bilíngüe, grego espanhol).
EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.
______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)
______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.
EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.
HADOT, Pierre. Manuel d’Épictète. Paris : Editora Librarie Générale Française, 2000.
MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Livro II. 1)
MARC AURELE, Pensées. Paris: Editora Les Belles Lettres, 1925. JAGU, Armand. Épictète et Platon. Paris: Vrin, 1946.

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