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Tanto Epicteto, como o próprio
Sêneca, numa descrição da razão, diriam que é próprio da razão exigir de nós uma
vida plena, simples e disciplinada, de acordo com a "Lei natural", e que, com a
aplicação desta, a nossa vida resultaria em liberdade e felicidade.
Segundo eles, como estóicos,
se a razão não segue a "Lei natural", ela se envereda por trilhas viciosas e,
com a desculpa de que viver é tarefa complexa, o homem, decide-se por desvios
improdutivos e não as seguindo, tornam, a vida difícil, infeliz. Quase que, com
isso, criam uma “segunda natureza” viciosa e indisciplinada.
Enfim, tendo aprendido a
seguir “meditando andando” (Hanh, 2000) por essas trilhas da “filosofia prática” tanto
em Epicteto quanto em Sêneca, uma vida simples e sem apegos infundados ao que
nos seja exterior, é fundamental.
A isso acrescento, do
professor Aldo Dinucci e Antonio Tarquínio, um trecho da “Introdução ao Manual
de Epicteto” referindo-se a Sócrates, no Eutidemo; "Diálogo" platônico que tomei para meditação
dessa noite:
Os estoicos “Consideram
Sócrates o exemplo máximo onde se realiza uma filosofia voltada para a
construção de um homem integralmente forte e livre, repercutindo muitos temas
do pensamento socrático, como, por exemplo, a questão da piedade. (Dinucci;
Taquínio, 2012)
Aforismos:
a) "A água do mar é a mais pura e a mais poluída; para os peixes é potável e salutar, mas para os homens é impotável e deletéria"[1]
b) "Para Divindade, tudo é belo, bom e justo, mas os homens supuseram umas coisas injustas, outras justas"[2]
a) "A água do mar é a mais pura e a mais poluída; para os peixes é potável e salutar, mas para os homens é impotável e deletéria"[1]
b) "Para Divindade, tudo é belo, bom e justo, mas os homens supuseram umas coisas injustas, outras justas"[2]
"No Eutidemo de Platão,
Sócrates observa que os bens reconhecidos pelos mortais se transformam em males
se administrados por imprudentes. Apresentarei o argumento de Sócrates no
Eutidemo de um modo didático. Pensem, leitores, em uma lista de bens. Suponho
que nela incluirão coisas como a riqueza, a saúde, o poder, um elevado status
social, o prazer, a vida.
Mas considerem o seguinte: a riqueza na mão de um tolo se torna inútil ou destrutiva; e se pode ser má, não é em si mesma nem boa, nem má. A saúde também nem sempre é um bem, já que seu contrário, a doença, pode por vezes levar o homem a valorizar sua vida e tomar ciência de si mesmo. O poder já foi ocasião para a ruína e a destruição de muitos. Um elevado status social pode concorrer para tornar o homem arrogante e cercá-lo de falsos amigos. O prazer também nem sempre é um bem, pois há prazeres que escravizam e destroem os homens. Seu contrário, a dor, nem sempre é um mal, pois às vezes é um meio para se obter algo maior (como o atleta que se submete a um treinamento extenuante para melhorar seu desempenho). E a vida também não é em si mesma um bem ou um mal, pois há ocasiões em que a morte é opção melhor que a vida (como no caso de alguém que, para continuar vivendo, tem que trair seus princípios, sujeitar-se a indignidades, ou compactuar com crimes).” (Dinucci; Taquínio, 2012)
Mas considerem o seguinte: a riqueza na mão de um tolo se torna inútil ou destrutiva; e se pode ser má, não é em si mesma nem boa, nem má. A saúde também nem sempre é um bem, já que seu contrário, a doença, pode por vezes levar o homem a valorizar sua vida e tomar ciência de si mesmo. O poder já foi ocasião para a ruína e a destruição de muitos. Um elevado status social pode concorrer para tornar o homem arrogante e cercá-lo de falsos amigos. O prazer também nem sempre é um bem, pois há prazeres que escravizam e destroem os homens. Seu contrário, a dor, nem sempre é um mal, pois às vezes é um meio para se obter algo maior (como o atleta que se submete a um treinamento extenuante para melhorar seu desempenho). E a vida também não é em si mesma um bem ou um mal, pois há ocasiões em que a morte é opção melhor que a vida (como no caso de alguém que, para continuar vivendo, tem que trair seus princípios, sujeitar-se a indignidades, ou compactuar com crimes).” (Dinucci; Taquínio, 2012)
(os grifos são meus)
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ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão, SE: Universidade Federal de Sergipe, 2012.
DINUCCI, Aldo; TAQUÍNIO, Antonio. Introdução ao manual de Epicteto. São Cristóvão, SE: Universidade Federal de Sergipe, 2012.
HANH, Thich Nhat. Meditação andando: um para a paz interior. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
DINUCCI, Aldo; TAQUÍNIO, Antonio. Introdução ao manual de Epicteto. São Cristóvão, SE: Universidade Federal de Sergipe, 2012.
HANH, Thich Nhat. Meditação andando: um para a paz interior. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
[2] PORFÍRIO. Porphyrii Quaestionum homericarum ad Iliadem pertinentium reliquias
collegit disposuit. Ed. B. G. Teubner. Charleston: Nabu Press, 2010, iv, 4.
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