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O
“[...] ser humano pode exercer domínio
sobre si mesmo se ele quiser?”
[...] Ora, o domínio sobre si mesmo
depende da força do sentimento moral. Podemos muito bem
nos autogovernar se enfraquecermos as forças opostas." (KANT,
2018[1])
Tenho estudado, nas
pausas, a obra dos estóicos. E, para eles, é verdadeiramente importante e
fundamental comprendermos que estudar a filosofia não é só esmerar-se no
burilamento dos discursos inflamados no verbo, mas vazios de conteúdos. Importa
mesmo que nossos esforços sejam sempre no sentido de apararmos as arestas na
prática e aquisição de Virtudes; aperfeiçoarmos
a nós mesmos. E, em meio aos estudos tenho observado um “princípio” a ser estudado com atenção, como segue abaixo:
Trata-se de Askesis[2]:
"Do grego. Significa exercício. É o esforço para renunciar aos prazeres sensíveis tendo em vista
o aperfeiçoamento moral ou espiritual, ou ainda a realização de uma obra que
exija o domínio da vontade. Os estóicos submetiam-se a essa
disciplina para escapar ao domínio dos sentidos e da afetividade; os ascetas
cristãos aplicavam-na a fim de se desapegarem do mundo e aproximarem-se de ‘Deus’.
P. Ext., chamamos de ascese o método perseverante, gerador de sacrifícios, que
o pesquisador, erudito ou filósofo, se inflige (por exemplo, Descartes, quando
duvida)."
Neste sentido, e sobre
como aplica-lo à própria vida, em primeiro lugar, aproveito trechos da obra de
Marco Aurélio, em suas Meditações, Livro
X:
- "Não fale mais sobre como o homem bom deve ser, mas seja um bom homem”(X,16).
- “Habitue-se o mais possível a si mesmo, por ocasião de qualquer coisa que seja feita por qualquer pessoa a perguntar-se a si mesmo, para que fim está este homem fazendo isto? Mas começa por si mesmo, e se examine primeiro.” (X,38)
Assim, entre as frequentes
leituras sobre estoicismo, aprendo alguns dos mais notórios princípios
para prática dessa filosofia: um conjunto de “exercícios práticos” a que estes, lidos hoje, são somados. Os objetivos estoicos estão
sempre ajustados de forma valorizar a ação, mais do que às palavras;
difícil empreendimento, ainda.
Portanto, agir, para o
indivíduo que se pretenda um verdadeiro prokopton, ou disso se aproximar, constitui-se cada vez mais em prioridade na autoeducação.
É a ação
que mostra como uma pessoa realmente é. Daí a incessante busca,
o difícil empreendimento, dito acima, por realizar tais exercícios
práticos no cotidiano para alcançar a eustatheia (tranquilidade) e euthymia (crença em si), como já anotei aqui nessa página,
tempos atrás.
Também a isso se acresce,
a busca sempre renovada por
imperturbável paz de espírito (ataraxia - Ἀταραξία).
Enfim, só vou dando
continuidade às repetidas tentativas de que, escrevendo, evite "falar", cada vez
mais.
"Mantenha-se forte, mantenha -se Bem." (SÊNECA)
"Mantenha-se forte, mantenha -se Bem." (SÊNECA)
______.
ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion de
Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci;
Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão.
Universidade Federal de Sergipe, 2012.
DINUCCI, Aldo; TAQUÍNIO,
Antonio. Introdução ao manual de Epicteto. 2012.
HADOT, Pierre. The
inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard
University Press, 2001.
MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril
Cultural, 1973.
[1]
KANT, Immanuel. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha
e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.
[2]
DUROZOI,
G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Trad. Marina Appenzeller.
Campinas, SP: Papirus, 1993.
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