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Como já anotei aqui, não
faz muito tempo que tenho estudado mais detidamente a filosofia estoica, com objetivos exclusivamente pessoais (um pouco
até por aproximação a Kant, sugerido pelo professor Valério Rohden, num de seus artigos). Nesse
sentido, tenho lido atentamente o Encheirídion,
traduzido pelo prof. Aldo Dinucci, de quem recebi um exemplar que está
sempre à mão, por aqui, além do volume I, das Diatribes, que ele mesmo traduziu, recentemente. O Encheirídion,
uma espécie de “Manual de bolso” que teria sido elaborado pelo aluno
de Epictetus, Flávio Arriano, a
partir das Diatribes, aulas que teria assistido, portanto, e que
resultaram no Encheirídion.
A Filosofia estoica, como
tenho anotado aqui, nesse blog, tem notória relação com as ideias de Sócrates,
também.
Aqui, mais uma vez, destaco
ainda que é perceptível também, na obra de Epictetus, em 51.1 e 52.2, uma divisão
da Filosofia em três partes:
a) a primeira
parte: amplamente relacionada à aplicação dos princípios estoicos;
b) na
segunda a recomendação de que tais princípios sejam demonstrados;
c) e,
por último, trata detidamente das demonstrações.
Para Epictetus, a primeira divisão é a mais fundamental,
porém, alerta para o fato de que geralmente damos mais valor à última divisão.
A Sabedoria prática buscada
com a leitura dos estoicos sugere que
agir agora mesmo é absolutamente necessário, pois, se ficarmos apenas nos
projetos de vida, não progrediremos.
E, com isso, e só assim
os sinais de progresso são como os que vão anotados abaixo, extraídos
do Encheirídion, de Epictetus; tema que, aliás desenvolvi
em uma palestra que fiz, há algum tempo, e estou desenvolvendo para um possível
artigo ou capítulo de livro, conforme às possibilidades e organização do tempo.
Sinais de progresso
“[48.b1] Sinais de quem progride: não recrimina ninguém, não elogia ninguém, não acusa ninguém, não reclama de ninguém. Nada diz sobre si mesmo – como quem é ou o que sabe. Quando, em relação a algo, é entravado ou impedido, recrimina a si mesmo. Se alguém o elogia, se ri de quem o elogia. Se alguém o recrimina, não se defende. Vive como os convalescentes, precavendo-se de mover algum membro que esteja se restabelecendo, antes que se recupere.
[48.b2]
Retira de si todo o desejo e transfere a repulsa unicamente para as coisas que,
entre as que são encargos nossos, são contrárias à natureza. Para tudo, faz uso
do impulso amenizado. Se parecer insensato ou ignorante, não se importa. Em
suma: guarda-se atentamente como um inimigo traiçoeiro”.
Ou seja, o que fica evidente e precisamos cuidar deste detalhe é que progredir, nesse caso, é atentarmos para as nossas falhas, os nossos defeitos pessoais e corrigirmos. Nisso consiste até onde consigo compreender o Estoicismo!
...
"Mantenha-se forte, mantenha-se bem" (Sêneca)
______
ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto
grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci;
Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012.
DINUCCI, A.; JULIEN,
A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra:
Imprensa de Coimbra, 2014.
EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV.
Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Book I.
Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.
______. O Encheirídion de Epicteto. Trad.
Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)
______. Testemunhos e Fragmentos. Trad.
Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.
EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as
reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather.
Harvard: Loeb, 1928. https://www.loebclassics.com/
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations
of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.
KING, C. Musonius Rufus: Lectures and
Sayings. CreateSpace Independent Publishing Platform, 2011.
LONG, Georg. Discourses of Epictetus, with
Encheiridion and fragments. Londres: Georg Bell and sons, 1890.
LONG, A. A. How to be free. Princeton, New
Jersey: Princeton University Press, 2018.
______. Epictetus: a stoic and socratic guide to life. New York: Oxford University Press. 2007.
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