“Schwieriege
wege führen oft zu schönen plätzen"
“Caminhos
difíceis podem levar a belos lugares”
Entre as obras de grandes filósofos gregos, como Sócrates, Platão, Aristóteles; seus seguidores e críticos
ao longo da história da filosofia, adotei algumas que passaram a fazer parte do
cotidiano, para enfoque bem existencial e focado em perspectivas práticas. Usando-as,
principalmente, no sentido de ferramentas para distanciamento dos absurdos que
dizem e divulgam com nome de Filosofia.
De retorno, sempre, à
leitura dos clássicos, de maneira o mais prudente possível - característica
exigida a um prokopton (προκόπτον) avançando
por outros textos, sem nunca, ultrapassar no que mais me interessa com essas
buscas, séc. XIX. O que veio depois, configurado como “contemporâneo” é parte do
que dispenso e me afasto.
Entre os textos a que me
refiro, para além de Sócrates, Platão
e Aristóteles estão, alguns como: “O
Encheirídion” de
Epicteto, as “Meditações” do imperador Marco Aurélio e as “Cartas
a Lucílio”, de Sêneca, autores que tenho estudado a partir da
maneira que les conceberam suas filosofias, como “exercício” (conforme
defende Hadot), como fim a ser buscado para mudança interior de quem se
aplique em aprofundar-se no que entende, com eles, como reflexões filosóficas. Uma
necessária chave de interpretação, ignorada por aqueles de quem faço questão de
me afastar, por pretensões mais úteis a mim.
E, tem mais. A essas
obras citadas, sempre acrescento outras na mesma linha de reflexão que se
encaixam nas minhas pretensões. Tenho acrescentado alguns autores que de certa
forma seguem nessa mesma direção, inclusive “contemporaneso”, desde que estejam
sintonizados com os temas clássico citados nos autores já mencionados. Destes,
e, entre suas estão: “The inner citadel”, de Pierre
Hadot, “Meditação andando”, de Thich Nhat Hanh, “Pequeno
tratado das grandes virtudes”, de André Comte-Sponville; ”Em busca de sentido” de Viktor Frankl,
todos entre as honrosas exceções da literatura hodierna; e sempre mencionadas
aqui, neste blog em que me exercito na escrita, após ter me convencido de que é
necessário ser o mínimo se queremos ser mais. E, a chave é o “progresso
moral”, a aquisição das grandes Virtudes.
Portanto, desviando
sempre o foco; por manutenção da Serenidade [εὐροίας],
e da Paz [Ἀταραξία] conforme Epicteto
(D. II.XVIII.28-29), prossigo, na “cura das paixões”. O fragmento
abaixo, diz bem a que me refiro:
"E, caso escolheres ater-te sobretudo ao que
é útil, não sintas aborrecimento diante das dificuldades, ponderando quantas
coisas na vida já te ocorreram não como desejavas, mas como era útil." (Fragmento 27 - "ESTOBEU"
3.7.22 - Capítulo 7: "Sobre a
Coragem").
Assim,
"Nada
farei por causa da opinião alheia, mas tudo por força da
consciência." (SÊNECA, Lucio Aneu. "Da vida feliz". XX, 4)
Pois,
"A
prudência determina o que é necessário escolher e o que é necessário
evitar." (Comte-Sponville)
Foi assim, após a “meditação da manhã”, estudando e
escrevendo um capítulo de livro e revisando outros textos para submissão; aproveitando
a pausa com a pesquisa principal que reli o trecho que segue abaixo, em que se
nota o convite a estarmos atentos ao que realmente está ao nosso alcance e o que não
é de nossa alçada, separando pacientemente uma coisa da outra para
continuarmos o caminho nas correções. Convite sempre reiterado, na linha de
interpretação do que escrevemos até aqui, neste texto. Cabendo-nos, observar
que a prática visada concernente à filosofia
moral aqui, numa perspectiva estoica, entre outras clássicas na filosofia, sempre
ter como motivação a busca individual pela Virtude.
"Para
que suportemos mais facilmente e com mais zelo as penas que devemos enfrentar
em vista da virtude e da perfeita honestidade, eis os raciocínios úteis que
foram feitos. “A quantas penas alguns se submetem por causa dos seus maus
desejos, como aqueles que amam sem freio, quantas penas outros suportam tendo
em vista o ganho de dinheiro, quantos males alguns sofrem para conquistar
reputação! E, no entanto, é voluntariamente que todas estas gentes suportam
toda espécie de fadiga. Não é, pois, monstruoso que eles suportem tantos males
por nada daquilo que é bom, e que nós não suportemos com solicitude e prontidão
toda a fadiga pela perfeita honestidade, para evitar o vício que prejudica
nossa vida, para adquirir a virtude que nos proporciona todos os bens?” (TÈLÈS
et MUSONIUS, 1978).
(grifos e destaques meus)
______.
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