sexta-feira, 24 de julho de 2020

REFLEXÃO MATINAL XLV: O DIFÍCIL CAMINHO ATÉ "SI MESMO"

Sete mil anos atrás, uma grande guerra devastou Keevard e destruiu o … #fantasia # Fantasia # amreading # books # wattpad
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Schwieriege wege führen oft zu schönen plätzen"

“Caminhos difíceis podem levar a belos lugares”


Entre as obras de grandes filósofos gregos, como Sócrates, Platão, Aristóteles; seus seguidores e críticos ao longo da história da filosofia, adotei algumas que passaram a fazer parte do cotidiano, para enfoque bem existencial e focado em perspectivas práticas. Usando-as, principalmente, no sentido de ferramentas para distanciamento dos absurdos que dizem e divulgam com nome de Filosofia.

De retorno, sempre, à leitura dos clássicos, de maneira o mais prudente possível - característica exigida a um  prokopton (προκόπτον) avançando por outros textos, sem nunca, ultrapassar no que mais me interessa com essas buscas, séc. XIX. O que veio depois, configurado como “contemporâneo” é parte do que dispenso e me afasto.

Entre os textos a que me refiro, para além de Sócrates, Platão e Aristóteles estão, alguns como: “O Encheirídion” de Epicteto, as “Meditações” do imperador Marco Aurélio e as “Cartas a Lucílio”, de Sêneca, autores que tenho estudado a partir da maneira que les conceberam suas filosofias, como “exercício” (conforme defende Hadot), como fim a ser buscado para mudança interior de quem se aplique em aprofundar-se no que entende, com eles, como reflexões filosóficas. Uma necessária chave de interpretação, ignorada por aqueles de quem faço questão de me afastar, por pretensões mais úteis a mim.

E, tem mais. A essas obras citadas, sempre acrescento outras na mesma linha de reflexão que se encaixam nas minhas pretensões. Tenho acrescentado alguns autores que de certa forma seguem nessa mesma direção, inclusive “contemporaneso”, desde que estejam sintonizados com os temas clássico citados nos autores já mencionados. Destes, e, entre suas estão: “The inner citadel”, de Pierre Hadot, “Meditação andando”, de Thich Nhat Hanh, “Pequeno tratado das grandes virtudes”, de André Comte-Sponville; ”Em busca de sentido” de Viktor Frankl, todos entre as honrosas exceções da literatura hodierna; e sempre mencionadas aqui, neste blog em que me exercito na escrita, após ter me convencido de que é necessário ser o mínimo se queremos ser mais. E, a chave é o “progresso moral”, a aquisição das grandes Virtudes. 

Portanto, desviando sempre o foco; por manutenção da Serenidade [εὐροίας], e da Paz [Ἀταραξία] conforme Epicteto (D. II.XVIII.28-29), prossigo, na “cura das paixões”. O fragmento abaixo, diz bem a que me refiro:

"E, caso escolheres ater-te sobretudo ao que é útil, não sintas aborrecimento diante das dificuldades, ponderando quantas coisas na vida já te ocorreram não como desejavas, mas como era útil." (Fragmento 27 - "ESTOBEU" 3.7.22 - Capítulo 7: "Sobre a Coragem").

Assim,

"Nada farei por causa da opinião alheia, mas tudo por força da consciência." (SÊNECA, Lucio Aneu. "Da vida feliz". XX, 4)

Pois,

"A prudência determina o que é necessário escolher e o que é necessário evitar." (Comte-Sponville)

Foi assim, após a “meditação da manhã”, estudando e escrevendo um capítulo de livro e revisando outros textos para submissão; aproveitando a pausa com a pesquisa principal que reli o trecho que segue abaixo, em que se nota o convite a estarmos atentos ao que realmente está ao nosso alcance e o que não é de nossa alçada, separando pacientemente uma coisa da outra para continuarmos o caminho nas correções. Convite sempre reiterado, na linha de interpretação do que escrevemos até aqui, neste texto. Cabendo-nos, observar que a prática visada concernente à filosofia moral aqui, numa perspectiva estoica, entre outras clássicas na filosofia, sempre ter como motivação a busca individual pela Virtude

"Para que suportemos mais facilmente e com mais zelo as penas que devemos enfrentar em vista da virtude e da perfeita honestidade, eis os raciocínios úteis que foram feitos. “A quantas penas alguns se submetem por causa dos seus maus desejos, como aqueles que amam sem freio, quantas penas outros suportam tendo em vista o ganho de dinheiro, quantos males alguns sofrem para conquistar reputação! E, no entanto, é voluntariamente que todas estas gentes suportam toda espécie de fadiga. Não é, pois, monstruoso que eles suportem tantos males por nada daquilo que é bom, e que nós não suportemos com solicitude e prontidão toda a fadiga pela perfeita honestidade, para evitar o vício que prejudica nossa vida, para adquirir a virtude que nos proporciona todos os bens?” (TÈLÈS et MUSONIUS, 1978).

(grifos e destaques meus)

 

______.

ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012).

CARLISLE, Claire. Philosopher of the heart: the restless life of Søren Kierkegaard. Londres: Penguin, 2020.

COMTE-SPONVILLE, André. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 2009. 

EPICTETO. Entretiens. Livre I. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

______. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

FRANKL, Viktor. O sofrimento humano: Fundamentos antropológicos da psicoterapia. Trad. Bocarro, Karleno e Bittencourt, Renato. Prefácio, Marino, Heloísa Reis. São Paulo: É Realizações, 2019.

______. Em busca de sentido. 25. ed. - São Leopoldo, RS: Sinodal; Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

______. Yes to Life: In spite of everything. Beacon Press, 2020.

______. Um sentido para a vida: psicoterapia e humanismo. Aparecida, SP: Ideias e letras, 2005.

______. The doctor and the soul: from psycotherapy to logotherapy. New york: Bantam Books, 1955.

GAZOLLA, Rachel.  O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

KIEKEGAARD, S. A. O desespero humano: doença até a morte. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

______. O desespero humano: São Paulo: Ed. UNESP, 2010.

______. Do desespero silencioso ao elogio do amor desinteressado. (Org. Alvaro Valls). Escritos, 2004.

______. As obras do amor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

______. O conceito de angústia. 3. ed. Trad. Alvaro Valls. Petrópolis, RJ, Vozes, 2015.

KING, C. Musonius Rufus: Lectures and Sayings. CreateSpace Independent Publishing Platform, 2011.

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______. How to be free. Princeton, New Jersey:  Princeton University Press, 2018.

______. Epictetus: a stoic and socratic guide to life. New York: Oxford University Press. 2007.

LUTZ, C. Musonius Rufus: the Roman Socrates. Yale Classical Studies 10 3-147, 1947.

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______. O homem à procura de si mesmo. São Paulo: Ed. Círculo do livro, 1992.

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PRITCHARD, M. “Philosophy for Children”. Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2002. Acessado em 19 de agosto de 2019; fonte: http://plato.stanford.edu/entries/children/ .

SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

TÈLÈS et MUSONIUS. Prédications. Trad. A. J. Festugière, Paris, Vrin, 1978.

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