terça-feira, 9 de março de 2021

REFLEXÃO MATINAL LXX: OPÇÃO EXISTENCIAL (II)

 


Marquinhos

https://marcosfilosofiamoderna.blogspot.com/

Considerações iniciais como projeto de Vida.

"Em primeiro lugar, ao menos desde Sócrates, a opção por um modo de vida não se situa no fim do processo da atividade filosófica, como uma espécie de apêndice acessório, mas, bem ao contrário, na origem, em uma complexa interação entre a reação crítica e outras atitudes existenciais, a visão global de certa maneira de viver e de ver o mundo, e a própria decisão voluntária; e essa opção determina até certo ponto a doutrina e o modo de ensino dessa doutrina. O discurso filosófico tem sua origem, portanto, em uma escolha de vida e em uma opção existencial, e não o contrário. (...). Essa opção existencial implica, por seu turno, certa visão de mundo, e será tarefa do discurso filosófico revelar e justificar racionalmente tanto essa opção existencial como essa representação do mundo. (HADOT, 2014: 17 e 18)"

A REFLEXÃO MATINAL

Na linha das recomendações de Ítalo Calvino, em seu “Porque ler os clássicos”, foi essa, a leitura da manhã, hoje! Um opúsculo excelente! E, nos últimos dias li alguns deles, prosseguindo a pesquisa principal, claro, mas recorrendo a essas obras de conteúdos profundos, que o interesse perturbado dos dias atuais, as torna tão pouco buscadas. Muito bons textos. Brevíssimos em quantidade, profundos em qualidade e reflexão filosófica.

Esse, por exemplo, uma coletânea de Aforismos atribuídos a Hipócrates, aliás, de quem vou ler mais coisas, principalmente pela sua aproximação com o Estoicismo. Aproveitando o período de convalescença para ler, nos intervalos da pesquisa, os clássicos. Já é prática vigente, reler nestes intervalos a obra de Machado de Assis, de Tchekov e Dostoyévski, Kafka, Frankl; Jung, May; para acrescentar mais leitura e correção das "más paixões", tenho adicionado, estes clássicos mais especificamente ligados ao Estoicismo, principalmente. Além, é claro, pensando nas obras de TCC. 

Grande Hipócrates, Galeno ...!

Aforismo, que etimologicamente significa “delimitação”, “demarcação”, é um dito breve, sentencioso e de caráter geral; designa aqui o conjunto de máximas, axiomas ou simplesmente ditos atribuídos a Hipócrates – o “pai da medicina” – pela tradição médica e filológica. Hipócrates é autor de inúmeras obras, mas foram os Aforismos que lhe garantiram notoriedade por mais de dois milênios. Desde a Antiguidade, encontram-se inúmeros comentários de filósofos e médicos que não apenas ressaltam a importância desta obra como breviário para questões de saúde, mas que ampliam seu leque de interesse. Há que ressaltar, porém, não apenas a importância histórica dos Aforismos, mas também o que deles se pode extrair de método, que em seu devido contexto esclarece o que embasa a prática médica de nossos dias.”

Para longe do discurso-falatório. Do palavreado ácido e nocivo hodierno.

______.

REFERÊNCIAS E SUGESTÕES DE LEITURA


BARROS, Daniel Martins de. Machado de Assis: loucura e as leis. São Paulo: Brasiliense, 2010.

CORDÁS, Táki Athanássios; BARROS, Daniel Martins de; GONZALEZ, Michele Oliveira. Personagens ou pacientes? 2: mais clássicos da literatura mundial para refletir sobre a natureza humana. Porto Alegre, RS: Artmed, 2019.

CALVINO, Italo. Por que ler os clássicos. Trad. Milton Moulin. São Paulo: Companhia de bolso, 2007.

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

______. Epictetus Discourses. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

______. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

GALENO. Aforismos. São Paulo: E. Unifesp, 2010.

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GAZOLLA, Rachel.  O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

______. A filosofia como maneira de viver: entrevistas de Jeannie Carlier e Arnold I. Davidson. (Trad. Lara Christina de Malimpensa). São Paulo: É Realizações, 2016.

______. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Trad. Flávio Fontenelle Loque, Loraine Oliveira. São Paulo: É Realizações, Coleção Filosofia Atual, 2014.

HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

______. Silêncio: o poder da quietude em um mundo barulhento. Rio de Janeiro, RJ: Harper Collins, 2018.

HUIZINGA, Johan. Nas sombras do amanhã: um diagnóstico da enfermidade espiritual de nosso tempo . - Trad. Sérgio Marinho, Goiânia-GO: Editora Caminhos, 2017.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). (O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro, ______. O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Brasília, DF: Feb, 2013. (Q. 625; 919, 919a).

LEBRUN, Gérard. O conceito de paixãoIn: NOVAES, Adauto (org.). Os sentidos da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 1987.

LEITE NETO, A.; CECÍLIO, A. L.; JAHN, H. (Orgs.). Machado de Assis: obra completa em quatro volumes. LEITE NETO, A.; CECÍLIO, A. L.; JAHN, H. (Orgs.). 2.ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. 4v.

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______. Pense como um imperador. Trad. Maya Guimarães. Porto Alegre: Citadel Editora, 2020.

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