domingo, 16 de maio de 2021

REFLEXÃO MATINAL LXXXVIII: ESCOLHAS E SERENIDADE

(IMAGEM: "Pinterest")

Manhã de trabalho, após brevíssima meditação que registro abaixo. É certo que, como sempre, os textos que compõem o que anoto aqui e agora são praticamente os mesmos de sempre. Das nossas escolhas (προαίρεσις - prohairesis) dependerá a nossa Serenidade.

Natural que assim seja, portanto, pois na retomada de cada um está sempre o vínculo ao projeto pessoal que compartilho, tendo como foco desviar sempre na direção da manutenção:

  • da Serenidade [εὐροίας]
  • da Paz [Ἀταραξία] conforme Epicteto (D. II.XVIII.28-29),

Assim, prossigo, no exercício para “cura das paixões”. O fragmento abaixo, diz bem a que me refiro:

"E, caso escolheres ater-te sobretudo ao que é útil, não sintas aborrecimento diante das dificuldades, ponderando quantas coisas na vida já te ocorreram não como desejavas, mas como era útil." (Fragmento 27 - "ESTOBEU" 3.7.22 - Capítulo 7: "Sobre a Coragem").

Assim,

"Nada farei por causa da opinião alheia, mas tudo por força da consciência." (SÊNECA, Lucio Aneu. "Da vida feliz". XX, 4)

Pois,

"A prudência determina o que é necessário escolher e o que é necessário evitar." (Comte-Sponville)

Foi assim, após a “meditação da manhã”, aproveitando a pausa com a pesquisa principal que reli o trecho que segue abaixo, em que se nota o convite a estarmos atentos ao que realmente está ao nosso alcance e o que não é de nossa alçada, separando pacientemente uma coisa da outra para continuarmos o caminho nas correções. Convite sempre reiterado, na linha de interpretação do que escrevemos até aqui, neste texto. Cabendo-nos, observar que a prática visada concernente à filosofia moral aqui, numa perspectiva estoica, entre outras clássicas na filosofia, sempre ter como motivação a busca individual pela Virtude.

"Para que suportemos mais facilmente e com mais zelo as penas que devemos enfrentar em vista da virtude e da perfeita honestidade, eis os raciocínios úteis que foram feitos. “A quantas penas alguns se submetem por causa dos seus maus desejos, como aqueles que amam sem freio, quantas penas outros suportam tendo em vista o ganho de dinheiro, quantos males alguns sofrem para conquistar reputação! E, no entanto, é voluntariamente que todas estas gentes suportam toda espécie de fadiga. Não é, pois, monstruoso que eles suportem tantos males por nada daquilo que é bom, e que nós não suportemos com solicitude e prontidão toda a fadiga pela perfeita honestidade, para evitar o vício que prejudica nossa vida, para adquirir a virtude que nos proporciona todos os bens?” (TÈLÈS et MUSONIUS, 1978).

(grifos e destaques meus)

 ______.

ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012).

CARLISLE, Claire. Philosopher of the heart: the restless life of Søren Kierkegaard. Londres: Penguin, 2020.

COMTE-SPONVILLE, André. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 2009. 

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______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

______. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

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GAZOLLA, Rachel.  O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

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