quinta-feira, 29 de julho de 2021

O "POR QUE NÃO SOMOS NIETZSCHEANOS": UMA CRÍTICA RIGOROSA

 


Recordando um texto da Folha de São Paulo que li em 20 de maio de 1994, reli semana passada, este livro "contra Nietzsche", em que “Alguns filósofos franceses tratam, com o livro "Por Que Não Somos Nietzscheanos", de dar um basta a esta euforia destruidora, a esse ateísmo completo. Afirmam, em alto e bom som, sua crença na democracia, nos direitos humanos, na Razão”.

“Inclui os artigos:

  • Hierarquia e verdade (Alain Boyer);
  • A besta-fera, o sofista e o esteta: 'A Arte a serviço da ilusão' (André Comte-Sponville);
  • O momento francês de Nietzsche (Vincent Descombes);
  • O que precisa ser demonstrado não vale grande coisa (Luc Ferry e Alain Renaut);
  • A metafísica nietzscheana da vida (Philippe Raynaud);
  • O paradigma tradicionalista: horror da modernidade e antiliberalismo-Nietzsche na retórica reacionária (Pierre-André Taguieff)

Entre os textos, um foi escrito por André Comte-Sponville, autor que tenho lido com mais frequência. 

Incluí uma resenha sobre a obra, de J. Chasin. Em resumo, a obra é um ataque, ou melhor, uma análise rigorosa, à moda que tornara-se Nietzsche no mundo filosófico”

Link do texto da Folha:

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/5/20/ilustrada/26.html

______.

BOYER, Alain (et. al). Porque não somos nietzscheanos. São Paulo: Ensaio, 1993.

 

quarta-feira, 28 de julho de 2021

REFLEXÕES SOBRE "EUDAIMONIA": ARISTÓTELES E ESTOICISMO



Aproximando das reflexões sobre "eudaimonia", principalmente na obra de Aristóteles, tenho notado relações entre os gregos Sócrates, Platão e o Estoicismo. Juntando a estas leituras, terminei hoje a leitura deste livro de Martha Nussbaum

Li, há algum tempo, da mesma autora, "A fragilidade da bondade", em 2009. De vez em quando, como hoje pela manhã, revisito um de seus capítulos. Um exame sobre a "vulnerabilidade humana" em relação à "fortuna" no pensamento ético dos poetas gregos, de Aristóteles e  de Platão.

Aproveitei para acresecentar "Therapy of desire... " em que ela discute a teoria e prática helenísitica em questões "éticas".

Ademais, a obra de Kraut, que até recentemente não conhecia, também acrescentei aqui. 

Martha C. Nussbaum, estudiosa reconhecida internacionalmente como especialista em temas sobre Aristóteles; Professora emérita de Direito e Ética da Universidade de Chicago.

Sobre livro: “Os epicuristas, os céticos e estóicos praticavam a filosofia não como uma disciplina intelectual independente, mas como uma arte mundana de lidar com questões de importância humana diária e urgente: o medo da morte, amor e sexualidade, raiva e agressão. Como a medicina, a filosofia para eles era uma ciência rigorosa voltada para a compreensão e, ao mesmo tempo, para produzir o florescimento da vida humana. Neste livro envolvente, Martha Nussbaum examina textos de filósofos comprometidos com um paradigma terapêutico - incluindo Epicuro, Lucrécio, Sexto Empírico, Crisipo e Sêneca - e recupera uma fonte valiosa para nosso pensamento moral e político de hoje.”

Sobre qualidade de Vida:

The quality of life: Aristotle revised. Apresenta uma teoria filosófica sobre os constituintes do bem-estar humano. A ideia principal é que o que Aristóteles chama de "bens externos" - riqueza, reputação, poder - têm, no máximo, uma influência indireta na qualidade de nossas vidas. Começando com os pensamentos de Aristóteles sobre este tópico, Kraut cada vez mais modifica (e ocasionalmente rejeita) essa postura. Ele argumenta que a maneira pela qual experimentamos o mundo é o que o bem-estar consiste. Uma boa vida interna compreende, em parte, prazer, mas o aspecto mais valioso dessa experiência é a qualidade de nossas experiências emocionais, intelectuais, sociais e perceptivas. Eles oferecem o potencial para uma qualidade de vida mais rica e profunda do que a que existe para muitos outros animais. Uma boa vida humana é incomensuravelmente melhor do que a de uma simples criatura que sente apenas os prazeres da alimentação; mesmo que sentisse prazer por milhões de anos, a vida humana seria superior. Indo contra a discussão contemporânea sobre bem-estar, que muitas vezes apela a um experimento de pensamento planejado por Robert Nozick, Kraut conclui que a qualidade de nossas vidas consiste na qualidade de nossa experiência. Embora se afirme que devemos viver no mundo real "para viver bem e que a vida interior de alguém tem pouco ou nenhum valor por si mesma, a interpretação de Kraut desse experimento mental apóia a conclusão oposta. 

(Os grifos e destaques são meus)

...

“Nussbaum escreve como se fosse uma defensora [dos filósofos helenísticos], embora não de forma acrítica, pois mesmo quando expressa sua admiração pela seriedade e sutileza com que esses filósofos analisam as paixões, ela admite que há um conflito insolúvel entre desapego e intenso compromisso que essas filosofias acarretam. A ideia de que esses filósofos ainda contam, de que podemos discutir com eles e aprender com eles, é altamente estimulante. " (Richard Jenkyns, resenha de livros do The New York Times)

______.

KRAUT, Richard. The quality of life: Aristotle revised. Oxford University Press, USA, 2018.

______. Aristóteles: a ética a Nicômaco: explorando grandes obras. Porto Alegre, RS: Editora Penso, 2009. 

NUSSBAUM, Martha. Therapy of desire: theory and practice in hellenistic ethics. Princeton University Press, 2013.

______. A fragilidade da bondade: fortuna e ética na tragédia e na filosofia grega. São Paulo, Martins Fontes, 2009. 486 páginas. 

segunda-feira, 26 de julho de 2021

X SEMINÁRIO VIVAVOX: ESTOICISMO

 


PROGRAMAÇÃO:

Agosto

06/08/21 14h Dra. Rachel Gazolla (Entrevista

27/08/21 14h Dr. Cristóvão Santos: Os escritos de Lúcio Aneu Cornuto.

Setembro

10/09/21 14h Dra. Anna Casoretti: O mýstes, o mystikós e o esoterikós na Antiguidade. Definições e conduta 

24/09/21 14h00 Seminário de orientandos do Viva Vox

Outubro

15/10/21 14h Dra. Gislene Vale dos Santos (UFBA): A matemática e a composição do visível no Timeu de Platão: entre a khóra e as ideai


29/10/21 14h Dra. Izabela Bocayuva (UERJ): Relação entre a política e a metafísica platônicas

Novembro

05/11/21 14H00 Dra. Jovelina Ramos (UFPA): Representações femininas na tragédia

26/11/21 14H00 Dra. Juliana Aggio (UFBA): Hipárchia, a cínica


Inscrições

https://www.sigaa.ufs.br/sigaa/public/extensao/loginCursosEventosExtensao.jsf

 

 

PAIXÕES IRRESISTÍVEIS? UMA REFLEXÃO

 

(IMAGEM: "Pinterest")

Mais do mesmo nas repetidas reflexões; até aprender...

“Não haverá paixões tão vivas e irresistíveis que a vontade seja impotente para dominá-las?

“Há muitas pessoas que dizem: Quero, mas a vontade só lhes está nos lábios. Querem, porém muito satisfeitas ficam que não seja como “querem”. Quando o homem crê que não pode vencer as suas paixões, é que seu Espírito se compraz nelas, em consequência da sua inferioridade. Compreende a sua natureza espiritual aquele que as procura reprimir. Vencê-las é, para ele, uma vitória do Espírito sobre a matéria.”

Tem sido comum abordar aqui minhas reflexões sobre o tema “paixões” nos autores que tenho estudado. E, há algum tempo, reconfigurando abordagens teóricas, adotadas numa forma pessoal de enfrentar um texto de grandes sábios, procurando ampliar o enfoque existencial em constante treino e esforços na direção da reformulação dos hábitos (ethos), naquilo que aprendo com estoicos e demais entre autores lidos: a “cura das paixões”. E, assim, aprendendo, prossigo.

Da noção de “treinos e esforços” formo pressupostos e exercícios, extraídos das leituras e releituras. Entre estes tantos estão os livros de Pierre Hadot, no que ele chama de “exercícios espirituais”, e que tenho lido e ele faz uma divisão dos “exercícios” estoicos em dois grupos:

  • aqueles que desenvolvem a consciência de si direcionados a uma visão exata do mundo, da natureza e, 
  • aqueles que são orientados para a paz e tranquilidade interior (Inner Citadel).

É, portanto, nesse sentido, acrescentando Epicteto, que nas Diatribes I.I.4 e no Encheiridion, recomenda os “exercícios” para o bom uso das representações, que se examine sempre e as teste antes de qualquer assentimento ou rejeição.

“Pois quando uma vez você concebe um desejo por dinheiro, se a razão for aplicada para trazer a você para a concepção de um mal, tanto as paixões se acalmam quanto o princípio governante [razão] é restaurado à sua autoridade original.”

Esta disciplina nos “exercícios” tem por meta equilibrar as emoções e, para Epicteto são fundamentalmente essenciais para a formação da alma.

“O homem que se exercita contra tais representações externas é o verdadeiro atleta em treino. [...] Grande é a luta, divina é a tarefa; o prêmio é um reino, liberdade [ἐλευθερίας], serenidade [εὐροίας], paz e imperturbabilidade [Ἀταραξία ].”

Reafirmando ainda que é tarefa principal de quem pretenda reformular os hábitos:

“[...] se você tem uma febre da maneira certa, você desempenhará as coisas esperadas do homem que tem uma febre. O que significa ter a febre da maneira certa? Não culpar deus, ou homem, não ser esmagado pelo que acontece a você, esperar a morte bravamente, e da maneira certa, fazer o que é imposto sobre você.” (D. III.X.12-13)

Dadas tais recomendações, é necessário, para Epicteto:

  • a disciplina e a adoção desses “exercícios” na busca de euroia,
  • a mudança dos hábitos a ponto de reformular a teoria em prática,
  • reconhecer que é processo lento e exige persistência (perseverança).

Por isso:

“Primeiro digira seus princípios, e então você terá certeza de não vomitá-los. [...] Mas depois que você tenha digerido estes princípios, mostre-nos alguma mudança em seu princípio governante [razão] que é devido a eles.” (D. III.XXII.3)

A proposta, portanto, é de alcançarmos o controle sobre nossos julgamentos, nossas escolhas (προαίρεσις) e assentimentos. Esforço válido e imprescindível! Diz Epicteto:

"Você vê, então, que é necessário para você vir a ser um frequentador das escolas, se você realmente deseja fazer um exame das decisões de sua própria vontade. E que este não é um trabalho para uma simples hora ou dia você sabe tão bem quanto eu.”

Assim, enquanto “medito andando”, tenho postado aqui, para mero registro pessoal, que depois desenvolvo e, talvez, um dia publique.

Pois, há alguns anos; já em plena guinada existencial decidi redirecionar o pensamento e abraçar projetos mais ousados, para mim, sem nenhuma pretensão de “mudar o mundo” ou alguém; e que, se for para empenhar-me em mudanças que sejam essas do ponto de vista pessoal.

E, tem sido fundamental, nesse sentido, focar em leituras que dêem suporte às reflexões. Sendo de amplitudes variadas não as enumero aqui, tendo optado por escrever breves textos que ratifiquem o caminho que percorro e preparo as próximas etapas.

Tal “exercício” está ligado ao que encontramos em Epictetus “exercício da consciência de si", como um “exercício da atenção” a si mesmo.

Em D. IV.XII, o capítulo inteiro, sobre a atenção (prosochéπερί προσοχῆς). E, em D. III. XVI.14-15 lemos as seguintes questões:

“como lido com as representações externas [προσπιπτούσαις φαντασίαις] que recaem sobre mim? De acordo com a natureza ou contrária a ela? Como responderia a essas impressões? Como eu deveria ou como eu não deveria? Eu declaro para as coisas que estão fora da esfera de minha proairesis que elas não significam nada para mim?”

A essa reflexão que já fiz aqui, usando até os mesmos textos, acrescentei hoje uma outra, sempre deixando claro que se trata de refletir a partir de diversos textos, mesmo fora dos clássicos da Filosofia mas que, sem dúvidas, para mim, possibilitam uma reflexão “filosófico-existencial” sem jamais jogar fora a tradição

(Grifos e destaques em algumas citações são meus)

______.

Para saber mais:

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1987 (col. Os Pensadores).

______. Ethica Nicomachea - III 9 - IV 15: As virtudes morais. Trad. Marco Zingano. São Paulo: Odysseus Editora, 2019.

CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.

KANT, Immanuel. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

______. Die Religion Innerhalb Der Grenzen Der Bloße Vernunft. Walter de Gruyter, 2010. (Editado por Ottfried Höffe)

______. Die Religion innerhalb der Grenzen der bloßen Vernunft. W. de Gruyter, 1968.

______. A religião nos limites da simples razão. Edições 70, Lisboa, 1992. 

DESCARTES, René. Discursos do Método; Meditações metafísicas; Objeções e Respostas; As Paixões da Alma; Cartas. (Introdução de Gilles-Gaston Granger; prefácio e notas de Gerard Lebrun; Trad. de J. Guinsberg), Bento Prado J. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (col. Os Pensadores).

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue).

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

______. Silêncio: o poder da quietude em um mundo barulhento. Rio de Janeiro, RJ: Harper, 2018

______. A filosofia como maneira de viver: entrevistas de Jeannie Carlier e Arnold I. Davidson. (Trad. Lara Christina de Malimpensa). São Paulo: É Realizações, 2016
______. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Trad. Flavio Fontenelle Loque e Loraine Oliveira. Prefácio de Davidson, Arnold. São Paulo: É Realizações, 2014.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). (O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro, ______. O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Brasília, DF: Feb, 2013. ("Paixoes": Q. 907-912).

LEBRUN, Gérard. O conceito de paixãoIn: NOVAES, Adauto (org.). Os sentidos da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 1987.

MACINTYRE, Alasdair. Depois da virtude: um estudo sobre teoria moral. Campinas, SP: Vide Editorial, 2021.

MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

SÊNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

 

domingo, 25 de julho de 2021

II SEMINÁRIO INTERNACIONAL: "FILOSOFIA E SAÚDE"



Filosofia e Saúde a coisa mais bela é aquela mais justa, a coisa melhor é o estar saudável; enquanto a coisa mais agradável de todas é obter o que se ama" [κάλλιστον τὸ δικαιότατον, λῷστον δ' ὑγιαίνειν- πάντων ἥδιστον ἥδιστον' οὗ τις ἐρᾷ τὸ τυχεῖν] (Delos).


II SEMINÁRIO INTERNACIONAL – Filosofia e Saúde

Tema: "A saúde no Mundo Antigo"

PROGRAMAÇÃO:

https://faculdadedomluciano.com.br/wp-content/uploads/2021/07/Folder_-II-Simposio-Filosofia-e-Saude-_-IV-Semana-Dom-Luciano.pdf



quinta-feira, 22 de julho de 2021

O “LEGADO DOS GENES” E “ARTE DO ENVELHECIMENTO” DE OTFRIED HÖFFE: UMA REFLEXÃO

 


Aproveitando que Mayana Zatz publicou o livro “O legado dos genes” (2021), que já incluí na lista de leituras futuras aqui, em que "ela mostra de modo simples e acessível, como se dão alterações fisiológicas que ocorrem com o passar dos anos", revisitei para cotejar alguns elementos, a obra de Otfried Höffe, sobre envelhecimento, que já publiquei aqui no blog em que ele formula uma ética social simples e convincente para a velhice. Ele se opõe à superioridade da economia e à predominância de imagens negativas do envelhecimento e responde à ameaça do "envelhecimento da sociedade" com a perspectiva dos "anos vencidos" e também dá conselhos práticos: correr, aprender, amar e rir trabalham contra a velhice e ajudam ao bem-estar.

Pois o que a experiência ensina há muito é confirmado pelas pesquisas: que se encontra as forças que combatem os "males" da idade em extensão considerável de nós em nós mesmos.

E, por outro lado, Mayana Zatz também reflete sobre o tema "envelhecimento" como:

“Um dos pesadelos mais frequentes de quem começa a envelhecer [...] o iminente declínio de seu desempenho cognitivo e físico. É senso comum acreditar que, a partir de uma determinada idade, devemos deixar de lado coisas que sempre fizemos ou mesmo abrir mão de encarar novos desafios. Essa ideia nasce do preconceito, não da ciência.

Qual seria o segredo de pessoas com idades entre oitenta e cem anos que impressionam pela agilidade mental e disposição física? Seriam elas a chave para um envelhecimento saudável? Em O legado dos genes, Mayana Zatz e Martha San Juan França apresentam, de modo simples e acessível, pesquisas científicas sobre o envelhecimento na área da genética, concluindo que, embora ajude cada vez mais a prever ou a prevenir problemas futuros, ela não determina totalmente o destino das pessoas.

Padrões de envelhecimento vão além do nosso patrimônio genético: fatores histórico-culturais, sociais, emoções e sentimentos fazem a experiência do envelhecer diversa e heterogênea, e devem ser levados em conta nessa jornada para uma vida mais longeva e feliz.”

PS: Acrescentando, hoje 03 de agosto 2021,  uma entrevista: "ACADÊMICA MAYANA ZATZ CONCEDE ENTREVISTA SOBRE O PAPEL DOS GENES NA LONGEVIDADE "

______.

os autores:

MAYANA ZATZ.  "Nasceu em Tel Aviv, em 1947. Professora titular do Instituto de Biociências da USP, coordena o Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Envelhecimento e Doenças Genéticas. Com prêmios nacionais e internacionais, atua nos debates sobre o genoma humano e políticas públicas pró-ciência."

MARTHA SAN JUAN FRANÇA. "Nasceu em São Paulo, em 1956. É jornalista e pesquisadora da área de divulgação científica, em especial saúde e meio ambiente, com mestrado e doutorado em história da ciência pela PUC-SP."

HÖFFE, Otfried. "De 1964 a 1970, Höffe estudou filosofia, história, sociologia e teologia nas universidades de Münster, Tübingen, Saarbrücken e Munique. Sua dissertação de 1971 foi sobre a filosofia prática de Aristóteles. Em 1970 e 1971, ele foi professor visitante na Universidade de Columbia.

Höffe se formou como professor em Munique em 1974 com uma dissertação sobre Estratégias da Humanidade. Sobre a ética da tomada de decisão pública. Em 1976, ele obteve seu primeiro cargo de professor titular na Universidade de Duisburg. De 1978 a 1992, ele foi professor de filosofia social em Friburgo, Suíça. Höffe também foi professor de ética social na ETH Zurich de 1986 a 1998. Desde 1992, Höffe é professor de filosofia na Universidade de Tübingen. Em 2002, ele também se tornou professor convidado constante de filosofia do direito na Universidade de St. Gallen, na Suíça. Seus principais e mais famosos livros, incluindo Cosmopolitan Theory of Law and Peace traduzido pela Cambridge University Press, lidam com ética, filosofia do direito e economia, e a filosofia de Immanuel Kant e Aristóteles.

Em abril de 2020, Höffe foi nomeado pelo Ministro-Presidente Armin Laschet da Renânia do Norte-Vestfália para um grupo de especialistas de 12 membros para aconselhar sobre as consequências econômicas e sociais da pandemia COVID-19 na Alemanha."

 

______.

CÍCERO. Saber envelhecer. A amizade. Porto Alegre, RS: L&PM, 1997.

HÖFFE, Otfried. Die hohe Kunst des Alterns: Kleine Philosophie des guten Lebens. 4. Ed. C. H. Beck, 2019.

ZATZ, Mayana; FRANÇA, Martha San Juan; NEWLANDS, Mariana. O legado genes. São Paulo: Objetiva, 2021.

terça-feira, 20 de julho de 2021

CICLO DE CONFERÊNCIAS SOBRE A "CRÍTICA DA RAZÃO PURA" DE IMMANUEL KANT

Terceiro encontro será nessa sexta feira (23/07), às 16h.

Tema: O lado sensível da experiência na estética transcendental”.

Professora convidada: Silvia Altmann (UFGRS). 




______.
KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1994.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

O "PROBLEMA MENTE-CORPO" NA OBRA DE CHRISTIAN WOLFF

 

Ainda em reinício de trabalhos, com esforços redobrados para a redação do texto principal,  faço geralmente, algumas pausas para ler ou reler textos e registrar aqui com objetivos de retomada e continuidade de estudos de grandes temas. 

Assim, prosseguindo desde os meus "primeiros apontamentos" sobre o tema "relação mente-corpo" acrescento aqui, mais um livro que acaba de sair e que fará parte das minhas reflexões futuras.

Fundamental para as minhas reflexões e futura redação dessas ideias, desde o início, têm sido os estudos das "Meditações metafísicas" e "As paixões da alma" e "O Homem" de René Descartes.

E, como sempre faço a cada livro que leio ou releio, ou algum como este que acaba de sair, que me leva a aprendizagem e sempre renovado interesse pelo tema, registro aqui. Isso para que fiquem armazenados os conteúdos aos quais sempre retorno e que sempre me convidam aos estudos mais detalhados. 

Neste caso, livro de fundamental importância por contemplar uma ampla variedade de temas sobre a psicologia de Christian Wolff, a mim particularmente interessantes e que me auxiliam na compreensão aprofundada em vários ângulos de abordagens. O tema tem sido debatido amplamente e acompanho as discussões e publicações a que consigo ter acesso. 

Tomando como ponto de partida a Filosofia, avanço por esse campo bastante diversificado da ciência.

Neste sentido, a filosofia da mente, alguns campos da física, da biologia, da neurofisiologia, das ciências cognitivas, das neurociências, da psicologia têm investigado questões como:

  1. Qual a natureza do fenômeno chamado consciência?
  2. Ela pode ser reduzida a elementos físico-químicos ou constitui uma entidade ontológica diversa do físico?
  3. O que significa dizer que somos seres livres que agem consciente e responsavelmente, e não determinados por fatores internos ou externos?

"Novos ensaios sobre a psicologia de Christian Wolff, seus contextos históricos e seu impacto sobre pensadores posteriores. Aprenda sobre seu dualismo mente-corpo, sua teoria das faculdades da mente, as primeiras idéias de experimentação quantitativa, sua escola de psicologia empírica e como suas idéias foram discutidas (e não raramente destruídas) por Kant, Hegel ou Wundt. Com artigos de Corey W. Dyck , Falk Wunderlich, Stefan Hessbrüggen, Michael Bennett McNulty ou Dieter Hüning, entre muitos outros."

Este livro apresenta, pela primeira vez em inglês, uma antologia abrangente de ensaios sobre a psicologia de Christian Wolff, escrita pelos principais estudiosos internacionais. Christian Wolff é uma das figuras mais importantes do pensamento ocidental do século 18. Nas últimas décadas, a publicação de Gesammelte Werke de Wolff por Jean École e colaboradores despertou novo interesse por suas ideias, mas o significado, o escopo e o impacto de seu programa psicológico permaneceram abertos a análises e discussões aprofundadas e abrangentes. É isso que este volume pretende fazer.

Este é o primeiro volume em inglês totalmente dedicado aos esforços de Wolff para sistematizar a psicologia empírica e racional, tendo como pano de fundo sua compreensão do método científico na metafísica. Com isso, Wolff pavimentou o caminho para a própria ideia de uma psicologia científica. O livro está dividido em duas partes. O primeiro cobre o significado teórico e histórico e o escopo da psicologia de Wolff, tanto em sua estrutura interna quanto em sua relação com outras partes de seu sistema filosófico, como lógica, cosmologia, estética ou filosofia prática. A segunda parte trata da recepção e do impacto da psicologia de Wolff, começando com as primeiras reações de seus discípulos e oponentes e passando para Kant, Hegel e Wundt.

______.

ARAUJO, S. F. O projeto de uma psicologia científica em Wilhelm Wundt: uma nova interpretação. Juiz de Fora: EDUFJF, 2010.

______. PEREIRA, Thiago Constâncio Ribeiro, STURM, Thomas (Eds.). The force of an idea: new essays on Christian Wolff's psychology. Springer, 2021)

______. O lugar de Christian Wolff na história da psicologia. Universitas Psychologica, 11(3), 1013-1024, 2012.

WOLLF, C. Psychologia empirica. In: J. École (Hrsg.), Christian Wolff’s Gesammelte Werke, II. Abteilung [Christian Wolff‘s Collected Works, Section II] (Band 5). Hildesheim: Olms (Erstausgabe 1732), 1964.

WOLFF, C. Psychologia rationalis. In: J. École (Hg.), Christian Wolff’s Gesammelte Werke, II. Abteilung. [Christian Wolff‘s Collected Works, Section II] (Band 6). Hildesheim: Olms (Erstausgabe 1734), 1966.

WOLFF, C. Prolegomena to empirical and rational psychology. In: R. Richards (Ed.), Christian Wolff’s prolegomena to empirical and rational psychology: Translation and commentary. Proceedings of the American Philosophical Society, 124, 227-239, 1980.

WOLFF, C. Vernünftige Gedanken von Gott, der Welt und der Seele des Menschen, auch allen dingen überhauptIn: C. Corr (Hg.), Christian Wolff’s Gesammelte. Werke, I. Abteilung [Christian Wolff‘s Collected Works, Section I] (Band 2). Hildesheim: Olms (Erstausgabe 1720). Wolff, C. (2006). Einleitende Abhandlung über Philosophie im allgemeinen [Introductory essay on philosophy in general] (G. Gawlick und L. Kreimendahl, Übers. und Hgg.). Stuttgart/Bad Cannstatt: FrommannHolzboog (Erstausgabe 1728), 1983.

WOLLF, Christian, 1679-1754. Psicologia empírica: prefácio e prolegômenos. Tradução de Márcio Suzuki. São Paulo: Editora Clandestina, 2018. 


domingo, 18 de julho de 2021

HISTÓRIA DA CIÊNCIA E RELIGIÃO: DISCUTINDO "MITOS" (II)

 

Recentemente, cada vez mais, tenho lido com afinco a temática que sempre anoto aqui. Entre os autores que tenho estudado com muita dedicação estão: Peter Harrison, que organizou “Ciência e religião”; Ronald Numbers e seu, entre outros, “Galileu Goes to jail”; Andrew Pinsent e muito recentemente: Rodney Stark, Alvin Plantinga.

Somei a estes o do prof. Danilo Marcondes... (já percebi que preciso cotejar muito atentamente), sigamos o trabalho.

E, hoje acabei encontrando este que não conhecia e estou lendo, de Ortega y Gasset: “En torno a Galileo”, disponível no vol. 5 das suas Obras completas, conforme indicado na Bibliografia.

“En 1933 Ortega quiso conmemorar el tercer centenario de la condena de Galileo dictando un curso (compuesto de doce lecciones) sobre aquella primera generación de hombres que vivieron y pensaron, desde una nueva perspectiva histórica, la Edad Moderna, abandonando las convicciones teológicas que habían sostenido el mundo medieval, por una nueva fe: la fe en la «razón pura».”

Em 2015, estudei bastante este tema. Não conhecia à época a obra de Ortega y Gasset. Sempre retomo algumas leituras nos intervalos da pesquisa principal.

E, sobre o tema ainda, um link para uma resenha:

http://editoraunesp.com.br/blog/gazeta-do-povo-resenha-ciencia-e-fe-de-galileu-galilei

Prossigo!

______.

DIXON, Thomas. Science and Religion: a very short introduction. Ouxford University Press, 2008.

GALILEU GALILEI. Ciência e fé: cartas de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. (Trad. Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento). 2. ed. São Paulo: Ed. Unesp, 2009.

GASSET, Ortega y. En tornoa Galileo. Editorial Biblioteca Nueva, 2005.

ORTEGA Y GASSET, José. Rebeião das massas. ‎ Campinas, SP: Vide Editorial, 2015.

______. O homem e os outros. Campinas, SP: Vide Editorial, 2017.

______. Meditações de Dom Quixote. Campinas, SP: Vide Editoria, 2019.

______. Lições de Metafísica. Campinas, SP: Vide Editorial, 2019.

______. O Que É Filosofia? Campinas, SP: Vide Editorial, 2016.

HARRISON, Peter. The Territories of Science and Religion. University of Chicago Press, 2015.

______. (Org.) Ciência e religião. São Paulo: Ideias e Letras, 2014.

LINDBERG, David C; NUMBERS, Ronald. When Science and Christianity Meet. University of Chicago Press; Edição: Reprint 1, 2008.

NUMBERS, Ronald L. Galileo Goes to Jail: and other myths about science and religion. Harvard University Press, 2009.

ORTEGA Y GASSET, José. En torno a Galileo. In: ______. Obras Completas Madrid: Alianza, 1994a. v. 5.

PINSENT, Andrew. Link: https://www.youtube.com/watch?v=-39OweTCOLo&feature=c4-overview&list=UUBFbFwJHAdu6PAitK1_3gTw

PLANTINGA, Alvin. Science and Religion: are they compatible? Oxford University Press, USA, 2010.

STARK, Rodney. Bearing false witness: debuking centuries of anti-catholic history. Templeton Press, 2016.

______. Why God?: explaining religious phenomena. Templeton Press, 2017.

______. For the glory of God: how monotheism led to refomations, science, witch-hunts and the end of slavery. New Jersey: Princeton University Press, 2003.

sábado, 17 de julho de 2021

A RELIGIÃO NOS LIMITES DA SIMPLES RAZÃO: PROSSEGUINDO COM OS TRABALHOS DESDE 2018 (II)

 Imagem relacionada

"[...] longe da posição de Kant está a visão secularista que trata a religião com desprezo, considerando-a como nada mais que uma relíquia do passado ou um deplorável refúgio para os ignorantes e supersticiosos" (A. W., 2009)

Iniciando os trabalhos com mais uma releitura,  na "tônica dominante" das leituras de 2021. Hoje, acrescentando uma edição publicada por Ottfried Höffe. Nesta obra, já no prólogo à primeira edição sobre a "religião", Immanuel Kant delimita sua investigação: 

 "dos quatro tratados seguintes, para tornar manifesta a relação da religião com a natureza humana, a qual possui em parte disposições boas e em parte disposições más, eu represento a relação do bom e do mau princípio tal como de duas causas operantes por si subsistentes e que influem no homem". Seu objetivo apresentar a relação da religião com a natureza humana. 

Importante estar atento ao uso do termo religião que pode seguir por duas linhas no texto:

a) numa, há uma tendência a toma-la num conjunto de dogmas e crenças; convencional. 

b) noutra, o texto considera o conceito como de religião de um ponto de vista subjetivo, relacionada ao “reconhecimento de todos os nossos deveres - Pflichten - como mandamentos divinos.

A religião nos limites da simples razão, considerada nesses termos, leva em conta, um certo consentimento do indivíduo à medida que considera os seus deveres como se fossem mandamentos divinos; ou seja, o objetivo é estudar a questão dos deveres à medida que cada indivíduo estaria sujeito a disposições boas e más. Kant investiga em que sentido as disposições más, tendo corrompido o indivíduo, podem ser dominadas e restituídas as disposições boas.

Kant parte, portanto, de uma relação entre religião e natureza humana relacionada a partir dos princípios bom e mau, tomados como causas que atuam na natureza humana. Daí, o texto sobre a religião ser tomado como uma investigação sobre a corrupção moral do homem. Logo nos dois primeiros livros; no terceiro e no quarto, tenta pensar em que sentido o indivíduo corrompido pode restabelecer-se moralmente. 

No fundo de toda a discussão estão os conceitos de mal radical (Radicale Böse) e de comunidade ética (ethischen gemeinen Wesens). Ora, com o conceito de mal radical, Kant discute a ruína moral humana; empregando o conceito de comunidade ética, enquanto um mecanismo de aperfeiçoamento moral, ele defende a possibilidade da esperança à medida que propõe um caminho para que daí o homem possa orientar-se por princípios morais.

Immanuel Kant moldou a filosofia da era moderna como nenhum outro pensador. Devido à sua notável importância, existem agora vários volumes de seus escritos na série Explicando Classicos, Kant é, no sentido mais verdadeiro da palavra, um pensador universal que dirige seu interesse em quase todas as áreas da vida humana. Segundo ele, esse interesse pode ser agrupado em três questões: O que posso saber? Como devo agir? E: o que posso esperar? Kant busca a resposta à terceira questão em sua obra A religião nos limites da simples razão (1793). Aqui, em sua filosofia religiosa, ele continua sua filosofia moral, de acordo com a convicção básica do Iluminismo. Para Kant, Deus não é mais um objeto de conhecimento, como era o caso da filosofia medieval, mesmo com Descartes, mas de esperança: o homem moralmente atuante espera por uma ordem significativa do mundo como um todo, por um Deus cuja existência conjunta com a imortalidade da alma é o pré-requisito necessário para o objetivo final da ação prática, para o bem supremo. Essa conexão original do que inicialmente parece contraditório, de uma moralidade de autonomia com a crença em um Deus sobrenatural, não é o único assunto da Escritura. Nele, Kant também desenvolve uma teoria diferenciada do mal moral e discute a relação entre a mera crença da igreja (a igreja visível) e a crença religiosa moral (a igreja invisível). Este texto tematicamente rico é interpretado no volume editado por Otfried Höffe na forma de um comentário cooperativo por autores de renome internacional e, portanto, tornado acessível. Com contribuições de: Jochen Bojanowski (Pittsburgh), Johannes Brachtendorf (Tübingen), Andrew Chignell (Cornell), Katrin Flickschuh (Londres), Maximilian Forschner (Erlangen), Otfried Höffe (Tübingen), Christoph Horn (Bonn), Eberhard Jüngel (Tübingel) )), Douglas McGaughey (Willamette), Reza Mosayebi (Bonn / Tübingen), Burkhard Nonnenmacher (Munique), Friedo Ricken (Munique), Allen Wood (Stanford).

...

“Immanuel Kant hat wie kein anderer Denker die Philosophie der Neuzeit geprägt. Aufgrund seiner überragenden Bedeutung liegen inzwischen auch schon mehrere Bände zu seinen Schriften in der Reihe Klassiker Auslegen vor. Kant ist im wahrsten Sinne ein universeller Denker, der sein Interesse auf nahezu alle Bereiche des menschlichen Lebens richtet. Nach ihm lässt sich dieses Interesse in drei Fragen bündeln: Was kann ich wissen? Wie soll ich handeln? Und: Was darf ich hoffen? Der Antwort auf die dritte Frage geht Kant in seiner Schrift Die Religion innerhalb der Grenzen der bloßen Vernunft (1793) nach. Hier, in seiner Religionsphilosophie, setzt er, gemäß der Grundüberzeugung der Aufklärung, seine Moralphilosophie fort. Gott ist für Kant nicht mehr wie etwa in der mittelalterlichen Philosophie, auch noch bei Descartes ein Gegenstand des Wissens, sondern des Hoffens: Der moralisch handelnde Mensch hofft auf eine sinnvolle Ordnung des Weltganzen, auf einen Gott, dessen Existenz zusammen mit der Unsterblichkeit der Seele die notwendige Voraussetzung für das letzte Ziel des praktischen Handelns, für das höchste Gut, ist. Diese originelle Verbindung von zunächst als gegensätzlich Erscheinendem, von einer Moral der Autonomie mit dem Glauben an einen übernatürlichen Gott, bildet jedoch nicht das einzige Thema der Schrift. In ihr entwickelt Kant darüber hinaus eine differenzierte Theorie des moralisch Bösen und erörtert das Verhältnis zwischen einem bloßen Kirchenglauben (die sichtbare Kirche) und dem moralischen Religionsglauben (die unsichtbare Kirche). Dieser thematisch reichhaltige Text wird im von Otfried Höffe herausgegebenen Band in Form eines kooperativen Kommentars von international renommierten Autoren interpretiert und somit aktuell erschlossen. Mit Beiträgen von: Jochen Bojanowski (Pittsburgh), Johannes Brachtendorf (Tübingen), Andrew Chignell (Cornell), Katrin Flickschuh (London), Maximilian Forschner (Erlangen), Otfried Höffe (Tübingen), Christoph Horn (Bonn), Eberhard Jüngel (Tübingen), Douglas McGaughey (Willamette), Reza Mosayebi (Bonn/Tübingen), Burkhard Nonnenmacher (München), Friedo Ricken (München), Allen Wood (Stanford).”

Ademais,

Acrescento alguns trechos das obras de Immanuel Kant que demonstram que ele NÃO era um “anti-cristão”

"Com o próximo trabalho Religião dentro dos limites ... Eu tentei completar a terceira parte do meu plano. O que posso esperar?

Neste trabalho eu fui guiado pela escrupulosidade e pela verdadeira apreciação pela religião cristã, juntamente com o princípio de uma liberdade de espírito adequada, sem esconder nada, mas para explicar abertamente como eu acredito que entendo a união do último com o último. mais pura razão prática "(Carta a C. Fr. Staudling (AA 4 V 1793)", em Briefwechsel, No. 574, AA XI, página 429)

"Aqui, então, é uma religião completa [critianismo] que pode ser proposta a todos os homens por sua própria razão de maneira cativante e convincente, e que, além disso, se tornou intuitiva (anschaulich) em um exemplo na medida em que a possibilidade e mesmo necessidade de ser arquétipo a seguir (na medida em que os homens são capazes disso), sem a verdade dessas doutrinas ou a autoridade e dignidade do professor que necessita de qualquer outra certificação [Beglaubigung] (para o qual seria erudição precisa ou milagres, que não são para o mundo inteiro "(Religião nos limites da simples razão, AA VI, p.162).

A Bíblia contém em si uma confirmação de sua divindade (moral) praticamente suficiente na influência que sempre exerceu sobre os corações dos homens (...) O caráter divino de seu conteúdo moral (...) autoriza a seguinte proposição: a Bíblia como se fosse uma revelação divina, merece ser conservada, usada moralmente e apoiar a religião como seu meio de direção "( Religião nos limites da simples razão, AA VII, pp. 64).

«Este Evangelho é o primeiro que, em virtude da pureza do princípio moral, mas ao mesmo tempo pela acomodação dele com as limitações dos seres finitos, sujeitou toda a boa conduta do homem à disciplina de um dever estabelecido. diante de seus olhos ele não o deixa se perder com as perfeições morais sonhadas, e colocou na presunção, bem como no amor próprio, que ambos conhecem seus limites com prazer, as imitações da humildade (isto é, o conhecimento de si mesmo). "(KpV; AA V, p.86).

...

Acrescentando hoje 11.04.2024, Lançamento da obra com a tradução do professor Bruno Cunha.

Sinopse: "Em A religião nos limites da simples razão Kant se propõe investigar o núcleo racional da religião e sua relação com a religião histórica, desenvolvendo um discurso consistente sobre a “essência moral” do cristianismo, que culmina em um manifesto contra todo tipo de “entusiasmo” religioso. Ao fim, esse empreendimento revela-se, ao mesmo tempo, na perspectiva da filosofia crítico-transcendental, como uma investigação sobre as “condições de possibilidade” do progresso moral da humanidade e da realização do objeto último da razão, para o qual tanto a religião racional quanto a religião histórica desempenham um papel fundamental."

______.

CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.

KANT, Immanuel. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

______. Die Religion Innerhalb Der Grenzen Der Bloße Vernunft. Walter de Gruyter, 2010. (Editado por Ottfried Höffe)

______. Die Religion innerhalb der Grenzen der bloßen Vernunft. W. de Gruyter, 1968.

______. A religião nos limites da simples razão. Edições 70, Lisboa, 1992. 

______. A religião nos limites da razão pura. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Editra Vozes, 2024

______.Vorlesung über die philosophische Encyclopädie. In: Kant gesalmmelte Schriften, XXIX, Berlin, Akademie, 1980, pp. 8 e 12).

______. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Tradução e estudo de Vinicius de Figueiredo. São Paulo: Editora Clandestina, 2018.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. (Trad. Vinícius Figueiredo). Campinas, SP: Ed. Papirus, 1993.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Lisboa: Edições 70, 2012.

______. A religião nos limites da razão pura. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2024.

Um pouco mais:

"Filosofia da Religião de Kant": publicado pela primeira vez na terça-feira, 22 de junho de 2004; revisão substantiva, segunda-feira, 19 de abril de 2021.

Disponível em: Stanford Encyclopedia of Philosophya Acesso em: 17 de julho 2021. https://plato.stanford.edu/entries/kant-religion/

O SUPOSTO "CONFLITO CIÊNCIA X RELIGIÃO" (II)

Recentemente, acrescentei, uma obra de  Alvin Plantinga  que até recentemente não conhecia: “ Ciência, religião e naturalismo:  onde está o ...