quarta-feira, 28 de julho de 2021

REFLEXÕES SOBRE "EUDAIMONIA": ARISTÓTELES E ESTOICISMO



Aproximando das reflexões sobre "eudaimonia", principalmente na obra de Aristóteles, tenho notado relações entre os gregos Sócrates, Platão e o Estoicismo. Juntando a estas leituras, terminei hoje a leitura deste livro de Martha Nussbaum

Li, há algum tempo, da mesma autora, "A fragilidade da bondade", em 2009. De vez em quando, como hoje pela manhã, revisito um de seus capítulos. Um exame sobre a "vulnerabilidade humana" em relação à "fortuna" no pensamento ético dos poetas gregos, de Aristóteles e  de Platão.

Aproveitei para acresecentar "Therapy of desire... " em que ela discute a teoria e prática helenísitica em questões "éticas".

Ademais, a obra de Kraut, que até recentemente não conhecia, também acrescentei aqui. 

Martha C. Nussbaum, estudiosa reconhecida internacionalmente como especialista em temas sobre Aristóteles; Professora emérita de Direito e Ética da Universidade de Chicago.

Sobre livro: “Os epicuristas, os céticos e estóicos praticavam a filosofia não como uma disciplina intelectual independente, mas como uma arte mundana de lidar com questões de importância humana diária e urgente: o medo da morte, amor e sexualidade, raiva e agressão. Como a medicina, a filosofia para eles era uma ciência rigorosa voltada para a compreensão e, ao mesmo tempo, para produzir o florescimento da vida humana. Neste livro envolvente, Martha Nussbaum examina textos de filósofos comprometidos com um paradigma terapêutico - incluindo Epicuro, Lucrécio, Sexto Empírico, Crisipo e Sêneca - e recupera uma fonte valiosa para nosso pensamento moral e político de hoje.”

Sobre qualidade de Vida:

The quality of life: Aristotle revised. Apresenta uma teoria filosófica sobre os constituintes do bem-estar humano. A ideia principal é que o que Aristóteles chama de "bens externos" - riqueza, reputação, poder - têm, no máximo, uma influência indireta na qualidade de nossas vidas. Começando com os pensamentos de Aristóteles sobre este tópico, Kraut cada vez mais modifica (e ocasionalmente rejeita) essa postura. Ele argumenta que a maneira pela qual experimentamos o mundo é o que o bem-estar consiste. Uma boa vida interna compreende, em parte, prazer, mas o aspecto mais valioso dessa experiência é a qualidade de nossas experiências emocionais, intelectuais, sociais e perceptivas. Eles oferecem o potencial para uma qualidade de vida mais rica e profunda do que a que existe para muitos outros animais. Uma boa vida humana é incomensuravelmente melhor do que a de uma simples criatura que sente apenas os prazeres da alimentação; mesmo que sentisse prazer por milhões de anos, a vida humana seria superior. Indo contra a discussão contemporânea sobre bem-estar, que muitas vezes apela a um experimento de pensamento planejado por Robert Nozick, Kraut conclui que a qualidade de nossas vidas consiste na qualidade de nossa experiência. Embora se afirme que devemos viver no mundo real "para viver bem e que a vida interior de alguém tem pouco ou nenhum valor por si mesma, a interpretação de Kraut desse experimento mental apóia a conclusão oposta. 

(Os grifos e destaques são meus)

...

“Nussbaum escreve como se fosse uma defensora [dos filósofos helenísticos], embora não de forma acrítica, pois mesmo quando expressa sua admiração pela seriedade e sutileza com que esses filósofos analisam as paixões, ela admite que há um conflito insolúvel entre desapego e intenso compromisso que essas filosofias acarretam. A ideia de que esses filósofos ainda contam, de que podemos discutir com eles e aprender com eles, é altamente estimulante. " (Richard Jenkyns, resenha de livros do The New York Times)

______.

KRAUT, Richard. The quality of life: Aristotle revised. Oxford University Press, USA, 2018.

______. Aristóteles: a ética a Nicômaco: explorando grandes obras. Porto Alegre, RS: Editora Penso, 2009. 

NUSSBAUM, Martha. Therapy of desire: theory and practice in hellenistic ethics. Princeton University Press, 2013.

______. A fragilidade da bondade: fortuna e ética na tragédia e na filosofia grega. São Paulo, Martins Fontes, 2009. 486 páginas. 

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