sábado, 1 de janeiro de 2022

PRIMEIRA LEITURA DO ANO DE 2022. NUM "CLINÂMEN": AS "CRIANÇAS DE ASPERGER"

 

"Be at war with your vices, at peace with your neighbors, and let every new year find you a better man."

"Esteja em guerra com seus vícios, em paz com seus vizinhos e deixe que cada novo ano te encontre como um homem melhor." (Benjamin Franklin, leitor dos estoicos)

E, na hora do primeiro cafezinho, concluí uma leitura bem interessante!

Instigado ainda pela grande quantidade de comentários em várias postagens nas "redes sociais" desde 02 de abril deste ano que terminou, vi-me, nos últimos 3 dias, entre leituras sistemáticas e pausas propedêuticas sobre o tema, sobretudo, profiláticas quanto à ordem das coisas por aqui, relendo alguns textos sobre o tema desse breve apontamento (entre eles um breve retorno a "Um antropólogo em Marte", num brevíssimo intervalo nas leituras referentes à pesquisa, como sempre faço. Este livro, desde a primeira vez que li, interessou-me bastante os tópicos que estão na página 246 até a página  295 e também da página 332 até a p. 333), livrinho que li em 2006, como já anotei aqui nesse blog em abril de 2021.

Aqui, agora, terminei este, da historiadora Edith Sheffer:

“Em Crianças de Asperger, a premiada historiadora Edith Sheffer mostra que Hans Asperger, até então celebrado pelo pioneirismo no estudo do autismo e da síndrome que leva seu nome, não apenas esteve envolvido nas políticas raciais do Terceiro Reich de Hitler como foi cúmplice no assassinato de crianças. Uma história abrangente das ligações entre o autismo e o nazismo, e de como os diagnósticos refletem os valores, as preocupações e as esperanças de uma sociedade. O regime nazista massacrou milhões na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, classificando as pessoas de acordo com raça, religião, comportamento e condição física para tratamento e eliminação. Os psiquiatras nazistas tinham como alvo crianças com diferentes tipos de deficiência - especialmente aquelas que demonstravam déficit de habilidades sociais -, alegando que o Reich não tinha lugar para elas. Hans Asperger e seu colega austríaco Leo Kanner foram os primeiros médicos a introduzir o termo "autismo" como diagnóstico independente para descrever certas características do distanciamento social. Asperger e seus colegas de fato se esforçaram em proporcionar cuidado individualizado para estimular o crescimento cognitivo e emocional de crianças que estariam na ponta "favorável" do espectro autista; no entanto, transferiram outras, que consideraram intratáveis, para o Spiegelgrund, um dos mais letais centros de extermínio de crianças do Reich.O objetivo desta história, segundo a autora, não é acusar nenhuma figura particular nem minar a discussão política sobre neurodiversidade inspirada pela obra de Asperger; é antes uma advertência a serviço da neurodiversidade, revelando como os diagnósticos podem ser moldados por forças sociais e políticas - e como pode ser difícil perceber e combater essas forças. Crianças de Asperger nos leva a repensar como as sociedades avaliam, rotulam e tratam os indivíduos diagnosticados com algum tipo de deficiência.”

(Grifos destaques meus)

Agora, voltando ao trabalho, de sempre!

______.

Para saber mais:

BIBLIOGRAFIA

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

ASPERGER. Hans. "Autistic psichopathy in childhood". In: FRITH, Uta, ed. Autism an asperger syndrome. Nova York: Cambridge University Presss, 1991.

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3. ed. – Porto Alegre, RS: Artmed, 2019.

HEIJDER, Was Beethoven een asperger?: een 21ste-eeuwse visie op een 19de-eeuws genie. Uitgeverij Ludwig, 2016

______. Beethoven: the Asperger connection.  Independently Published, 2020.

JASPERS, Karl. Il medico nell'età della técnica. Con un saggio introduttivo di Umberto Galimberti. Milano: Raffaello Cortina Editore, 1991.

______. Der Arzt im technischen Zeitalter: Technik und Medizin. Arzt und Patient. Kritik der Psychotherapie. 2. ed. München: Piper, 1999.

______. Psicopatologia geral: psicologia compreensiva, explicativa e fenomenologia. São Paulo: Atheneu, 1979. (2 vols.)

______. Plato and Augustine. Edited by Hannah Arendt. Translated by Ralph Manheim. New York: Harvest Book, 1962.

______. Introdução ao pensamento filosófico. 16. ed. São Paulo: Cultirx, 1971.

KANNER, Leo. "Autistic disturbances of affective contact". New York: Nervous Child 2:217-50, 1943.

KIERKEGAARD. S. A. Œuvres Complètes. Tome XX. Index Terminologique. Principaux concepts de Kierkegaard par Gregor Malantschuk. Traduit du danois, adapté e complété par Else-marie Jacquet-Tisseau. Paris, Éditions de L’orante, 1986.

______. O conceito de angústia: uma simples reflexão psicológico-demonstrativa direcionada ao problema dogmático do pecado hereditário de Virgilius Haufniensis. Tradução e Posfácio Álvaro Luiz Montenegro Valls. 3. edição, Petrópolis, Vozes, 2015. (Vozes de bolso)

LOCKWOOD, Lewis. Beethoven: the musica and the life. W. W. Norton & Company, 2005.

PARK, Clara Claiborne. The Siege: a family's journey into the world of an autistic child.  Back Bay Books; Revised ed. Edição, 1982.

RIMLAND, Bernard. Infantile autism: the syndrome and its implicationsfor a mental theory of behavior. Nova York: Apple-Century-Crofts, 1964.

RODRIGUES, Adriano Carvalho Tupinambé. Karl Jasper e a abordagem fenomenológica em psicopatologia. (Rev, Latinoam. de Psicopatologia. VIII, 4, 754-76. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlpf/a/xwYw4QxWhhxHSDQjjyhMyQB/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 28 de dezembro de 2021.

SACHS, Harvey. "A nona sinfonia: a obra-prima de Beethoven e o mundo na época de sua criação". Rio de Janeiro, RJ: José Olimpio, 2017.

SACKS, Oliver. Um antropólogo em marte: sete histórias paradoxais. São Paulo: Companhia das letras, (edição de bolso), 2006.

______. O olhar da mente. São Paulo: Companhia das letras, 2010.

SCHILLER, J. C. Friedrich. Cartas sobre a educação estética do homem. São Paulo: Iluminuras, 1995.

______. Kallias ou sobre a beleza: a correspondência entre Schiller e Körner (jan-fev. 1793. Trad. Ricardo Barbosa. Rio de Janeiro: J. Zahar Editores, 2002.

SHEFFER, Edith. Crianças de Asperger: as origens do autismo na Viena nazista. Rio de Janeiro, RJ: Record, 2019.

______. Asperger's children: the origins of autism in nazi Vienna. W. W. Norton & Company. Illustrated edition, 2018.

SWAFFORD, Jan. Beethoven: angústia e triunfo. Amarilys, 2017.

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