Prosseguindo com as
reflexões, estabelecidas já há algum tempo, como projeto na reforma da
conduta pessoal para melhor compreensão do que seja desenvolver e aplicar
a virtude.
Ainda tão distante, mas,
tarefa a realizar!
Portanto, decidi investir
por aprimorar as emoções nesse sentido, exatamente por pressupor que
tais podem ser revertidas em força interior, para resistir aos assaques ou
provocações externas. Totalmente na direção contrária das concepções
mirabolantes que dominam o "mercado" das más ações no mundo.
E, para
uma consideração desse elemento na constituição da imperturbável tranquilidade
da alma, vale considerar, antes, de anotar o que escolhi dos estoicos para
o dia de hoje, logo pela manhã, retomando agora. Anotei entre as leituras de
hoje, mais uma vez, essas passagens abaixo para firme reflexão em direção a
ações que urgem.
A imperturbável paz
de espírito (ataraxía - ἀταραξία):
Um dos pontos centrais
da filosofia estoica: a conquista da felicidade por meio
da ataraxia, um ideal de imperturbável tranquilidade em
que seria possível viver de forma serena e com absoluta paz de espírito. E,
os estoicos, defendiam e ensinavam que o homem só pode alcançar plena
felicidade mediante aquisição de virtudes e aperfeiçoamento dos conhecimentos.
A tranquilidade (apátheia - ἀπάθεια):
Na busca pela vida
tranquila e feliz, a proposta da filosofia estoica era de que os fatores
externos que comprometessem a perfeição moral e intelectual devem ser
ignorados, superados, tratados com apátheia. Mesmo nas
dificuldades, a reação indicada ao ser humanos, era sempre agir com
muita calma e tranquilidade, sem que fatores externos perturbem nossa
capacidade de julgar ou reagir.
Nesta caminhada, como
também já citado aqui várias vezes, revisito sempre a obra de Séneca (2014), e
as demais obras listadas na Bibliografia, sempre consultada e sugerida:
"Sempre que queiras
saber qual a atitude a evitar ou a assumir, regula-te pelo bem supremo,
pelo objetivo de toda a tua vida. Todas as nossas ações devem conformar-se com
o bem supremo: somente é capaz de determinar as ações individuais o homem
que possui a noção do objetivo supremo da vida".
Ainda nesse sentido, no
projeto de encaminhar nossas ações para uma melhor versão de mim, prosseguimos com
os exercícios, que tem se tornado elementos que indicam o que falta
ainda desenvolver se a tarefa iniciada visava fundamentalmente “curar as
paixões”!
Acrescento abaixo um dos
textos, mais coerentes com a Weltanschauung[1]
buscada aqui, associada ao que anotei acima. Duas questões que
têem sido pensadas nessa empreitada:
907.
Será intrinsecamente mau o princípio originário das paixões, embora esteja na
natureza?
“Não; a paixão está no
excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem
foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização
de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.”
908.
Como se poderá determinar o limite onde as paixões deixam de ser boas para se
tornarem más?
“As paixões são como um
corcel, que só tem utilidade quando governado, e que se torna perigoso quando
passa a governar. Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que
deixais de poder governá-la, e que dá em resultado um prejuízo qualquer para
vós mesmos ou para outrem.”
As paixões são alavancas
que decuplicam as forças do homem e o auxiliam na execução dos desígnios da
Providência. Mas se, em vez de as dirigir, deixa que elas o dirijam, cai o
homem nos excessos e a própria força que, manejada pelas suas mãos, poderia
produzir o bem, contra ele se volta e o esmaga.
Todas as paixões têm seu
princípio num sentimento ou necessidade natural. O princípio das paixões não é,
assim, um mal, pois que assenta numa das condições providenciais da nossa
existência. A paixão propriamente dita é a exageração de uma necessidade ou de
um sentimento. Está no excesso e não na causa, e este excesso se torna um mal
quando tem como consequência um mal qualquer.
Toda paixão que aproxima
o homem da natureza animal afasta-o da natureza espiritual.
Todo sentimento que eleva
o homem acima da natureza animal denota predominância do espírito sobre a
matéria e o aproxima da perfeição."
Tudo por fazer, prossigo!
Link para saber mais e estudar sobre o tema "paixões, vícios e virtudes" em outra perspectiva: https://kardecpedia.com/
(Grifos e Destaques são meus))
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[1] “Cosmovisão”. Podendo ser entendia como um "conjunto ordenado de valores, impressões, sentimentos e concepções de natureza intuitiva, anteriores à reflexão, a respeito da época ou do mundo em que se vive.”
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