terça-feira, 15 de março de 2022

NOVAS REFLEXÕES E NOVAS PERSPECTIVAS EM EPISTEMOLOGIA: SOBRE CIÊNCIA E "PSEUDOCIÊNCIA"

 


Aqui, mais um livro lido sobre o tema, e à medida que adentro no tema, adiciono bibliografia, tenho notado que novas perspectivas de abordagens do tema tem surgido. 

Acrescento algumas delas. Já não é mais possível, na discussão sobre o que é e o que não é ciência, o único caminho seguido a partir de Popper. Isso posto, inclusive aqui, adiciono algumas das referências bibliográficas para aprofundamento posterior sobre o que é “ciência” e o que é “pseudociência”. Aqui, nesse sentido, acrescento de Pigliucci; Boudry, (2013): "Philosophy of Pseudoscience: reconsidering the demarcation problem".

“O que diferencia a prática da ciência rigorosamente testada e sólida da pseudociência? Neste volume, os colaboradores procuram responder a esta questão, conhecida pelos filósofos da ciência como "o problema da demarcação". Esta questão tem uma longa história na filosofia, que remonta ao início do século XX e à obra de Karl Popper. Mas no final da década de 1980, os estudiosos da área começaram a tratar o problema da demarcação como impossível de resolver e fútil de ponderar. No entanto, os ensaios que Massimo Pigliucci e Maarten Boudry reuniram neste volume são um caso empolgante para a importância inequívoca de refletir sobre a separação entre pseudociência e ciência sólida. Além disso, o problema da demarcação não é um dilema puramente teórico de mero interesse acadêmico: afeta a decisão dos pais de vacinar as crianças e a disposição dos governos em adotar políticas que previnam as mudanças climáticas. A pseudociência muitas vezes imita a ciência, usando a linguagem superficial e as armadilhas da pesquisa científica real para parecer mais respeitável. Mesmo um público bem informado pode ser enganado por essas teorias questionáveis ​​disfarçadas de ciência. Crenças pseudocientíficas competem com ciência sólida nas páginas de saúde dos jornais pela cobertura da mídia e nos laboratórios pelo financiamento da pesquisa. Agora, mais do que nunca, a capacidade de separar descobertas científicas genuínas de descobertas espúrias é vital, e A Filosofia da Pseudociência fornece terreno para filósofos, sociólogos, historiadores e leigos tomarem decisões sobre o que a ciência é ou não.” (PIGLIUCCI; BOUDRY, 2013)

Antes, para essas reflexões que prossigo, tinha lido as obras de Sven Ove  Hanson

Em seus livros "[...] explica como a lógica da mudança de teoria emprega modelos formais na investigação de mudanças em bancos de dados e estados de crença. Os tópicos cobertos incluem caracterizações equivalentes de operações AGM, representações estendidas dos estados de crença, operadores de mudança não incluídos na estrutura original, mudança iterada, aplicações do modelo, suas conexões com outras estruturas formais e críticas ao modelo.”

. ' .

“A demarcação entre ciência e pseudociência faz parte da tarefa mais abrangente de determinar quais são as crenças epistemicamente justificadas. Este verbete esclarece a natureza específica da pseudociência em relação a outras categorias de doutrinas e de práticas não-científicas, inclusive a recusa da ciência e a resistência aos fatos. Os critérios de demarcação mais importantes são discutidos e algumas das suas fraquezas são expostas. Por último, enfatiza-se que há muito mais consenso sobre questões particulares de demarcação do que sobre os critérios gerais em que esses juízos devem se basear. Isso é um indício de que há muito trabalho filosófico importante por fazer sobre a demarcação entre ciência e pseudociência.”  (HANSSON, Sven ove. First published Wed Sep 3, 2008; substantive revision Thu May 20, 2021. Disponível em: https://plato.stanford.edu/entries/pseudo-science/Acesso em: 06 de setembro de 2021).

E, por falar em "epistemologia”; nas últimas manhãs dedicadas à retomada dos estudos e trabalhos, volto, com esforços, a uma outra obra de Karl Popper que há muito desejava reler (alguns capítulos, especificamente).

Tem sido uma constante, nesse tópico “filosofia da ciência”, na leitura dos clássicos da área, que eu encaminhe minhas reflexões sobre a forma como Popper trata a importância e relevância da metafísica ante o critério de demarcação científica” (Popper, 1972).

De grande importância, para mim, ainda que Popper não tenha desenvolvido claramente essa questão em suas obras, quis ler aqui: qual pode ser a importância da metafísica para a investigação do conhecimento científico, ainda hoje. Certo é que Karl R. Popper não nega os pressupostos de teor metafísico na produção da ciência.

Assim, admitindo que haja tal relevância, importante que se investigue a função que a metafísica teria no desenvolvimento e produção da ciência. Popper defendeu tal relevância da metafísica em torno das “teorias da ciência”, presente, segundo ele, desde a antiguidade.

Leitor de Kant, retomo a questão sem me afastar das referências básicas e, para me manter refletindo sobre “os dois os problemas fundamentais da teoria do conhecimento: o problema da indução (problema de Hume) e o problema da demarcação (problema de Kant)”:

Mas, este retorno ao tema deve-se ao recente contato com a obra de Sven Ove Hansson citada desde o início e que motivou-me a escrever este brevíssimo texto que pretendo melhorar e aprofundar, no texto e no tema. A começar pelo livro ”Belief Change: introduction and overview”.

“This book explains how the logic of theory change employs formal models in the investigation of changes in belief states and databases. The topics covered include equivalent characterizations of AGM operations, extended representations of the belief states, change operators not included in the original framework, iterated change, applications of the model, its connections with other formal frameworks, and criticism of the model.”

“Este livro explica como a lógica da mudança de teoria emprega modelos formais na investigação de mudanças em bancos de dados e estados de crença. Os tópicos cobertos incluem caracterizações equivalentes de operações AGM, representações estendidas dos estados de crença, operadores de mudança não incluídos na estrutura original, mudança iterada, aplicações do modelo, suas conexões com outras estruturas formais e críticas ao modelo.”

Incluí acima, neste texto, o link do artigo que li e tive primeiro contato com este autor.

Ou seja, começando um novo caminho de reflexões a partir de produções mais recentes sobre o tema.

(os Grifos e Destaques são meus)

______.

BOUDRY, M. (2021). Diagnosing pseudoscience – by getting rid of the demarcation problem. Journal for General Philosophy of Science. https://doi.org/10.1007/s10838-021-09572-4

CHALMERS, A. (2013). The limitations of falsificationism. In A. Chalmers (Ed.), What is this thing called science? (4th ed., pp. 81–96). essay, University of Queensland Press.

HANSSON, Sven Ove. Belief Change: introduction and overview. Springer,  2018.

______. Vetenskap och ovetenskap. Stockholm: Tiden, 1983.

______. “Defining Pseudoscience”, Philosophia Naturalis, 33: 169–176. 1996.

______. “Falsificationism Falsified”, Foundations of Science, 11: 275–286, 2006.

______. “Values in Pure and Applied Science”, Foundations of Science, 12: 257–268, 2007.

______. “Philosophy in the Defence of Science”, Theoria, 77(1): 101–103, 2011.

______. “Defining pseudoscience and science”, pp. 61–77 in Pigliucci and Boudry (eds.), 2013.

______. Philosophy of pseudoscience: reconsidering the demarcation problem. University of Chicago Press; Illustrated edição, 2013.

KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. 3, ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1994.

_____. KUHN, Thomas S., 1974. “Logic of Discovery or Psychology of Research?”, pp. 798–819 In: P.A. Schilpp, The Philosophy of Karl Popper, The Library of Living Philosophers, vol xiv, book ii. La Salle: Open Court.

LAKATOS, Imre, 1970. “Falsification and the Methodology of Research program”, pp 91–197 In: Imre Lakatos and Alan Musgrave (eds.) Criticism and the Growth of Knowledge. Cambridge: Cambridge University Press.

______. “Popper on Demarcation and Induction”, pp. 241–273 In: P.A. Schilpp, The Philosophy of Karl Popper, The Library of Living Philosophers, vol xiv, book i. La Salle: Open Court, 1974a.

______. “Science and pseudoscience”, Conceptus, 8: 5–9, 1974b.

_____. “Science and pseudoscience”, pp. 114–121 in S Brown et al. (eds.) Conceptions of Inquiry: A Reader London: Methuen, 1981.

LAUDAN, Larry, “The demise of the demarcation problem”, pp. 111–127 In: R.S. Cohan and L. Laudan (eds.), Physics, Philosophy, and PSYCHOANALYSIS, DORDRECHT: REIDEL, 1983.

MEYER, Catherine; MIKKEL Borch-Jacobsen. [et al.]. O livro negro da psicanáliseViver e pensar melhor sem Freud. 5.ed. Trad. de Simone Perelson e Beatriz Medina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

NEWTON-SMITH, W. H. Popper—The Irrational Rationalist. In W. H. Newton-Smith (Ed.), The rationality of Science (pp. 44–76). essay, Routledge, 1981.

PIGLIUCCI, M., & BOUDRY, M. Philosophy of Pseudoscience: Reconsidering the Demarcation Problem. Chicago e London: The University of Chicago Press, 2013.

POPPER, K. (1993). Lógica da pesquisa científica. São Paulo: Edusp.

______. Conjecturas e refutações. Trad. Bath S. Brasília: UB, 1972.

______. Os dois problemas fundamentais da teoria do conhecimento. São Paulo: Editora Unesp, 2013.

______. O conhecimento e o problema mente-corpo. Lisboa: Edições 70, 2009.

______; ECCLES, J. C. O cérebro e o pensamento. Campinas, SP: Papirus; Brasília, DF: Ed. Universidade de Brasília, 1992.

______. O conhecimento objetivo. Belo Horizonte, MG: Itatiaia, 1999.

______. O eu e seu cérebro. Campinas, SP: Papirus; Brasília, DF: Ed. Universidade de Brasília, 1995.

 

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