segunda-feira, 16 de maio de 2022

LOCKE E LEIBNIZ: SOBRE A DISCUSSÃO FÉ X RAZÃO

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Ainda Estudando o tema, desde 2019, quando reli com atenção o texto de S. S. Chibeni sobre "Locke e o materialismo". O tema, como sempre, atualíssimo para mim. Ampliando, recentemente, para as reflexões a partir de Immanuel Kant, com novas traduções que tenho citado aqui no Blog.

BOA FILOSOFIA

Uma reflexão a partir de John Locke, sobre "fé e razão"

Com a leitura matinal, do livro II do Ensaio, Locke, tratando da lei divina, sustenta que o homem pode ter acesso a ela por meio de duas fontes: luz natural e revelação.

luz natural é a razão de que o homem é dotado para conhecer a lei moral que deve governar a sua vida. A revelação é uma comunicação divina que traria ao homem algumas verdades “já prontas”.

Já, em seu primeiro livro, o Ensaio, várias vezes, Locke faz referência ao binômio razão-revelação. Uma definição desses termos, mais sistemática só é apresentada no livro IV. 

No capítulo XVIII desse livro IV, por exemplo, Locke dedica-se a uma análise da razão. E, no capítulo XIX, encontramos o estudo da relação entre  (religiosa) e razão, e apresenta uma definição para os dois termos:

"Por razão eu entendo, em contraposição à fé, descobrir certeza ou probabilidade numa proposição ou verdade à qual a mente chega por deduções a partir de ideias de sensação ou de reflexão, suas faculdades naturais.(Ensaio. IV.XVIII.2)"

E, a "fé, por outro lado, é assentir a uma proposição, que não apresentada por deduções da razão, mas com base no crédito daquele que as propõe como vindas de Deus por comunicação extraordinária. Essa via de manifestar verdades ao homem nós chamamos revelação.(Ensaio. IV.XVIII.2)"

O filósofo alemão Leibniz se interessou muito pelo Ensaio de Locke; e escreveu uma obra crítica intitulada Novos ensaios sobre o entendimento humano, que se corresponde com o Ensaio parágrafo por parágrafo. 

Logo no prefácio, Leibniz diz o seguinte:

“Sendo que o Ensaio sobre o entendimento, obra publicada por um ilustre inglês, constitui um dos mais belos e mais estimados livros do tempo atual, tomei a resolução de fazer-lhe observações (…)”. 

As observações, bem diferentes de Locke sobre vários temas do Ensaio, mas quando fala do capítulo XVIII do livro IV, Leibniz concorda, quase que integralmente, com o pensamento de Locke. 

Leibniz comenta a relação entre a razão e a fé; é isso que decidi voltar a estudar na manhã de hoje e, com certeza, prosseguirei, já que os autores e a temática fundamental não foge do meus interesses básicos pessoais nem dos que tenho estudado para a pesquisa em si mesmo.

______.

ANTOGNAZZA, Maria Rosa. The Oxford Handbook of Leibniz. Oxford University Press, 2018.

AYERS, M. Locke: ideias e coisas. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Editora Unesp, 2000.

BUTLER, J; CLARKE, S; HUTCHESON, F; MANDEVILLE, B; SHAFTESBURY, L; WOLLASTON, W. Filosofia moral britânica: Textos do Século XVIII. Campinas, SP: Ed. Unicamp, 2014.

CHIBENI, Silvio Senno. Locke e o materialismo. Disponível em: https://www.unicamp.br/~chibeni/public/lockeeomaterialismo  Acesso em 15 abril de 2022.

CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.

HUME, Davis. História natural da religião. Trad. apres. e notas Jaimir Conte. São Paulo: Ed. Unesp, 2005.

KANT, Immanuel. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

______. Lições de metafísica. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2021.

KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de. São Paulo: Discurso editoria: Barcarola, 2009.

______. Textos pré-críticos. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

______. Textos seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

______. Investigação sobre a clareza dos princípios da teologia e da moral. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda, 2007.

LEIBNIZ. G. W. Novos ensaios sobre o entendimento humano. Lisboa: Edições Colibri, 1993.

______. Ensaios de teodicéia. São Paulo: Estação Liberdade, 2013.

______; WOLFF, C; EULER, L.P; BUFFON, G.-L; LAMBERT, J. H; KANT, I. Espaço e pensamento: textos escolhidos. Organização de Márcio Suzuki (Org.). Tradução de Márcio Suzuki e Outros. São Paulo: Editora Clandestina, 2019. 286.

LIMA VAZ, H. C. Experiência mística e filosofia na tradição ocidental. São Paulo: Edições Loyola, 2009.
http://socserv.socsci.mcmaster.ca/~econ/ugcm/3ll3/locke/index.html.

LOCKE, John. Ensaio sobre o entendimento humano. Trad. Pedro Paulo Pimenta. São Paulo: Martins Fontes, 2012. (pp. 757-777)

______. An essay concerning human understanding. Edited with an Introduction, Critical Apparatusand Glossary by PeterH.Nidditch. Oxford, Clarendon Press, 1975.

 ______. La ley de la naturaleza. Traducción Carlos Mellizo. Madrid: Editorial Tecnos, 2007.

______. Draft A do ensaio sobre o entendimento humano. Trad. Pedro Paulo Pimenta. São Paulo: Editora Unesp, 2013.

______. The philosophical works and selected correspondence of John Locke. Edição eletrônica da série Past Masters. Acessado em 4 de dezembro de 2019. https://searchworks.stanford.edu/view/9390257

PHILONENKO, Alexis. L'Oeuvre de Kant: la philosophie critique. Tome I. J. Vrin, 1996. (col. Bibliothèque d'histoire de la philosophie)

RATEAU, Paul. Leibniz on the Problem of Evil. Oxford University Press, 2019.

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