domingo, 1 de janeiro de 2023

MEDITAÇÃO MATINAL CXLVI: VISÃO DE MUNDO - "WELTANSCHAUUNG" (II)

(IMAGEM: "Pinterest")

Infelizmente! Não é psiquiatra, não é psicólogo nem mesmo filosofa um pouquinho. Fala bastante! Mas entregam-lhe cegamente a vida. Não tenho dúvidas: isso é temeroso!

Esperar o quê, de um mundo paupérrimo que valoriza a gloríola e os que sonham com aplausos de incautos? Que louva aparência e pouco se importa com o Ser. Pior, esforçam-se em negar qualquer essência!

Isso sempre me remete ao Encheiridion, e as outras referencias de sempre, por aqui. Estudando. 

E, fugindo dos aplausos, da gloríola, aproximando-me no que é possível as leituras diárias às ideias mais presentes e dominantes da “Weltanschauung” que adotei ainda muito jovem e prosseguindo durante os dias, todos os dias, a meta a que tenho me dedicado a empreender, esforçando-me numa disciplina interior (esforço constante) a alcançar o objetivo para quem se dedique a superar seus próprios conflitos.

Nesse sentido, portanto, recuperado, em meio aos afazeres que se seguirão, pensando na reflexão matinal de hoje, reli, mais uma vez, uma referência de Epicteto a um certo “exercício”, típico da escola dos pitagóricos, em conformidade com o que Pierre Hadot chamou  de “exercícios espirituais”, que também já registrei aqui, a partir da releitura de um artigo e de uma apresentação do prof. Aldo Dinucci, num "Colóquio sobre Epicteto", em que discute essa expressão, que deve entendida como “O primeiro e mais necessário tópico da filosofia: a "[...] aplicação dos princípios [...]" (Encheirídion. LII:1-2).

Sempre retornando por caminhos antes percorridos, e por ser tarefa ainda a realizar, prossigo com mais uma reflexão. Partindo do Encherídion, temos que:

[52.1] Ὁ πρῶτος καὶ ἀναγκαιότατος τόπος ἐστὶν ἐν φιλοσοφίᾳ ὁ τῆς χρήσεως τῶν δογμάτων, οἷον τὸ μὴ ψεύδεσθαι· ὁ δεύτερος ὁ τῶν ἀποδείξεων, οἷον πόθεν ὅτι οὐ δεῖ ψεύδεσθαι· τρίτος ὁ αὐτῶν τούτων βεβαιωτικὸς καὶ διαρθρωτικός, οἷον πόθεν ὅτι τοῦτο ἀπόδειξις; τί γάρ ἐστιν ἀπόδειξις, τί ἀκολουθία, τί μάχη, τί ἀληθές, τί ψεῦδος; [52.2] οὐκοῦν ὁ μὲν τρίτος τόπος ἀναγκαῖος διὰ τὸν δεύτερον, ὁ δὲ δεύτερος διὰ τὸν πρῶτον· ὁ δὲ ἀναγκαιότατος καὶ ὅπου ἀναπαύεσθαι δεῖ, ὁ πρῶτος. ἡμεῖς δὲ ἔμπαλιν ποιοῦμεν· ἐν γὰρ τῷ τρίτῳ τόπῳ διατρίβομεν καὶ περὶ ἐκεῖνόν ἐστιν ἡμῖν ἡ πᾶσα σπουδή· τοῦ δὲ πρώτου παντελῶς ἀμελοῦμεν. τοιγαροῦν ψευδόμεθα μέν, πῶς δὲ ἀποδείκνυται ὅτι οὐ δεῖ ψεύδεσθαι, πρόχειρον ἔχομεν.

[52.1] O primeiro e mais necessário tópico da filosofia é o da aplicação dos princípios, por exemplo: “Não sustentar falsidades”. O segundo é o das demonstrações, por exemplo: “Por que é preciso não sustentar falsidades?” O terceiro é o que é próprio para confirmar e articular os anteriores, por exemplo: “Por que isso é uma demonstração? O que é uma demonstração? O que é uma consequência? O que é uma contradição? O que é o verdadeiro? O que é o falso?” [52.2] Portanto, o terceiro tópico é necessário em razão do segundo; e o segundo, em razão do primeiro – mas o primeiro é o mais necessário e onde é preciso se demorar. Porém, fazemos o contrário: pois no terceiro despendemos nosso tempo, e todo o nosso esforço é em relação a ele, mas do primeiro descuidamos por completo. Eis aí porque, por um lado, sustentamos falsidades e, por outro, temos à mão como se demonstra que não é apropriado sustentar falsidades.”

(Os Grifos e os Destaques são meus)

Esta foi, portanto, a reflexão matinal antes da retomada e intensificação do estudos cotidianos.

______.

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