A partir da releitura de
um texto que li em 1999 e copiei para essa página conforme descrição da Fonte
abaixo na Nota de rodapé[1] .
E, andei meditando,
novamente:
Se o que denominam a
"mente", que prefiro chamar aqui de Espírito,
frequentemente, está ou em sintonia com o futuro, ou o passado, preocupada, com
o acontecido ou que acontecerá, bem fácil defender-se, como se defende, que o
presente, não é sentido. É fugidio!
Lembro-me de reflexões de
alguns grandes filósofos, entre eles S. Agostinho de Hipona, em que,
refletindo à sua época, sobre o tempo, alertava para essa questão quando
constatavam que o passado, não é mais; o futuro não é ainda e de que o instante presente
é o que flui. Vivemos perdidos em “coisas a fazer” ou
que “deveríamos ter feito”. Nosso grande equívoco!
Dificilmente não se
encontrou alguém falando de uma tal “correria” na sua vida. É a
tônica da vida contemporânea atabalhoada. Um mundo agitado, barulhento
focado no futuro, preso no passado, paradoxalmente cheia de vazios.
Se se propõe asserenar,
então, buscar a paz interior; a reação instantânea é de que é
impossível num mundo como esse.
Tenho refletido e já
postei isso aqui mesmo nessa página, hoje só reiterando, para fugir dessa concepção
de que é impossível buscar a serenidade [εὐροίας],
a moderação (sōphrosúnē - σωφροσύνη) e
o controle das paixões. E, procurar o silêncio tem
sido um “exercício” para elevar o Espírito, e dar continuidade à
Vida.
E, portanto, mais uma vez, foi essa a “reflexão matinal”:
"A semente da plena
consciência se encontra em cada um de nós, mas nos esquecemos de regá-la.
Acreditamos que só seremos felizes no futuro, quando conseguirmos uma casa, um
carro ou um doutorado. Mantemos uma luta em nossa mente e em nosso corpo e não
sentimos a paz e a alegria que temos ao nosso alcance neste preciso instante: o
céu azul, as folhas verdes e os olhos de nosso ser querido."
"[...] Manter a
calma interior mesmo nas situações mais caóticas e viver uma vida satisfatória
[...] não requer longas horas de meditação."
Bastam instantes de
"atenção plena"!
______.
ARRIANO FLÁVIO. O
Encheirídion. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo
Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São
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______. Silêncio: o
poder da quietude em um mundo barulhento. Rio de Janeiro, RJ: Harper Collins,
2018.
[1] "São Paulo, Domingo, 19 de setembro
de 1999 – Caderno +mais".
Link:
https://marcosfilosofiamoderna.blogspot.com/2018/02/escutar-o-silencio-segundo-peter-burke.html
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