“Viver
de acordo com a natureza corresponde a viver de acordo com o melhor de nossa
natureza humana, que é o divino dentro de nós que nos inspira a viver vidas
excelentes (virtuosas)”. (RUFUS)
Nessa
manhã como tem sido e sempre será assim, por um bom tempo, estudando Immanuel
Kant e sobre Pseudociência, faço as breves pausas
para escrever e anotar algumas reflexões para retomada e prosseguimento de
temas relacionados à Virtude, Estoicismo e a obra de Kardec (sob um ponto de
vista puramente filosófico) e, tendo lido recentemente “As Diatribes de
Epicteto - Livro I”, recém traduzida pelo prof. Aldo Dinucci que antes
só tinha lido a versão bilingue em grego e francês.
A
isso, aproveito sempre as pausas, relendo alguns trechos da obra de John
Sellars sobre o Estoicismo como este deve ser e que, como ele
mesmo diz, põe “[...]em xeque tal visão ou, quando menos, pôr-lhe
ressalvas. O estoicismo não o fará feliz — ao menos não no
sentido que a palavra “felicidade” costuma ter quando usada na cultura da
autoajuda moderna. está bibliografia.
Quando
li pela primeira vez a obra de Sellars, vi que a partir de Epictetus,
por exemplo, descreve a filosofia da seguinte maneira:
A
filosofia não promete obter qualquer coisa exterior para o homem, pois se o
fizesse ela estaria admitindo algo que se encontra fora de seu material
apropriado (hules). Pois assim como a madeira é o material (hule)
do carpinteiro, e o bronze o do estatuário, também a própria vida de cada
indivíduo (ho bios autou hekastou) é o material da arte de viver (tes
peri bion technes). (EPICTETUS, Discursos 1.15.2, apud SELLARS,
2003, p. 56)
Então,
essas leituras e releituras, cotejando, e em meio a tanta confusão, momentos de
profunda tristeza, donde sempre nos recuperamos e nos colocamos a pensar no hábito
a que tantos se deixam seduzir (eu mesmo me deixei levar noutro tempo):
do pessimismo, por um lado e do extremo esforço em "mudar
o mundo" por outro lado.
Ora,
sendo totalmente outra a empreitada a qual me dedico há algum tempo, é
fundamental esquecer pessimismos e o desejo de mudar o
que nos é externo, que está fora do nosso alcance. Como tenho postado aqui, e
prático: "medito andando" e decidi, há alguns anos,
aprofundar sistematicamente uma intensa busca por "eustatheia" (tranquilidade)
e "euthymia" (crença em si).
É
projeto em andamento, portanto, “há séculos” que às vezes por descuido, tem
sido interrompido. Mas, retomando sigo o conselho sugerido pelos estoicos; mais
especificamente Sêneca, Epictetus e Marco Aurélio;
entre os que vou acrescentando à medida que sigo nos estudos sobre o tema!
Acrescentados, na verdade a uma filosofia de vida (Weltanscauung)
já adotada adolescência e desenvolvida dia a dia.
E,
como sempre, enquanto faço mais uma dessas necessárias pausas no texto
principal, vou terminando a releitura de alguns capítulos desse excelente livro
de John Sellaers: “The art of living: the stoics on the
nature and function of philosophy”.
No
que acrescento aqui, hoje, como “reflexão matinal”, à
maneira dos estoicos, tomo como ponto de partida, um trecho de outro texto
de John Sellars (SELLARS, 2016). A este, acrescento
um comentário feito há algum tempo e uma série de sugestões de leituras das que
tenho feito e indicado aqui[1].
"Muitos
dos que estão interessados ou se têm envolvido no renascimento do estoicismo
dirão que ele pode ajudar-nos a ter uma vida melhor e mais feliz. À primeira
vista, é possível que isso nos leve a considerar a ressurgência do interesse
pelo estoicismo como parte da “indústria da felicidade”. Aos insatisfeitos,
desiludidos e deprimidos que procuraram em vão algo para alegrá-los, talvez o
estoicismo seja a próxima coisa a ser tentada para ajudá-los a superar a
tristeza e a recuperar a joie de vivre. Se falarmos do estoicismo
como forma de terapia ou como dotado de elementos terapêuticos, decerto tal
impressão pode ser transmitida: o estoicismo oferece uma terapia, mas uma
terapia para tratar o quê? Parece natural supor que a resposta seja: “uma
terapia para tratar a infelicidade”. Com efeito, os estoicos antigos visavam
à eudaimonía, o que normalmente se traduz por “felicidade”.
O
que desejo é pôr em xeque tal visão ou, quando menos, pôr-lhe ressalvas. O
estoicismo não o fará feliz — ao menos não no sentido que a palavra
“felicidade” costuma ter quando usada na cultura da autoajuda moderna. Não se
trata de pensar de uma dada maneira a fim de garantir dentro de si um
sentimento cálido, vago.”
A
isso acrescento, um outro texto que reli, mais uma vez ontem à noite e está disponível em:
Acrescento
também o novo para leitura em breve, pela temática que apresenta:
VEILLARD, Christelle. Le souffle de la raison: le défi des stoïciens. Plon, 2023.
Hoje acrescento essa obra, apresentando uma discussão bem interessante, comum a todos mas aqui, na perspectiva estoica segundo Christelle Velllard, como segue abaixo sobre a obra:
“Somos
a nossa própria solução. Aqui está a lição aparentemente simples, mas
complexa de implementar, que os filósofos estóicos nos oferecem.
Entre
pandemia e escassez, guerras e crises de todo tipo, nunca deixamos de buscar um
objetivo em nossas vidas, e de tentar encontrar as condições e os meios para
alcançá-lo. O estoicismo, uma tradição filosófica que nasceu no século III
aC e sobreviveu aos séculos, fala ao nosso tempo.
Os
pensadores que a personificam, de Zénon a Marc Aurèle, defendem uma filosofia
de existência eficaz mas muito exigente, incitando-nos à ação. A pena
atenta e bem-humorada de Christelle Veillard revela-nos um modelo de grandeza
inigualável, longe dos clichês da passividade e do egoísmo, tantas vezes
atribuídos aos estóicos. O estoicismo pode nos despertar, nos
conscientizar das coisas e adotar diferentes atitudes.
Como
viver verdadeiramente, sem "fazer mal" ou "não fazer
nada"? Como evitar as armadilhas do arrependimento, preguiça ou
distração? Como apreender o tempo e a morte? Como fazer de si mesmo
uma "cidadela inexpugnável" permanecendo aberto aos outros? Como
reorientar a si mesmo, ao mesmo tempo em que se envolve no palco do
mundo? Como cuidar da alma, vivendo entre os outros, na cidade, mas também
na natureza? O que significa bem e virtude?
Tantas
questões existenciais para as quais os filósofos estóicos deram
respostas. O autor no-las revela e decifra, permitindo-nos ver com um
pouco mais de clareza a verdade do mundo."
Sobre
o autor:
Christelle
Veillard, agrégée em filosofia, é professora de filosofia antiga na
Universidade de Paris Ouest Nanterre La Défense (Paris X) desde 2009. Ela
publicou várias obras de referência sobre filósofos estóicos, bem como vários
artigos sobre as virtudes e política.
______.
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