segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

REFLEXÃO MATINAL CLXIV. SOBRE AUTOCONHECIMENTO E AUTOFORMAÇÃO: A NATUREZA DA EXPERIÊNCIA INTERIOR (II)

(IMAGEM: "Pinterest")

Mais um dia se inicia...Menos um?

Cada vez que isso acontece fico mais convencido de que mudar o mundo é sempre o projeto mais fácil e de que o mais importante não é isso. Pelo contrário: conhecimento de si, paz interior e elevação moral é sim o essencial! De nada serve projetar-se no mundo, perder-se em meio a busca de acessórios, vãos, e desprezar o essencial. Praticar abnegação, enfrentar minhas batalhas interiores definem mesmo o meu projeto de vida e não há corrupção externa que me incomode a ponto de desviar-me do foco (Marquinhos, outono de 2016)

Percebe-se, infelizmente, que “[...] perdeu-se o significado profundo de autenticidade. Assim, muita gente acha quase impossível, em nosso tempo, compreender que Sócrates, no preceito ‘conhece-te a ti mesmo’, insistia no mais difícil de todos os desafios. E julga também quase impossível compreender a que Kierkegaard se referia ao proclamar: ‘Aventurar-se, no sentido mais elevado, é precisamente tomar consciência de si mesmo...’ ” (MAY, 1990. p. 47)

Pensando ainda,

"Não é verdade que o homem, propriamente e originalmente, aspira a ser feliz? Não foi o próprio Kant quem reconheceu tal fato, apenas acrescentando que o homem deve desejar ser digno da felicidade? Diria eu que o homem realmente quer, em derradeira instância, não é a felicidade em si mesma, mas, antes, um motivo para ser feliz (Frankl).

...

Na verdade, o homem [...] só é completamente ele mesmo quando fica absorvido pela dedicação a uma tarefa, quando se esquece de si mesmo no serviço a uma causa, ou no amor a uma outra pessoa. É como o olho, que só pode cumprir sua função de ver o mundo enquanto não vê a si próprio (Frankl)

Agostinho, nesse sentido propõe um "balancete"...

"O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhoso julga que em si só há dignidade. Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não a podereis ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na aplicação de Sua justiça. Procurai também saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto esses nenhum interesse têm em mascarar a verdade, e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas. Faça o balanço de seu dia moral, como o comerciante faz o de suas perdas e seus lucros; e eu vos asseguro que a primeira operação será mais proveitosa do que a segunda. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida". (Santo Agostinho).

Porquanto,

Comecei a manhã, com os “exercícios” de sempre, pensando e refletindo sobre a ideia de “Bem supremo”.

Entendo o Bem supremo como a “Lei natural”:

A isso cheguei, após ter relido, mais uma vez estudando algumas questões no LE, entre elas, principalmente as 614-621, 919 e a 964, e outros autores e obras de certa forma trataram semelhante ou diversament as questões conforme: https://marcosfilosofiamoderna.blogspot.com/2023/03/reflexao-vespertina-clii-forca-da-razao.html (desenvolvendo).

Ademais:

É necessário que o Espírito se adapte à Lei; que siga a Lei, que obedeça a Lei. E, o que quer que aconteça, é necessário que se pense que era mesmo para acontecer; e que jamais se revolte, “e que se siga a Divindade, da qual todas as coisas provêm.”

“[...] segui o exemplo de Cícero:

'Conduz-me, ó Pai Excelso e Senhor do Mundo, Para onde quer que queiras, nenhum obstáculo me impedirá de seguir-te. Diligente, estarei junto a ti. E caso eu não queira fazer o que é possível ao intrépido, ainda assim seguir-te-ei gemendo e infeliz. O Destino conduz quem lhe obedece e arrasta a quem lhe opõe resistência.'

Que vivamos assim, que falemos assim; que o destino nos encontre prontos e diligentes. Eis o espírito elevado que confiou a si mesmo ao destino. E, em oposição a ele, o fraco e degenerado, que luta contra e julga mal a ordem do mundo, e prefere corrigir os Deuses do que a si mesmo.”

Sapere Aude!

(Carta CVII, de Sêneca a Lucílio. Tradução do original em latim: Professor Aldo Dinucci. In: PROMETEUS - VIVAVOX – Filosofia em revista. Ano 4 - no.3 fevereiro/2008).

______.

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